Em outro momento, falei acerca do Espírito dos Tempos, um intelecto que, agindo sobre o homem, faz com que ele se curve diante da força de ideias que, travestidas de beleza, não são mais do que a pura e velha lama dos desvios do rio da vida. E como lama, ela reside no fundo ou, quando o rio seca, ela se torna o estágio final do fim da vida desse rio. A lama, sempre vinda do fundo, precipita o fim.
Saindo da abstração da coisa e indo para casos diretos, temos essa onda agnóstica corrompendo a alma de milhares de pessoas, no Brasil e no mundo afora. O agnosticismo é a ideia de que o conhecimento humano sobre a existência de Deus ou das realidades metafísicas é, em última instância, impossível. A palavra 'agnosticismo' vem do grego agnostos, que significa 'desconhecido' ou 'inconhecível', e foi popularizada por Thomas Huxley no século XIX. Na visão tomista, o agnosticismo nega a capacidade da razão humana de alcançar o conhecimento pleno de Deus, reconhecendo que existem limites no entendimento humano, mas sem rejeitar de maneira absoluta a possibilidade de um saber superior.
Sempre presente no seio da Igreja por milênios, essa corrente corrompe-se ao se fazer valer de indivíduos cuja única fonte de alimento é o espírito dos tempos. O espírito dos tempos, esse intelecto coletivo que molda as ideias dominantes de uma época, age de forma insidiosa, travestido de beleza e racionalidade, conduzindo os homens a um conformismo em relação a ideologias que, ao contrário de oferecerem liberdade, aprisionam as mentes. Esse espírito tem se manifestado de formas cada vez mais visíveis, na aceitação cega de relativismos e no enfraquecimento das certezas existenciais e espirituais.
E hoje, como se reconhece esse espírito dos tempos? Ele se apresenta nas mais variadas formas, muitas vezes disfarçado de progresso, ciência e até mesmo moralidade, mas suas consequências sempre revelam o seu caráter corrosivo. Para identificá-lo, é preciso observar os sinais que ele deixa: a erosão das certezas que sustentam a tradição e a fé, o enfraquecimento da busca pela verdade absoluta e o crescente apelo ao ceticismo e à dúvida como valores centrais.
Sua forma mais corriqueira é a ânsia desenfreada por glória, que no fim não passa de pura vanglória, um reconhecimento rápido por atos fulgazes, sem substância real, nem tampouco possuidor de alguma presença que valha a pena ser notada. Mas, como tudo tem seus 15 minutos de fama, crianças, jovens e adultos se lançam a serem guias de orientação divina — pastores, pseudo-profetas, professores, charlatães — brotam como ervas daninhas na tentativa de não deixar nada nascer. Esse é o espírito do Tempo. Como agem? Veja só. Um espírito é uma entidade única, sem forma, sem peso, unicamente imaterial, não há nele nenhum traço de matéria perceptível. E é com isso que ele se faz perigoso, quando maligno.
Ele infesta sua consciência, uma guerra será travada se você tiver uma. Caso não tenha, o domínio é rápido. Já captado, você passa a servir a esse espírito através de ideias às quais sucumbiu — passa a gostar de algo, mudar por esse algo, enfim... está somente servindo a um novo mestre: o espírito do tempo. O que também não falei é que o remédio se dá através de outro espírito, o Santo. Este também tem seus frutos, assim como o primeiro, porém a diferença é que são santos. E para quem já perdeu a ideia de santificação, escute: ela é o santo dos santos na cruz, sem glória, sem amigos, sem futuro, sem reinado, sem vida. Demais, o resto da história todo mundo já conhece.
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