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sábado, 16 de agosto de 2025
Notas de Sábado.
terça-feira, 12 de agosto de 2025
Notas de Terça Feira.
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Notas de Segunda.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Notas de Segunda - Antônio Freixo
Os Robocops da Toga: Como o STF Virou Polícia Política de Luxo - Antônio Freixo.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
A Mentira Comunista e a Verdade dos Fatos - Antônio Freixo.
ÍNDICE
Capítulo I – A Mentira
Fundadora: Entre o Paraíso Perdido e a Utopia Assassina
- O Grito de Marx: Filosofia como Guerra
A origem do comunismo como heresia política da modernidade. - Dialética ou Feitiçaria? O Método que Gera
Caos
Como a dialética marxista virou um truque retórico para legitimar violência. - Utopia Encarnada: O Evangelho Segundo Lênin
A substituição do Salvador por um Partido. - O Inimigo É a Realidade
A construção do "mundo novo" exige negar o mundo real, com suas leis, hierarquias e tragédias.
Capítulo II – A
Máquina de Tomar o Poder: Técnica, Partido e Vingança
- A Revolução Não é um Evento, É um Método
Tomar o Estado, ocupar consciências, destruir a moral. - O Partido Como Novo Deus
Da consciência de classe à nova infalibilidade secular. - Guerra Psicológica: O Comunismo Não Debate,
Corrói
Controle da linguagem, reengenharia mental, relativismo totalitário. - A Política Como Extermínio Moral
Eliminar o adversário não por argumento, mas por desumanização.
Capítulo III – O Século
de Sangue: Aplicações Reais da Ideia
- O Laboratório Soviético: Cadáveres Como
Engrenagem
Lênin, Stalin, os gulags e o genocídio como política pública. - China: A Revolução Come os Filhos e os Pais
Mao, a Revolução Cultural, e o culto à ignorância revolucionária. - Cuba: A Ilha do Terror com Sabor de Propaganda
Como um presídio virou símbolo de liberdade para idiotas úteis. - O Terceiro Mundo Vermelho: Angola, Camboja,
Coreia do Norte
Cada aplicação local tem sua originalidade, mas o horror é o mesmo.
Capítulo IV – O Novo
Comunismo: Pós-moderno, Global e Idenitário
- O Comunismo de Gucci: Camaradas de iPhone e
Gênero Neutro
Como a esquerda trocou o macacão pelo TikTok, mas manteve o plano. - Revolução Cultural 2.0: Escola, Mídia, Diversidade
e Censura
A nova doutrinação não usa tanques, mas emojis e hashtags. - Capitalismo de Estado: O Regime Chinês e seus
Amiguinhos Globais
Como empresas e comunistas estão cada vez mais na mesma cama. - Brasil Vermelho: Das CEBs ao Foro de São Paulo
O caso brasileiro como exemplo da lenta e sistemática corrosão da pátria.
Capítulo V – O
Antídoto: Verdade, Memória e Combate
- A Lição dos Mortos: Por Que Lembrar é Resistir
Sem memória, repete-se o crime. Negar os mortos é repetir Stalin com sorriso. - Contra o Espírito Revolucionário: Reagir com
Alma e Razão
O combate ao comunismo começa pela restauração da consciência. - O Último Mito: “Nunca Foi Implementado de
Verdade”
A falácia mais nojenta do século. Foi sim, e matou. - A Reconquista: A Tradição Como Arma Contra a
Mentira
Religião, filosofia, família, pátria – os pilares que o comunismo tenta destruir.
Capítulo I – A Mentira
Fundadora: Entre o Paraíso Perdido e a Utopia Assassina
Artigo 1 – O Grito de Marx: Filosofia como Guerra
Karl Marx não fundou
uma filosofia. Fundou um grito. E gritos não são ideias – são sintomas. O que
você lê nas primeiras páginas do Manifesto Comunista não é uma
construção racional com premissas e conclusões: é um diagnóstico histérico com
vocação de sentença. Ele não quer compreender o mundo: ele quer queimar o
mundo. A tal “filosofia” de Marx é menos um sistema e mais um ressentimento
armado de retórica. Não à toa, até hoje, ninguém se cura com marxismo – só
adoece com estilo.
A origem do comunismo
não está em um pensamento que visa a verdade, mas em um recalque da alma diante
da realidade. Marx não nega a ordem porque descobriu uma verdade superior. Ele
a nega porque não suporta que ela exista. É o grito do revoltado contra a ordem
do mundo, contra a desigualdade natural, contra a beleza hierárquica das
coisas. E esse grito virou método, virou partido, virou revolução. O que começa
com um barulho na alma termina com o silêncio nos cemitérios.
A lógica do pensamento
comunista é a da inversão. O pobre é puro, o rico é sujo. O operário é sábio, o
burguês é tolo. O passado é opressor, o futuro é redentor. E o mundo real, com
suas complexidades, nuances e contradições, deve ser esmagado sob as botas da
“necessidade histórica”. A tal “ciência” do marxismo é um truque: ela parte da
conclusão (a luta de classes como motor) e força a história a caber dentro da
tese. O comunismo não interpreta o mundo – ele o falsifica metodicamente.
No fundo, Marx encarna
a herança gnóstica: o mundo é mal, criado por uma ordem falsa, e só será salvo
pela revolta dos iluminados. Só que o gnóstico do século XIX trocou os anjos
por proletários e os arcanos por dialética. A metafísica virou panfleto. A
religião virou panfletagem. E no lugar da Graça, veio a Revolução. O comunismo,
assim, é menos uma proposta política do que uma paródia do Cristianismo – com
inferno na Terra e sem possibilidade de salvação.
Aos olhos de Marx, o
pecado não está no homem, mas nas estruturas. Logo, não é preciso converter
almas, mas destruir instituições. O paraíso será instaurado não pela conversão
interior, mas pela destruição exterior. É por isso que o comunismo não cria:
destrói. Não edifica: sabota. Não redime: vinga. Sua força vem do ódio, e sua
esperança vem da inveja. E quando toma o poder, não promove justiça, mas sim
iguala tudo no sofrimento. Em nome da igualdade, apaga-se a dignidade.
Ao longo do século XX,
esse grito virou metralhadora. Da Rússia à China, de Cuba ao Vietnã, do Camboja
à Venezuela, o que se viu não foi a utopia dos operários, mas a ditadura dos
canalhas. E no entanto, nas universidades ocidentais, o grito de Marx segue
vivo – reeditado, reembalado, envernizado. Agora ele vem com pronome neutro,
com pauta identitária, com ar de justiça social. Mas o espírito é o mesmo: é a
alma revoltada que odeia a realidade e quer impor sua fantasia pela força.
Hoje, quando você vê
um jovem bradando contra o “sistema”, exaltando Che Guevara com a camiseta da
Nike, o que você ouve é o eco daquele mesmo grito. Um grito velho, cansado, mas
ainda perigoso. Porque onde ele é levado a sério, corpos caem. Onde ele é
ignorado, mentes apodrecem. E onde ele é idolatrado, a liberdade morre. O grito
de Marx é a negação do logos. É a rejeição da ordem. É o barulho que se faz
quando se prefere a destruição à verdade.
Se você não entendeu
isso, não entendeu nada. O comunismo não é uma teoria econômica mal formulada.
É uma guerra espiritual travestida de ciência social. E seu campo de batalha
somos nós. Nossa história, nossa consciência, nossa alma.
Artigo 2 – Dialética
ou Feitiçaria? O Método que Gera Caos
Se o diabo tivesse que
inventar um método filosófico para confundir os homens, não inventaria coisa
melhor que a dialética marxista. Com um jogo de palavras que muda de
significado conforme a conveniência, ela transforma contradição em motor da
história, mentira em ferramenta e caos em estratégia. Não é um método para
conhecer a realidade – é um truque para dominá-la. Quem entra na lógica da
dialética marxista já não pensa para entender, pensa para destruir.
A tal “superação” das
contradições, que Marx pegou emprestada de Hegel, vira uma licença para afirmar
uma coisa e seu oposto, desde que o objetivo final seja mantido: a revolução.
Se em um momento o comunista defende a liberdade de imprensa, é porque está na
oposição. Quando assume o poder, censura tudo, e diz que é para proteger a
revolução. Se ontem dizia que a luta era econômica, hoje diz que é racial, de
gênero ou ambiental – e o método se adapta como um vírus. A dialética não serve
à verdade, serve ao poder.
Essa fluidez
proposital cria uma vantagem estratégica: o comunista nunca está errado. Se a
revolução falha, foi sabotada. Se ela triunfa e vira ditadura, é culpa do
imperialismo. Se os pobres continuam pobres, é porque ainda não chegamos ao
estágio final. É sempre culpa do outro, e o método permite essa fuga constante
da responsabilidade. É uma lógica de má-fé embutida no próprio alicerce do
pensamento. O sujeito se blinda contra qualquer autocrítica com um escudo feito
de fumaça.
Mais que método, é feitiçaria.
A realidade concreta vira acessório da tese, e não o contrário. Isso lembra os
antigos magos que acreditavam que, mudando o nome das coisas, mudavam sua
essência. Marx fez o mesmo: rebatizou a inveja de “justiça social”, o roubo de
“redistribuição”, a violência de “luta de classes”. A dialética é a alquimia do
ressentimento. Mistura tudo no mesmo caldeirão – história, economia, moral,
mito – e sai com um veneno ideológico altamente adaptável.
Na prática, isso gera
o caos mental. O estudante que mergulha na dialética marxista perde os
referenciais. Já não sabe distinguir causa de consequência, indivíduo de
estrutura, fato de narrativa. Aprende a relativizar tudo – exceto a revolução.
Ele não busca compreender, busca desconstruir. E por isso, toda análise feita
sob esse método é, no fundo, um instrumento de subversão. O mundo não é mais
uma realidade a ser compreendida, mas uma opressão a ser desmantelada.
E o pior: o sucesso da
dialética marxista não se deve à sua profundidade, mas à sua utilidade como
arma. Governos, partidos, ONGs, universidades e movimentos a usam como
cobertura teórica para justificar o injustificável. Ela dá um ar de
legitimidade acadêmica ao instinto revolucionário. Permite que o professor
destrua a cabeça dos alunos sem parecer um militante. Permite que o político
roube em nome do povo. Permite que o criminoso vire vítima da sociedade. É o
alibi universal.
No fim das contas, a
dialética marxista não é uma forma de pensamento, mas uma forma de dominação.
Quem pensa por ela se torna incapaz de olhar o mundo sem filtros ideológicos. E
quem se opõe a ela vira inimigo mortal. A dialética é o chicote mental que os
donos da revolução usam para manter suas massas em marcha. E se você acha que
ela é apenas uma “corrente filosófica”, já caiu no feitiço.
Artigo 3 – Utopia
Encarnada: O Evangelho Segundo Lênin
Lênin não era um
intelectual. Era um fanático com método. Ele não queria compreender o mundo –
queria tomá-lo. Se Marx é o pai do dogma, Lênin é o apóstolo da ação. Foi ele
quem pegou a utopia abstrata e a cravou na carne da história, com ferro, bala e
propaganda. Transformou o comunismo de teoria revolucionária em plano de poder.
E ao fazer isso, criou o Evangelho da Salvação pelo Partido, com mártires,
rituais, catecismo e um inferno permanente para os hereges.
O Partido, segundo
Lênin, não é apenas um instrumento: é o portador da verdade histórica. Seus
membros são a vanguarda da humanidade. Eles não representam apenas uma classe,
mas o destino. Quem se opõe ao Partido, portanto, não erra – blasfema. Daí o
fanatismo. O comunismo se tornou uma religião secular: tem profeta (Marx),
messias (Lênin), escritura (O Capital), liturgia (congresso partidário), santos
(Che, Fidel, Mao), e inferno para todos os “reacionários”, “burgueses” e “fascistas”.
Lênin fundou uma
ortodoxia política baseada no ódio ao mundo existente. Para instaurar o paraíso
futuro, tudo pode ser feito no presente: mentir, matar, torturar, trair,
censurar. Ele mesmo escreveu que “a moral comunista é aquela que serve à revolução”.
Não há mandamento, não há ética, não há limite. O único critério é a utilidade
revolucionária. Isso significa que o comunista não mente porque é corrupto,
mente porque é coerente. A mentira serve à causa. O pecado virou virtude se for
pela revolução.
Foi assim que o
bolchevismo instaurou o primeiro regime totalitário moderno. Antes mesmo de
Hitler, Lênin já havia criado campos de concentração, eliminado adversários
políticos, destruído a imprensa, militarizado a educação, controlado a cultura
e instaurado um Estado de terror sob pretexto de emancipação. E tudo isso com
apoio de intelectuais, jornalistas e artistas do Ocidente, encantados pela
“esperança vermelha”. O século XX começou com um culto genocida em nome do
povo.
O mais impressionante
é que tudo isso foi feito sem nunca cumprir uma única promessa. A terra
prometida aos camponeses foi estatizada. As fábricas prometidas aos operários
foram controladas por burocratas. A liberdade prometida virou vigilância. A
igualdade virou miséria geral. Mas o mito permaneceu. Lênin não precisava
entregar resultados – bastava manter viva a promessa. E para isso, bastava
manter viva a guerra: contra os kulaks, contra os capitalistas, contra o
passado, contra os próprios camaradas.
O evangelho leninista
exige fé. Fé no Partido, fé na História, fé no porvir. E essa fé não se
alimenta de razão, mas de ressentimento. O militante não espera um futuro
melhor porque viu sinais disso, mas porque odeia o presente. O ódio é a energia
do crente vermelho. Ele não luta por amor ao futuro – luta por desprezo ao
agora. Por isso, qualquer crítica realista, qualquer dado concreto, qualquer
fato que desminta o dogma é tratado como crime moral. A utopia deve continuar
intacta, mesmo que custe milhões de cadáveres.
Ao fim, Lênin inaugurou
o regime onde a mentira é método, o crime é virtude e a utopia é desculpa para
o inferno. Sua herança não é apenas a União Soviética. É o modelo para todos os
regimes que sacrificam o povo em nome do povo. Onde a revolução triunfa, a
verdade morre. E onde a verdade morre, Lênin sorri em seu mausoléu.
Artigo 4 – O Inimigo É
a Realidade
Não é o capitalismo o
verdadeiro inimigo do comunismo. Nem a burguesia, nem a propriedade privada,
nem os "valores tradicionais". O inimigo é mais profundo, mais
visceral: é a própria realidade. Simplesmente aquilo que está aí, dado,
existente, com suas desigualdades, dores, hierarquias, belezas e tragédias. O
comunismo não quer reformar o mundo. Quer substituí-lo. E para isso, precisa
declarar guerra contra tudo o que é. Contra o que foi. E contra o que pode ser
sem ele.
A realidade é
intolerável para o espírito revolucionário porque ela impõe limites. Ela diz
“isto é”, e esse “é” é insuportável. A beleza da família, por exemplo, mostra
que ela precede o Estado. A existência da diferença entre os homens, de
talentos, de méritos, de vocações, mostra que a igualdade absoluta é uma
ficção. A experiência religiosa mostra que há algo acima do Partido. A tradição
mostra que há um saber acumulado mais sábio do que qualquer decreto ideológico.
Tudo isso grita contra a utopia. Então deve ser calado.
O comunista, em sua
essência, é um deformador do real. Onde há homem, ele vê estrutura. Onde há
culpa pessoal, ele vê opressão sistêmica. Onde há mérito, ele vê privilégio.
Onde há sofrimento natural, ele vê inimigo político. Sua obsessão é
reinterpretar o mundo inteiro de modo a justificar a revolução. E se os fatos
não colaboram, problema dos fatos. A verdade deve se adaptar à tese – não o
contrário. É por isso que, onde o comunismo governa, a realidade vira peça de
museu. Substituída por narrativas, slogans, índices falsos e propaganda.
A mentira não é uma
falha ocasional – é o cimento da estrutura. Um governo comunista só sobrevive
mentindo. Ele mente sobre sua história, mente sobre suas intenções, mente sobre
seus fracassos, mente sobre os outros. Cuba é “paraíso da saúde”, China é
“capitalismo com características chinesas”, o PT é “defensor da democracia”, e
por aí vai. A mentira é tão grande, tão desavergonhada, tão repetida, que se
transforma em ambiente. A população inteira passa a respirar ilusão. A verdade
vira clandestina.
Essa guerra contra o
real assume formas variadas. Na economia, é o tabelamento insano, o
planejamento central, a estatização que destrói a produtividade. Na cultura, é
a censura, a arte militante, o revisionismo histórico. Na linguagem, é a reinvenção
das palavras: “homofobia”, “machismo estrutural”, “necropolítica”, “fascismo” –
tudo redefinido para servir à guerra ideológica. Na educação, é a doutrinação,
o esquecimento programado, a esterilização da inteligência. Tudo o que conecta
o homem à verdade precisa ser arrancado.
No Brasil, essa guerra
foi travada de forma lenta, sorrateira, ao longo de décadas. Em vez de tanques,
usaram pedagogos. Em vez de fuzis, usaram editoras. Em vez de campos de
trabalho, usaram universidades. Mas o objetivo é o mesmo: afastar o povo de
qualquer senso de realidade, para que aceite qualquer mentira em troca de
promessas. Foi assim que milhões passaram a ver criminosos como vítimas,
autoridades como opressores e liberdade como discurso de ódio.
Ao fim, o comunismo não
é só uma ideologia política. É uma intoxicação espiritual. Ele mina a percepção
do mundo, destrói a confiança nos sentidos, embaralha os critérios, substitui a
consciência pela militância. E quando tudo isso está feito, o sujeito não é
mais um cidadão – é um zumbi com crachá. Um repetidor de chavões. Um defensor
do irreal contra o que está diante dos olhos.
Por isso, lutar contra
o comunismo não é apenas um debate político – é uma reconquista da sanidade. É
restaurar o simples ato de ver, de dizer “isso é”, “isso não é”, “isso foi”,
“isso será”. E essa restauração começa com uma frase simples, mas hoje
revolucionária: a realidade existe. Só isso já basta para desmoronar a
torre inteira de papelão revolucionário.
Capítulo II – A
Máquina de Tomar o Poder: Técnica, Partido e Vingança
Artigo 1 – A Revolução Não é um Evento, É um Método
A maior ilusão sobre o
comunismo é acreditar que ele acontece. Como se fosse um ponto no tempo, uma
explosão, uma tomada súbita do poder por meia dúzia de fanáticos barbudos com bandeira
vermelha. Não. O comunismo não é um evento: é um método. Um processo. Uma
corrosão planejada que começa muito antes dos tiros e continua muito depois dos
cadáveres. É uma guerra sem frente definida, onde o inimigo não percebe que
está sendo atacado até já estar ajoelhado.
A revolução, nesse
método, começa pela linguagem. Muda-se o sentido das palavras. “Igualdade” já
não significa justiça proporcional, mas nivelamento compulsório. “Democracia”
vira poder do partido, mesmo com um só candidato. “Direitos” passam a ser
favores do Estado. O idioma inteiro vai sendo sequestrado, de dentro. Ninguém
percebe de imediato. Mas, quando se tenta argumentar com um militante, tudo já
virou gelatina semântica. E sem linguagem, não há pensamento. Sem pensamento, não
há resistência.
Depois da linguagem,
vem a cultura. Não se proíbe a arte – primeiro, suborna-se o artista. Paga-se
via Lei Rouanet, edital, festival. Em troca, ele canta a revolução com as
palavras da moda. Quando a nova moral já estiver nos palcos, nos livros, nos
filmes, o povo começa a repetir sem pensar. E quem não repete, é escorraçado. O
controle da cultura precede o controle das armas. A música doutrina antes da
milícia. É a velha técnica gramsciana: ocupar o imaginário antes de ocupar o
palácio.
Em seguida, vem a
educação. O método revolucionário sabe que é preciso desarmar intelectualmente
as futuras gerações. Enchem-se as escolas com pedagogia do oprimido, marxismo
disfarçado de sociologia, geografia que culpa o capitalismo pelo clima,
história que omite os milhões de mortos do comunismo e exalta ditaduras
“progressistas”. Tudo isso embalado em linguagem de “crítica social”. O sujeito
chega à universidade achando que pensar é odiar. Sai de lá sem saber distinguir
um argumento de um grito de militante.
A política é o último
estágio. Quando a linguagem já está contaminada, a cultura já está domesticada
e a educação já foi doutrinada, o povo vota com a alma já formatada. A
revolução não precisa mais de tanques – ela vem por dentro das urnas. E se alguém
resiste, gritam “fascista!”. O comunismo, então, veste terno, fala em
democracia, defende a Constituição – tudo enquanto corrompe as instituições,
aparelha o Estado, censura disfarçadamente e prepara a próxima fase da tomada.
Tudo isso é método.
Não há improviso. O Foro de São Paulo, por exemplo, não foi uma reunião de
amigos. Foi um escritório de metas, prazos e infiltrações. A revolução atual
não tem mais foice, tem tablet. Não carrega a estrela vermelha, mas a do
globalismo progressista. Não canta “A Internacional”, mas canta pela
“inclusão”, pelo “planeta”, pelas “minorias”. Mudaram os rótulos, não o
conteúdo. O plano continua: tomar o poder total, em todas as esferas da vida.
Por isso, esperar por
um “golpe comunista” é ingenuidade. Ele não virá com tanques na rua. Já veio
com leis absurdas, com decisões judiciais cínicas, com militantes travestidos
de jornalistas, com professores analfabetos ideológicos, com artistas que
chamam censura de amor. Já está em curso, e quem não viu, é porque foi comendo
o cardápio do método achando que era progresso.
A revolução, repito, é
um método. E contra método, não se luta com indignação ocasional. Luta-se com
inteligência, estratégia e memória. É preciso entender o plano, mapear as
etapas, romper as engrenagens. Não basta gritar “abaixo o comunismo”. É preciso
desmontar a máquina. Peça por peça.
Artigo 2 – O Partido
Como Novo Deus
Uma das maiores obras
de engenharia mental da modernidade foi transformar um bando de burocratas
homicidas em representantes legítimos da humanidade. Essa mágica foi feita com
a invenção do Partido comunista. Não como agremiação política qualquer, mas
como entidade metafísica. Ele não é um agrupamento de homens com ideias – é uma
encarnação histórica da Verdade, da Justiça, do Futuro. Em outras palavras: é o
novo Deus. Onisciente, infalível e invisivelmente onipresente.
O Partido é, desde
Lênin, a vanguarda. Mas vanguarda do quê? De uma classe que, segundo Marx,
deveria se autolibertar. Já começa aí a fraude: o operário, que deveria fazer a
revolução, vira massa de manobra de uma casta iluminada de intelectuais
militantes. O proletariado não pensa, não decide, não escolhe. O Partido pensa
por ele. Decide por ele. Fala por ele. E, no final, governa sobre ele com mais
rigor do que qualquer burguês jamais sonhou.
Essa estrutura
hierárquica, disciplinada, quase clerical, não é por acaso. O Partido é
concebido como um corpo único, onde cada membro é uma célula obediente. Não há
espaço para dúvida, reflexão autônoma, nem consciência individual. A famosa
“disciplina partidária” significa, na prática, anulação da pessoa. O militante
que pensa com a própria cabeça é imediatamente acusado de “desvio
pequeno-burguês”. A fidelidade ao Partido é a nova fé. Quem duvida, já pecou.
O resultado disso é
uma máquina desumana que se retroalimenta. O Partido controla o discurso, o
discurso controla as mentes, as mentes controladas sustentam o Partido. É um
ciclo fechado. Um absolutismo disfarçado de libertação. E como toda divindade
moderna, o Partido é ciumento. Não admite concorrência. Por isso persegue a
religião, deslegitima a família, ridiculariza a tradição, substitui o professor
por um doutrinador e o pai por um agente estatal. Tudo que possa formar uma
consciência fora da linha é ameaça direta.
É assim que o Partido
se infiltra no cotidiano. Ele não está só no parlamento ou no sindicato. Está
na escola, na novela, na linguagem, no pronome neutro, na palestra de
diversidade, na cartilha da ONU. Ele não precisa se apresentar como “Partido
Comunista”. Pode vir como ONG, como instituto, como coletivo, como conselho,
como ministério. Mas a essência é a mesma: conduzir as massas à utopia decidida
por meia dúzia de sociopatas iluminados.
E quem sustenta essa
estrutura? O idiota útil. Aquele que repete frases feitas, acredita nas
intenções puras do Partido, milita por causas que não entende e acusa os outros
de fascismo. Ele não sabe que é escravo. E se sabe, acha bonito. Porque o
Partido oferece a ele um sentido, uma tribo, um heroísmo de boutique. A
militância vira identidade, e a identidade vira prisão. O sujeito já não
consegue sair, sob pena de ser cancelado, excomungado, eliminado.
O Partido, ao se
colocar como absoluto, torna impossível qualquer vida fora dele. O comunismo,
uma vez institucionalizado, destrói o espaço público, liquida a oposição,
transforma o adversário em inimigo e o cidadão em súdito. O que começa como uma
“luta pelos oprimidos” termina como um reinado de burocratas psicopatas com
apoio de artistas lacradores e jornalistas de aluguel. O inferno, mas com selo
de aprovação da UNESCO.
No fim, o Partido
comunista é a caricatura do que ele diz combater. É uma aristocracia sem
nobreza, um clero sem santidade, um exército sem honra. E como todo falso deus,
exige sacrifícios. Milhões deles.
Artigo 3 – Guerra
Psicológica: O Comunismo Não Debate, Corrói
Se você acha que o
comunismo quer ganhar o debate, está enganado. Ele quer acabar com a
possibilidade de debate. Não porque não tenha argumentos, mas porque o debate
exige um terreno comum de realidade, e como vimos, a realidade é o inimigo. A
estratégia comunista é, desde o início, psicológica: entrar na mente do
sujeito, confundir os critérios, desmontar os referenciais, desmoralizar o
pensamento. O objetivo não é convencer – é desorientar.
O comunismo opera como
uma infecção. Ele não precisa conquistar corações e mentes com a força da
razão, mas com a persistência da dúvida. O comunista pergunta: “mas quem define
o que é verdade?”, “quem disse que isso é justo?”, “e se tudo for uma construção
social?”. Parece reflexão profunda – é sabotagem epistemológica. Quando tudo é
relativo, tudo é manipulável. O comunismo começa a ganhar não quando prova
estar certo, mas quando faz com que ninguém mais saiba o que é certo.
Por isso a guerra é de
linguagem. Palavras simples como “homem”, “mulher”, “liberdade”, “família”,
“cultura”, “propriedade” são redefinidas até se tornarem irreconhecíveis.
“Tolerância” passa a significar censura ao discurso conservador. “Diversidade”
vira obrigatoriedade ideológica. “Democracia” se torna sinônimo de hegemonia da
esquerda. O sujeito acorda num mundo em que as palavras ainda soam familiares,
mas não significam mais o que significavam. É o velho truque do mágico: mostrar
uma coisa, fazer outra.
Esse ataque à
linguagem tem um alvo claro: a estrutura mental do cidadão comum. Não o
militante – o sujeito médio. O pai de família que trabalha, que tem valores,
que quer proteger os filhos. Esse homem é o inimigo silencioso da revolução,
porque representa uma ordem que existe sem a permissão do Partido. E para
destruí-lo, não basta ridicularizá-lo. É preciso fazê-lo duvidar de si mesmo.
Fazê-lo se calar. Fazê-lo se sentir culpado. E isso se faz com anos de desgaste
psicológico.
A educação escolar
serve para isso: não para formar, mas para deformar. O aluno é treinado a
desconfiar dos pais, da fé, da história, da pátria. Aprende que tudo é
opressão, que toda hierarquia é injusta, que toda tradição é opressiva. Sai da
escola sabendo odiar – e achando que isso é pensar. Se o pai reage, é
retrógrado. Se o professor doutrina, é progressista. O aluno aprende que
contestar a doutrinação é “fascismo”. E assim, o terror psicológico vai se
naturalizando.
A mídia cumpre outro
papel fundamental: saturar. É preciso que o cidadão comum, ao ligar a
televisão, abrir o jornal ou rolar o celular, seja bombardeado por slogans,
narrativas e imagens que repitam, ininterruptamente, os mantras do regime
mental em construção. A guerra não é pelo conteúdo – é pela repetição. A mente
humana resiste à força, mas cede ao cansaço. O que não se vence pela razão, se
vence pela insistência. O resultado? Uma população mentalmente esgotada, mas
ideologicamente dócil.
No fim, o comunismo
não vence com tanques, mas com traumas. Ele gera culpa, vergonha, medo, apatia.
Ele transforma o cidadão livre em sujeito suspeito. E isso, repetido por anos,
gera uma nação de silenciados. Ninguém quer mais discutir. Ninguém quer ser
“cancelado”, “machista”, “elitista”. Então todos fingem concordar, e o
fingimento generalizado vira hegemonia. A mentira não precisa mais ser imposta:
é adotada por covardia.
Essa é a verdadeira
revolução: não tomar o poder, mas tomar as almas. O comunismo que entra na
mente não precisa mais entrar pela força. Já ganhou antes mesmo de se declarar.
Artigo 4 – A Política
Como Extermínio Moral
O comunismo nunca quis
apenas o poder político — ele quer o monopólio da moral. E para isso, precisa
transformar a política em campo de extermínio. Não de ideias, mas de
consciências. Não se trata de vencer adversários, mas de destruir suas almas em
praça pública. O debate, quando ocorre, é apenas o teatro onde a humilhação é
encenada como justiça. A política, sob domínio da mentalidade revolucionária,
vira um tribunal onde o réu não tem defesa e o juiz já é militante.
O primeiro passo é
moralizar o conflito. A divergência vira pecado. Discordar do comunista não é
só erro: é imoralidade. Quem defende propriedade privada, por exemplo, “odeia
os pobres”. Quem critica o feminismo “apoia o estupro”. Quem acredita em Deus
“é fundamentalista”. O truque é simples: transformar posições políticas
legítimas em sinais de perversão. Isso esvazia a discussão e transforma o
oponente em monstro. E monstro não se debate — se elimina.
O segundo passo é a
inversão. O criminoso vira vítima. O vagabundo vira herói. O corrupto é
“perseguido político”. O patriota é “golpista”. A ordem é sempre essa: atacar o
caráter dos inocentes e santificar os canalhas. Essa engenharia doentia destrói
os parâmetros morais da sociedade. Quando tudo é justificável, nada é mais
condenável. Quando todo julgamento depende da ideologia, a justiça desaparece.
E o resultado é o que vemos: um país inteiro onde quem presta tem medo de falar
e quem não presta dá palestra.
A mídia, claro, é o
ministério da verdade desse regime mental. Ela não informa — ela acusa. Ela não
narra fatos — ela molda vilões e santos conforme a cartilha. O político de
direita é sempre suspeito, mesmo sem provas. O militante de esquerda é sempre
vítima, mesmo com o rastro de dinheiro sujo. Não se trata de erro jornalístico.
Trata-se de uma campanha contínua de assassinato de reputações. A guerra
revolucionária não quer calar o adversário, quer torná-lo intragável. Quer
fazer com que ninguém mais ouse estar ao seu lado.
Isso se estende ao
cotidiano. A cultura do cancelamento é apenas a versão digital dos antigos
expurgos soviéticos. O sujeito diz uma verdade incômoda? Perde o emprego. Faz
uma piada errada? É linchado virtualmente. Questiona a narrativa? Vira alvo de
difamação. A nova política não precisa mais prender, torturar ou banir
fisicamente — basta destruir a dignidade do indivíduo. O corpo pode estar
livre, mas a consciência está acorrentada pela chantagem moral.
O pior é que isso
contamina até os que resistem. Gente de bem, por medo ou cálculo, começa a se
autocensurar. Evita temas. Usa eufemismos. Pede desculpas por existir. Vai
aceitando pequenos absurdos para evitar grandes conflitos. E quando percebe, já
se ajoelhou diante do novo regime. O comunismo não venceu pela força, mas pela
pressão. Não invadiu, mas invadiu a alma. A política virou um campo minado onde
só os canalhas andam tranquilos.
E no fim, é disso que
se trata: neutralizar os bons, promover os maus e calar os inteligentes. O
resultado é um país governado por idiotas, aplaudido por covardes e odiado por
aqueles que ainda conseguem enxergar. O comunismo transforma a política em
palco de desgraça moral, onde o prêmio é o poder absoluto e o preço é a
destruição da verdade. Um teatro doentio onde o vilão escreve o roteiro, dirige
a peça e ainda exige aplausos no final.
Essa é a máquina. Esse
é o método. E quem não entender isso, continuará discutindo políticas públicas
enquanto é degolado por narrativas.
Capítulo III – O
Século de Sangue: Aplicações Reais da Ideia
Artigo 1 – O Laboratório Soviético: Cadáveres Como Engrenagem
O socialismo real não
começou com pão para todos nem com justiça para os oprimidos. Começou com
execuções sumárias, prisões arbitrárias, fome em massa e uma elite política
que, em nome do povo, mandava fuzilar o povo. A União Soviética foi o primeiro
campo de testes da utopia marxista-leninista aplicada com método, escala e
crueldade institucionalizada. E como todo experimento totalitário, precisou de
cobaias. Milhões delas.
Lênin iniciou o terror
com consciência cirúrgica. Não foi exagero, nem erro. Foi plano. O “terror
vermelho” não foi reação — foi inauguração. Fuzilar burgueses, padres, cossacos
e camponeses foi um ato fundacional, uma espécie de batismo de sangue para a
nova sociedade. Em 1918, Lênin escreveu que era necessário “sem piedade”
eliminar “inimigos de classe”. Não queria convencer, queria exterminar. A
revolução não era mais uma ideia: era uma engrenagem que triturava carne
humana.
Stálin herdou essa
máquina e a transformou em indústria. O Estado soviético virou um monstro que
se alimentava dos próprios cidadãos. O Partido produzia normas inalcançáveis,
punia qualquer suspeita de desvio, promovia delações como virtude e apagava
pessoas da história como quem apaga um arquivo. Os expurgos, os julgamentos
encenados, os campos de trabalho forçado (gulags), tudo isso era parte da
“administração” socialista. A morte virou KPI. A tortura, protocolo.
A fome na Ucrânia, o
chamado Holodomor, matou milhões entre 1932 e 1933. Não foi catástrofe natural,
foi engenharia social. O grão foi confiscado dos camponeses para “alimentar as
cidades” e punir resistências. Famílias inteiras morreram sem ver um pedaço de
pão. Crianças comiam grama. Alguns relataram casos de canibalismo. Isso no
mesmo país que, semanas antes, exportava trigo. A ideologia matou mais do que
qualquer praga. E o mundo... silenciou.
Enquanto isso,
intelectuais no Ocidente justificavam tudo. George Bernard Shaw, Jean-Paul
Sartre, Walter Duranty (jornalista premiado com Pulitzer) – todos negaram os
crimes ou os minimizaram como “necessários” para o progresso. O culto à URSS
virou uma moda entre elites progressistas. Enquanto milhões apodreciam na
Sibéria, artistas burgueses brindavam à revolução em salões parisienses. O
comunismo não precisou esconder seus crimes: bastou disfarçá-los com charme
intelectual.
O cidadão soviético
vivia sob terror integral. Não havia espaço neutro. A escola, a fábrica, a
igreja, o lar – tudo era vigiado. O filho denunciava o pai, o trabalhador
fingia acreditar no que não entendia, o silêncio era uma medida de
sobrevivência. Não existia mais “vida privada”. O Estado era onipresente,
onisciente e, claro, infalível. Erros nunca eram atribuídos ao sistema, mas a
“infiltrados”, “traidores” ou “sabotadores”. Toda catástrofe tinha um bode
expiatório – geralmente com rosto humano e endereço conhecido.
E mesmo assim, muitos
ainda hoje tentam relativizar. Dizem que “Stálin traiu Marx”, que “houve
excessos”, que “a ideia era boa”. Mas qual ideia boa gera cem milhões de mortos
em um século? Qual sistema exige mentiras, censura e fuzilamentos para
funcionar? Qual doutrina precisa apagar a realidade para parecer funcional? A
verdade é dura: a União Soviética não foi uma distorção do comunismo — foi sua
realização mais fiel. Foi a utopia tornada prática. E como toda utopia, virou
carnificina.
Portanto, quando
alguém vier com papo de justiça social à moda revolucionária, olhe bem nos
olhos e pergunte: quantos cadáveres você aceita em nome dessa esperança?
Artigo 2 – China: A
Revolução Come os Filhos e os Pais
Se a União Soviética
foi o laboratório da barbárie comunista, a China foi o ensaio para a barbárie
com eficiência. Com Mao Tsé-Tung, a utopia marxista-leninista atingiu um novo
nível: o da psicose institucionalizada. A China comunista conseguiu o feito
monstruoso de matar mais do que o stalinismo, com requintes culturais e
espirituais de crueldade. Não bastava matar o corpo — era preciso quebrar a
alma. E para isso, Mao entendeu o essencial: toda revolução só triunfa quando a
juventude é treinada para odiar os próprios pais.
O Grande Salto
Adiante, lançado por Mao entre 1958 e 1962, é um dos maiores desastres da
história humana — e um dos menos comentados. Com a obsessão de transformar o
país em potência industrial comunista, Mao forçou milhões de camponeses a
abandonar a agricultura tradicional para fundir ferro com fornos improvisados
no quintal. Resultado: colapso na produção de alimentos, colheitas abandonadas,
infraestrutura caótica. Mais de 40 milhões de mortos por fome, doenças e trabalho
forçado. Não foi um erro. Foi um plano. Um plano burro, mas intocável, porque
Mao era o Partido, e o Partido era infalível.
Mas o verdadeiro
horror viria depois, com a Revolução Cultural, iniciada em 1966. Mao, já
enfraquecido politicamente, resolveu incendiar o país para manter seu culto
pessoal. Armou os estudantes contra os professores, os filhos contra os pais,
os trabalhadores contra seus mestres. Criou os Guardas Vermelhos, milícias
juvenis fanáticas que percorriam vilas e cidades destruindo tudo o que fosse
considerado “antirrevolucionário”: templos, livros, obras de arte, costumes,
tradições. Se o avô rezava, apedrejavam. Se o pai lia Confúcio, era preso. Se o
professor citava Platão, apanhava até desmaiar.
Essa destruição da
cultura não era um colateral — era o objetivo. Mao queria uma nova humanidade,
forjada na ignorância e na culpa, sem raízes, sem história, sem moral. Queria
uma geração que só conhecesse a revolução, o Partido, o Pequeno Livro Vermelho.
E conseguiu. Milhões foram mortos, outros milhões submetidos à “reeducação” nos
campos de trabalho. Famílias foram esfaceladas. A inteligência virou crime. O
silêncio, virtude.
É impossível entender
o poder do comunismo chinês sem captar essa dimensão espiritual da destruição.
O que Mao fez não foi apenas matar — foi apagar a China anterior a ele. E onde
antes havia civilização milenar, instalou-se um deserto moral. A China
comunista passou a funcionar como uma colmeia onde o indivíduo não importa,
onde o mérito é secundário, onde o Partido regula até o pensamento. A técnica
se desenvolve, sim — mas sob o jugo de uma vigilância total, de um controle
minucioso sobre cada palavra, cada gesto, cada filho.
E sim: o Ocidente
aplaudiu. Intelectuais franceses visitavam Pequim e escreviam maravilhas.
Jornalistas elogiavam o “povo disciplinado”. Acadêmicos diziam que “Mao estava
formando o novo homem”. A esquerda internacional sempre teve esse talento:
quando a desgraça é comunista, ela vira poesia. Quando a escravidão é
ideológica, ela vira projeto pedagógico. Poucos tiveram coragem de dizer a
verdade. Um deles, Simon Leys, foi escorraçado das universidades por denunciar
o que viu com os próprios olhos: um país devastado pela loucura de um homem e
pelo silêncio cúmplice dos bem-pensantes.
Hoje, a China
comunista sobrevive com outra fachada. Modernizou os prédios, abriu mercado,
enriqueceu elites. Mas o Partido continua lá. Intocado. Intolerante. Invisível,
mas onipresente. Ainda controla a imprensa, a internet, as igrejas, as
famílias. Ainda desaparece com dissidentes, ainda vigia cidadãos, ainda censura
filmes e redes sociais. A Revolução Cultural deixou de ser barulhenta — agora é
sorrateira. Mas a essência não mudou: Mao venceu. O país é dele, mesmo depois
de morto.
O comunismo chinês
mostrou ao mundo que é possível ser totalitário sem parecer brutal. Que é
possível esmagar a liberdade com luvas de seda. Que se pode ser moderno e
arcaico ao mesmo tempo, desde que se mantenha a alma do povo aprisionada. E
isso, infelizmente, serviu de modelo para muita gente.
Artigo 3 – Cuba: A
Ilha do Terror com Sabor de Propaganda
Cuba é, talvez, o
maior triunfo da propaganda comunista no século XX. Nenhum outro regime
conseguiu transformar um presídio a céu aberto em símbolo mundial de liberdade,
saúde, educação e resistência. A ilha que trancou seu povo por décadas, que
perseguiu dissidentes, que destruiu a economia, virou cartão-postal
revolucionário para artistas, jornalistas e estudantes ocidentais deslumbrados.
E tudo isso graças a um gênio do marketing político: Fidel Castro, o ditador
pop.
Quando Fidel tomou o
poder em 1959, a promessa era a mesma de sempre: justiça, soberania, dignidade.
O povo cubano, já cansado da ditadura de Batista, acreditou. E nos primeiros
meses, o discurso parecia sincero. Mas bastaram algumas reformas para a máscara
cair. A liberdade de imprensa foi eliminada. Os partidos foram fechados. Os
adversários políticos, presos ou mortos. Em pouco tempo, o novo regime já era
mais brutal e absoluto do que o anterior. Só que agora com aplausos
internacionais.
Com a ajuda do
romantismo revolucionário da época, Cuba virou um mito. Intelectuais europeus
escreviam que “em Havana, o futuro nasceu”. Cineastas faziam documentários
exaltando o povo cubano sorridente, sem nunca mostrar os presos políticos, os
paredões de fuzilamento ou os campos de trabalho. E quando alguém ousava
denunciar, era acusado de ser “agente da CIA” ou “inimigo da liberdade”. A ilha
virou símbolo de virtude – um marketing que nem Hollywood conseguiria produzir
melhor.
A realidade, claro,
era outra. A economia foi estatizada, a agricultura ruiu, a indústria
desapareceu. A população passou a viver com racionamento crônico, salários
miseráveis, vigilância constante. O Estado regulava desde o que se podia comer
até o que se podia dizer em casa. A polícia política – a temida G2 –
transformava vizinhos em espiões. Professores denunciavam alunos. Alunos
denunciavam pais. O medo virou moeda corrente. E quem tentava fugir era preso
ou morto no mar.
Mas a propaganda
resistia. Sobretudo em três áreas: saúde, educação e esportes. A ilha era
vendida como “exemplo de medicina pública”. O que não se dizia é que hospitais
faltavam sabão, esparadrapo e seringas esterilizadas. A “educação exemplar”
formava repetidores ideológicos, não pensadores. O “sucesso esportivo” vinha de
atletas tratados como soldados, obrigados a vencer para exaltar o regime. Tudo
era vitrine. E tudo era sustentado pelo dinheiro soviético — que, quando
acabou, mergulhou a ilha no caos.
Mesmo assim, Cuba
nunca deixou de ser referência para a esquerda latino-americana. O Foro de São
Paulo foi fundado com a bênção de Fidel. Líderes petistas o reverenciavam como
mestre. Artistas brasileiros faziam fila para tirar foto com o tirano. A
desgraça do povo cubano virou fetiche ideológico. Um exemplo de como a miséria,
quando vem com discurso certo, pode ser romantizada. A prisão se torna
“resistência”. O controle, “justiça social”. A repressão, “proteção ao povo”.
E o povo cubano? Esse
aprendeu a sobreviver. Criou redes paralelas de subsistência, improvisou com
criatividade, resistiu no corpo e na alma. Muitos tentaram fugir – mais de dois
milhões ao longo das décadas. Outros ficaram, não por convicção, mas por falta
de opção. A ilha transformou cada cidadão em suspeito, cada lar em trincheira,
cada palavra em risco. O preço da lealdade era a miséria. O da liberdade, o
exílio.
Até hoje, Cuba
continua a ser o laboratório ideológico da América Latina. A ditadura continua.
A miséria continua. A repressão continua. E os idiotas úteis continuam
aplaudindo. Porque, no fim, Cuba não é só uma ilha – é um espelho do que
acontece quando a ideologia vale mais que a verdade. Quando o discurso vale
mais que o povo. Quando a mentira vira bandeira e o sofrimento, combustível de
marketing.
A ilha não é um
exemplo. É um aviso.
Artigo 4 – O Terceiro
Mundo Vermelho: Angola, Camboja, Coreia do Norte
Enquanto a Europa
jogava sua esperança no socialismo de salão e a América Latina se embriagava
com as palavras de ordem das guerrilhas universitárias, o comunismo aterrissava
com força brutal nos chamados países “em desenvolvimento”. Mas ao contrário das
promessas de progresso, o que se implantou nessas regiões foi o inferno em
versão tropical. Angola, Camboja, Coreia do Norte – nomes diferentes, tragédias
semelhantes. Onde a ideologia chegou, a dignidade humana virou estatística e a
morte, rotina administrativa.
Comecemos por Angola,
uma colônia portuguesa que virou palco da guerra por procuração entre comunismo
e anticomunismo. O MPLA, grupo marxista apoiado pela União Soviética e por
Cuba, assumiu o poder em 1975. O país mergulhou num conflito civil que durou
décadas. Fidel Castro enviou tropas, tanques, armas e doutrinadores. O
resultado? Centenas de milhares de mortos, infraestrutura arrasada, economia de
guerra, fome em larga escala. O socialismo angolano não libertou ninguém —
escravizou sob outra bandeira. Enquanto o povo morria, a elite do partido se
enriquecia com diamantes e petróleo, num modelo de cleptocracia revolucionária.
Em Camboja, o
comunismo ultrapassou todos os limites do grotesco. Pol Pot, líder dos Khmer
Vermelhos, quis zerar a sociedade. Literalmente. Aboliu o dinheiro, fechou
escolas, proibiu religião, declarou guerra à inteligência. Qualquer um que
usasse óculos, soubesse ler ou demonstrasse pensamento independente era
considerado inimigo da revolução. Resultado: entre 1975 e 1979, cerca de dois
milhões de pessoas morreram — quase um quarto da população. Executados,
torturados, mortos por fome e doenças. O país virou um cemitério a céu aberto.
Os “Campos da Morte” são o testemunho silencioso de uma ideologia que, quando
aplicada com rigor, transforma a vida humana em lixo reciclável.
A Coreia do Norte
é o experimento mais longevo da loucura comunista. Desde 1948, a dinastia Kim
controla o país com mão de ferro, culto à personalidade e fome
institucionalizada. A doutrina “Juche” é um comunismo com misticismo delirante:
o líder é deus, o Partido é igreja, o povo é gado. Crianças aprendem a cantar
hinos ao “Grande Líder” antes de saber ler. Milhões morreram de fome nos anos
1990, enquanto o regime mantinha armas nucleares e desfiles militares. Hoje, a
população vive sob vigilância absoluta, com castigos coletivos, campos de
prisioneiros e controle total da informação. É um Estado-prisão onde o simples
ato de pensar já é crime.
Esses três casos –
Angola, Camboja, Coreia do Norte – mostram que o comunismo não precisa de
burguesia industrializada para destruir uma nação. Basta uma desculpa
ideológica, uma liderança carismática, algum apoio externo e um povo
vulnerável. E em todos os casos, o padrão se repete: começa com promessas de
libertação, segue com extermínios seletivos, implanta uma casta dominante e
termina com miséria, silêncio e cadáveres.
E o que diz a
intelectualidade ocidental? Silencia. Relativiza. Justifica. Diz que “as
condições eram adversas”, que “houve sabotagem externa”, que “não se pode
julgar por padrões ocidentais”. Mas os mortos não pedem padrão. Pedem justiça.
E a justiça começa com a verdade: o comunismo, onde foi implantado com
fidelidade, produziu sempre o mesmo efeito – genocídio, escravidão e ruína.
O Terceiro Mundo virou
campo de teste para uma ideologia criada na Europa. E os resultados foram
sempre os mesmos. O que muda é o idioma da tragédia.
Capítulo IV – O Novo
Comunismo: Pós-moderno, Global e Identitário
Artigo 1 – O Comunismo de Gucci: Camaradas de iPhone e Gênero Neutro
O comunismo não
acabou. Apenas trocou de roupa. Abandonou o macacão proletário, vestiu uma
camiseta progressista, calçou um Nike vegano e pegou um iPhone para lacrar no
Instagram. O novo comunista não carrega foice e martelo — carrega hashtags e
palavras de ordem inclusivas. Não fala mais em luta de classes, mas em
empoderamento, diversidade, clima e linguagem neutra. O inimigo já não é apenas
o burguês industrial — agora é o “heteronormativo”, o “colonizador”, o
“cis-branco-privilegiado”. A pauta mudou, mas o instinto revolucionário
continua o mesmo: destruir a ordem real para substituí-la por um delírio
fabricado.
Essa mutação não foi
acidental. Quando o Muro de Berlim caiu e os horrores dos gulags e dos expurgos
vieram à tona, o comunismo clássico perdeu a aura de esperança. Mas a
mentalidade revolucionária — essa fome por reinvenção total da sociedade — não
morreu. Migrou. Passou a habitar o corpo da cultura, das universidades, das
ONGs internacionais. Deixou a economia como foco principal e entrou no campo
simbólico, subjetivo, afetivo. Agora, a revolução acontece dentro da linguagem,
dos afetos, das percepções. O novo campo de batalha é a alma.
É por isso que o
comunismo moderno tem cara de estudante de humanas com cabelo azul, que fala em
“lugar de fala” e acha que desconstruir o gênero é mais revolucionário que
tomar o Palácio de Inverno. Parece ridículo — e é. Mas também é eficaz. Porque
a nova revolução não precisa mais convencer com lógica. Ela opera com culpa,
pressão social e destruição de sentido. A nova arma não é a metralhadora — é a
lacração, a pedagogia “antirracista”, a cartilha LGBTQIA+ distribuída em
creches públicas.
O novo comunista tem
Instagram. Tem curso de extensão em interseccionalidade. Fala de “violência
epistêmica” enquanto pede café no Starbucks. Tem discurso afinado com a ONU, o
Fórum Econômico Mundial e os Think Tanks do progressismo global. Não quer mais
lutar contra o sistema — quer ser o sistema. Tomar a linguagem, a educação, o
entretenimento, a saúde, as corporações. Ele não faz greve — ele pauta o CEO.
Ele não queima fábrica — ele doutrina o RH.
E é justamente aí que
mora o perigo. Porque esse novo comunismo é sorrateiro, macio, embriagante. Não
vem com tanques, mas com TED Talks. Não fuzila, mas cancela. Não expropria
terras, mas criminaliza opiniões. Vai corroendo os fundamentos da realidade com
aparência de compaixão. O sujeito que se opõe não é mais “inimigo do povo” — é
“discurso de ódio”. A censura é feita em nome da diversidade. O controle de
pensamento, em nome da inclusão. Tudo muito moderno, muito fashion, muito
democrático.
Enquanto isso, os
idiotas úteis fazem fila para serem domesticados. Aceitam revisar sua
linguagem, reeducar seus filhos, mudar seus hábitos e até negar seus princípios
— tudo para não serem chamados de retrógrados. A classe média paga caro para
ser domesticada. Compra livros que ensinam a pedir desculpas por ser normal.
Vai a palestras de ativistas bilionários. Põe adesivo no carro e bandeira na
sacada. E ainda acredita que está lutando contra o sistema. O novo comunismo
adora esse tipo.
O comunismo de Gucci é
mais perigoso que o da foice. Porque ele não precisa do medo para avançar —
basta a vaidade. Não promete revolução sangrenta, mas “progresso sustentável”.
Não pede que você morra pela causa, apenas que aceite sua castração moral com
um sorriso nos lábios. E o mundo vai cedendo, pouco a pouco. Porque ninguém
quer parecer atrasado. Ninguém quer ser o careta da vez.
Mas a verdade continua
lá, esperando quem tenha olhos para ver: por trás do arco-íris e das hashtags,
o que se esconde é o mesmo ódio antigo à realidade. A mesma vontade de destruir
tudo o que é natural, tradicional, hierárquico e verdadeiro. O comunismo apenas
mudou a embalagem. O veneno continua o mesmo.
Artigo 2 – Revolução
Cultural 2.0: Escola, Mídia, Diversidade e Censura
A primeira Revolução
Cultural, de Mao, destruiu templos, livros, famílias e a herança espiritual da
China. Foi feita à base de porrete e humilhação pública. A segunda Revolução
Cultural, essa que vivemos agora, é mais limpa, mais silenciosa — e muito mais
eficaz. Ela não precisa queimar livros: basta reeditá-los com linguagem
inclusiva. Não precisa prender padres: basta torná-los irrelevantes. Não
precisa mandar intelectuais para campos de trabalho: basta torná-los reféns da
militância. É uma revolução que não se declara como tal. Ela se apresenta como
“educação progressista”, “inclusão midiática”, “respeito à diversidade” e
“combate à desinformação”. E é exatamente aí que está o truque.
A escola virou o
principal laboratório da engenharia mental revolucionária. Antes mesmo de
aprender a ler, a criança já aprende que “família” é uma construção social
opressora, que “gênero” é uma escolha, que “patriotismo” é discurso de ódio e
que “fé” é superstição primitiva. A educação já não forma pessoas, forma
militantes emocionais. O aluno não aprende a pensar — aprende a sentir a
revolta certa, repetir o slogan certo, odiar a autoridade certa. Saem da escola
ignorantes, mas cheios de certezas. Perfeitos soldados para causas que sequer
compreendem.
A mídia, por sua vez,
não noticia — educa. Ou melhor: doutrina. Não há mais jornalismo, mas gestão de
narrativa. Tudo é recortado, editado, filtrado para reforçar a agenda do
momento. Se uma estatística contradiz a ideologia, ela some. Se uma pesquisa
reforça o dogma, ela vira manchete. E se alguém ousa levantar a mão com uma
pergunta fora do script, é imediatamente desqualificado: “fake news”,
“negacionista”, “reacionário”, “fascista”. Os grandes veículos de comunicação,
outrora cães de guarda da verdade, hoje são adestradores do rebanho.
O nome disso não é
liberdade. É censura. Mas uma censura gourmet, travestida de responsabilidade
social. Não proíbem livros — apenas não os publicam. Não prendem escritores —
apenas os tornam invisíveis. Não fecham jornais — apenas os desacreditam e
sufocam financeiramente. A verdade não é mais refutada: é silenciada. E o
silêncio, hoje, tem ar de virtude. “Não dar voz ao preconceito”, “não alimentar
a desinformação”, “não legitimar o discurso de ódio” — são os novos pretextos
para a velha repressão.
E no centro disso tudo
está a diversidade. Palavra mágica. Ninguém mais ousa criticá-la, porque
ela virou escudo moral para toda e qualquer agenda revolucionária. Mas que
diversidade é essa que elimina a divergência? Que celebra todas as culturas,
menos a cristã? Que acolhe todos os gêneros, menos o masculino tradicional? Que
tolera todas as religiões, menos a que construiu o Ocidente? Essa diversidade é
uniforme. É um exército de clones emotivos que pensam igual, sentem igual e
cancelam quem não ajoelha.
Nas universidades, o
processo é mais avançado. Departamentos inteiros de humanas viraram seitas.
Professores doutrinadores, alunos domesticados, pesquisas encomendadas para
confirmar dogmas. A inteligência foi substituída pela militância. O debate foi
substituído pelo linchamento. O diploma virou atestado de formatação. E as
raras exceções que tentam resistir vivem sob ameaça, pressão, isolamento. A
universidade, que deveria ser o último bastião do pensamento livre, tornou-se a
torre de comando da nova censura.
E tudo isso se repete
em ritmo industrial: cursos, palestras, séries, livros didáticos, campanhas
publicitárias. Uma avalanche de conteúdo que não informa, não forma, não educa
— apenas molda. A sociedade inteira passa a viver num teatro cuidadosamente
roteirizado, onde cada papel já vem com discurso pronto. E quem improvisa, é
expulso do palco.
A nova Revolução
Cultural não derruba estátuas com martelo — derruba reputações com hashtags.
Não queima livros — queima biografias. E o povo, em vez de reagir, aplaude. Porque
foi treinado a confundir opressão com cuidado, censura com civilidade,
castração com empatia. O pesadelo de Mao voltou — mas dessa vez, com filtro no
Instagram.
Artigo 3 – Capitalismo
de Estado: O Regime Chinês e seus Amiguinhos Globais
O comunismo aprendeu a
usar terno. Abandonou o uniforme do operário, pôs gravata, aprendeu inglês
corporativo e descobriu que dar lucro é um excelente disfarce. A China é o
exemplo perfeito desse novo modelo: um regime comunista por dentro, capitalista
por fora. Um Estado que controla tudo, mas deixa a aparência de liberdade
econômica para enganar os trouxas e seduzir os gananciosos. É o capitalismo de
Estado — ou, como alguns mais honestos chamariam, o socialismo totalitário com
vitrine de shopping.
Esse modelo chinês é
uma aberração cuidadosamente planejada. O Partido Comunista continua com o
monopólio do poder, da imprensa, da educação, da internet e da vida dos
cidadãos. Dissidentes somem. Igrejas são vigiadas. Crianças são doutrinadas.
Mas, ao mesmo tempo, grandes empresas chinesas lucram bilhões com exportações,
tecnologia, bancos e construção civil. Não há contradição: essas empresas são
braços do Partido. O lucro é instrumental. O objetivo continua sendo o mesmo —
poder absoluto. Mas agora, com bom marketing.
E quem são os maiores
cúmplices dessa farsa? As elites ocidentais. Bilionários da tecnologia,
banqueiros, políticos, ONGs e grandes corporações fazem fila para bajular
Pequim. Não apenas por interesse financeiro, mas porque enxergam na China o
regime dos sonhos: controle total com fachada de eficiência. Imagine só — um
país onde o governo sabe o que você pensa, com quem você fala, onde você anda,
o que você compra. E tudo isso justificado com discursos sobre “segurança”,
“harmonia social” e “avanço tecnológico”.
A lógica é simples: se
o modelo chinês funciona, por que não copiá-lo? E assim, vemos no Ocidente a
implantação progressiva do mesmo padrão: monitoramento digital, vigilância
financeira, controle de discurso, repressão disfarçada de moderação. A pandemia
acelerou esse processo. Passaporte sanitário, censura de opiniões médicas,
lockdowns autoritários — tudo sob aplausos. A China virou referência, e muitos
não escondem mais isso. Políticos e tecnocratas sonham com uma democracia com
eficiência de ditadura.
O globalismo, nesse
cenário, entra como aliado estratégico. A nova ordem internacional não quer
mais nações fortes, culturas locais, soberanias orgânicas. Quer uniformização.
Quer uma humanidade gerida como planilha, com variáveis comportamentais previsíveis
e uma moral de silicone. E quem já faz isso com maestria? A China. A parceria é
natural: de um lado, o Partido; do outro, as fundações bilionárias, as big
techs, os organismos internacionais. Todos falam a mesma língua — a do
controle.
Enquanto isso, as
populações dormem. Ocupadas com distrações, orgulhosas de seus “direitos”,
orgulhosas de suas democracias de fachada, elas não percebem que já vivem em
ambientes cada vez mais parecidos com o modelo chinês: autocensura,
conformismo, medo de perder o emprego por dizer a verdade, aceitação passiva de
absurdos. A diferença é que, no Ocidente, ainda é permitido rir do próprio
cativeiro — por enquanto.
E o que resta da velha
esquerda nisso tudo? Ela se vendeu. Os antigos revolucionários agora trabalham
em ONGs financiadas por mega corporações. Defendem pautas progressistas que
fortalecem o mesmo sistema que fingem combater. Denunciam “fascismo” em
qualquer um que questione esse arranjo. E enquanto posam de rebeldes, servem
como palhaços úteis do regime tecnocrático global que tem em Pequim seu coração
ideológico e em Davos sua face diplomática.
O comunismo de hoje
não quer mais derrubar Wall Street. Quer sentar na mesa, servir o café e
controlar os algoritmos. Quer reeducar os filhos dos ricos, cancelar os pobres
que discordam e moldar um futuro onde toda liberdade seja opcional — desde que
alinhada. A China não é exceção: é o modelo.
E se o mundo seguir
nesse ritmo, todos nós seremos Pequim amanhã.
Artigo 4 – Brasil
Vermelho: Das CEBs ao Foro de São Paulo
O Brasil não fez
revolução armada. Não teve um Lênin, não teve um Pol Pot, não teve um Mao. Mas
teve algo pior: a revolução por dentro. A corrosão lenta, sorrateira, operada
com precisão cirúrgica por intelectuais, padres, sindicalistas, professores e
políticos. Uma obra de décadas, feita sem fuzis, mas com salas de aula,
sindicatos, editoras e púlpitos. E quem acha que o Brasil é apenas vítima de
corrupção ou incompetência, não entendeu nada: o que vivemos é o resultado
meticuloso da aplicação do método revolucionário em sua versão tropical.
Tudo começa nas CEBs
– Comunidades Eclesiais de Base. Criadas no rastro do Concílio Vaticano II
e do florescimento da Teologia da Libertação, as CEBs eram células de formação
marxista dentro da Igreja. Usavam linguagem cristã, mas pregavam revolução. O
Cristo era apresentado como líder de guerrilha. O Evangelho, como manifesto
político. A fé virou ferramenta de agitação. Foi ali que milhares de
brasileiros simples começaram a ver o mundo não com olhos da fé, mas com ódio
de classe. A revolução ganhou batina.
Nos anos 1980 e 90,
veio o sindicalismo revolucionário. O PT, surgido com apoio da esquerda
católica, virou a principal expressão política desse projeto. Disfarçado de
defensor dos pobres, o partido sempre operou como correia de transmissão da
revolução. Com o tempo, infiltrou o Judiciário, o sistema de ensino, os
movimentos sociais, a cultura e, finalmente, o Estado. Cada ministério, cada
secretaria, cada ONG financiada virou um braço do Partido — não no sentido
jurídico, mas no sentido leninista: um aparelho ideológico de guerra.
Mas o grande divisor
de águas veio em 1990, com a fundação do Foro de São Paulo, idealizado
por Lula e Fidel Castro. Ali ficou claro o projeto: unificar todas as esquerdas
latino-americanas sob coordenação comunista. Não se tratava apenas de vencer
eleições — tratava-se de reconfigurar cultural, política e espiritualmente a
América Latina. E o Brasil, como país-chave, era o laboratório central. A ideia
não era tomar o poder e parar. Era nunca mais sair dele. E para isso, a
dominação teria que ser total.
Vieram as políticas
públicas com viés ideológico, a transformação da educação em linha de montagem
de militantes, o financiamento de ditaduras aliadas com dinheiro do BNDES, a
censura cultural mascarada de “regulação da mídia”, a desconstrução da família
em nome da “diversidade”, o aborto travestido de “saúde da mulher”, a
perseguição religiosa sob a desculpa de combater o “discurso de ódio”. O Brasil
foi sendo redesenhado. Não de uma vez, mas centímetro por centímetro. O Estado
virou arma contra o cidadão comum.
E mesmo com escândalos
como o Mensalão e o Petrolão, a estrutura permaneceu. Porque o objetivo nunca
foi só o dinheiro. O roubo era o meio — o fim era o poder. A corrupção é o
combustível da revolução, não sua falha. O projeto revolucionário no Brasil
soube muito bem usar o sistema democrático como escada — e agora, tenta queimar
a escada com os que ainda acreditam nela em cima.
Hoje, quem se opõe a
essa hegemonia é tratado como criminoso. Perde emprego, tem perfis derrubados,
é processado, silenciado, perseguido. O aparato estatal, as universidades, a
mídia e até as big techs funcionam como uma só engrenagem. A militância não precisa
mais de passeata — ela tem algoritmo. A censura não precisa mais de decreto —
ela vem por “diretrizes da comunidade”. O Brasil é, na prática, uma ditadura
mental onde o discurso dominante é intocável, mesmo quando contradiz a
realidade.
O mais trágico é que a
maioria ainda acredita que estamos numa democracia. Que tudo pode ser resolvido
com debate, com eleição, com diálogo. Não percebe que o outro lado já aboliu
esses instrumentos por dentro. Que a eleição virou processo controlado. Que o
debate virou espetáculo domesticado. Que o diálogo é uma armadilha para
desarmar o último opositor antes de enterrá-lo em processo judicial.
O Brasil está
vermelho. Não da cor dos uniformes de guerrilha, mas do sangue da verdade
assassinada.
Capítulo V – O
Antídoto: Verdade, Memória e Combate
Artigo 1 – A Lição dos Mortos: Por Que Lembrar é Resistir
A grande obra do
comunismo, mais do que matar, foi apagar os rastros dos que matou. Um regime
pode fuzilar um homem e, logo depois, deletar seu nome de todos os registros, rasurar
sua imagem em fotos, apagar seus livros, proibir seu luto, e ainda assim ser
tratado como “experimento social”. O assassinato físico é apenas a primeira
camada; a verdadeira vitória da ideologia é o esquecimento. E é por isso que
resistir começa por lembrar. Lembrar tudo. Lembrar bem. Lembrar com nome, com
data, com rosto e com sangue.
Mais de cem milhões de
mortos. Famílias destruídas, línguas caladas, obras censuradas, culturas
inteiras obliteradas. E ainda há gente — professores, artistas, jornalistas —
que repete a falácia mais imunda do século: “o comunismo nunca foi realmente
implementado”. A frase em si já é um crime moral. O que foi implementado na
União Soviética? E em Cuba? E na China? E no Camboja, na Coreia do Norte, na
Venezuela, no Vietnã, na Etiópia? Todas coincidências trágicas? Um azar
ideológico com alcance planetário?
A verdade é que os
mortos do comunismo não têm espaço nos memoriais. Nenhuma cerimônia de Estado
para os camponeses soviéticos, para os intelectuais chineses, para os religiosos
vietnamitas, para os homossexuais cubanos, para os cristãos norte-coreanos.
Nenhum Oscar para documentários sobre o Holodomor. Nenhum feriado para lembrar
os Campos da Morte. O mundo moderno é seletivo com seu luto. Chora por quem é
útil à narrativa — e varre para baixo do tapete os que atrapalham o script
revolucionário.
E o Brasil? Aqui, a
memória foi sequestrada. Nossos livros didáticos retratam guerrilheiros
comunistas como heróis da democracia. Tratam terroristas como vítimas. Ignoram
o Foro de São Paulo, os milhões que fugiram da Venezuela, as violações de
direitos humanos em Cuba. A Comissão da Verdade foi farsa com orçamento
público. Nossa história recente foi reescrita com tinta ideológica, sob
aplausos de acadêmicos militantes e omissão de conservadores tímidos demais
para exigir justiça.
Resistir, então, é
recuperar a memória. Dar nome aos assassinados. Mostrar as fotos dos campos.
Traduzir os testemunhos. Relembrar os exilados. Ler os livros censurados.
Contar às novas gerações o que foi feito em nome da igualdade. Dizer em alto e
bom som que o comunismo é o regime mais sanguinário da história. Que a sua
utopia exige cadáveres para se erguer. Que o seu discurso de justiça é um
engodo homicida.
Não basta refutar a
teoria — é preciso evocar os fatos. Porque a mentira mais poderosa do comunismo
é a que veste sua história com abstrações. Quem fala em "socialismo
real" quer que você esqueça que houve fome real, prisioneiros reais, tiros
reais. Quem defende o “ideal comunista” enquanto condena suas aplicações está
defendendo um veneno por causa do rótulo bonito. É como louvar o sabor da
cicuta porque a garrafa tem um desenho simpático.
A lição dos mortos é
simples, brutal, irrefutável: toda vez que o comunismo teve a chance de
governar, ele matou. E matou com método. Com intenção. Com orgulho. Em nome do
bem. Em nome da igualdade. Em nome de um amanhã que nunca chega. E se você acha
que essa história não pode se repetir, é porque já começou. Começa sempre com
uma mentira, um rótulo, uma censura, uma doutrinação infantil. E quando você
percebe, já tem um burocrata decidindo o que é verdade.
Por isso, lembrar é
resistir. Escrever é resistir. Nomear os mortos é resistir. Contar a verdade em
voz alta, com clareza, sem medo, é o primeiro ato de rebelião moral contra o
totalitarismo do esquecimento. A luta não começa no front — começa na memória.
Artigo 2 – Contra o
Espírito Revolucionário: Reagir com Alma e Razão
Lutar contra o
comunismo não é apenas recusar uma ideologia política — é enfrentar um espírito.
O espírito revolucionário. Um tipo de doença da alma que odeia a realidade,
rejeita a hierarquia natural, inveja o que não pode criar e destrói o que não
pode compreender. Esse espírito não se veste só de vermelho. Ele muda de roupa.
Pode vir como justiça social, como causa ecológica, como defesa de minorias.
Mas sua essência permanece: é a recusa da ordem objetiva em nome de uma vontade
subjetiva inflamada de ressentimento.
O espírito
revolucionário não quer reformar: quer refazer. Ele não tolera consertar algo
que julga injusto — ele quer aniquilar tudo e começar do zero. Por isso não
aceita gradualismo, não aceita tradição, não aceita diálogo. Ele se considera
moralmente superior desde o ponto de partida. E essa convicção absoluta o torna
impermeável à razão. Tente discutir com um militante treinado e você verá: ele
não ouve, ele espera a chance de acusar. Ele não reflete, ele repete chavões.
Ele não responde, ele rotula. Sua mente já não está mais no campo do argumento
— está no campo da missão.
E é justamente aí que
muitos conservadores, liberais e cidadãos comuns fracassam: tentam combater o
comunismo como se estivessem diante de uma ideia. Mas não é uma ideia — é um
impulso, um motor, um vírus. Você não pode convencer um vírus com lógica. É
preciso restaurar a imunidade do organismo. E isso significa resgatar aquilo
que o espírito revolucionário odeia com mais força: a alma enraizada na
realidade, nutrida pela fé, fortalecida pela razão.
Reagir, portanto,
começa pela reconquista interior. Um sujeito que não sabe quem é, de
onde vem e o que deve defender, será engolido por qualquer narrativa com
aparência de justiça. O espírito revolucionário se alimenta do vazio. Ele
encanta o ignorante, o ressentido, o instável. Por isso, o primeiro campo de
batalha é a consciência. E ela só se fortalece com três pilares: verdade,
tradição e transcendência. A verdade como âncora do pensamento. A
tradição como vínculo com os mortos e os ainda não-nascidos. A transcendência
como escudo contra o desespero e contra o delírio.
Também é preciso
recuperar a vida intelectual com propósito. Não basta ler para parecer
inteligente — é preciso estudar para saber resistir. Não adianta citar autores
se você não compreende as estruturas de pensamento por trás deles. A revolução
não é alimentada apenas por ignorância — mas por cultura superficial. Uma
legião de jovens lê meia dúzia de resumos, assiste meia aula online e acha que
já entendeu o mundo. São os revolucionários de segunda mão, os intelectuais de
palco. O antídoto é formar homens e mulheres com densidade interior.
E isso vale também
para a ação. Resistir ao espírito revolucionário exige coragem, não só opinião.
Coragem de falar a verdade mesmo sob risco de cancelamento. Coragem de educar
os filhos contra a corrente. Coragem de perder prestígio social por manter a
dignidade. Coragem de dizer “não” onde todos dizem “sim, senhor”. Coragem de
parecer ultrapassado por conservar o que é eterno.
A guerra contra o
comunismo, hoje, não se vence com tanques nem com eleições apenas. Ela se vence
nas almas. Na formação de indivíduos que resistem à chantagem emocional, à
lógica do medo, à tentação do conformismo. O revolucionário quer um mundo onde
todos cedam por exaustão. O homem virtuoso responde com perseverança.
Portanto, contra o
espírito revolucionário, alma firme. Contra a mentira institucionalizada, razão
armada de memória. Contra a sedução do caos, o amor pela ordem. E contra a
covardia generalizada, a coragem silenciosa de quem permanece de pé quando
todos se ajoelham.
Artigo 3 – O Último
Mito: “Nunca Foi Implementado de Verdade”
Nenhuma mentira matou
mais que essa: “o comunismo nunca foi realmente implementado”. Ela é
repetida com ar professoral por intelectuais de sofá, estudantes presunçosos,
jornalistas ideológicos e até padres que perderam a fé e encontraram uma
doutrina de substituição. Essa frase é o álibi eterno da revolução. Com ela,
todo desastre pode ser ignorado, todo crime relativizado, toda evidência
empurrada para debaixo do tapete. Cuba? “Foi bloqueio.” União Soviética? “Foi
stalinismo.” Camboja? “Foi desvio.” Venezuela? “Não é comunismo, é corrupção.”
Assim, o monstro nunca morre — ele apenas troca de máscara.
Essa narrativa
funciona porque se apoia numa armadilha semântica: o “comunismo ideal” não foi
implementado, logo os horrores praticados em seu nome não devem ser atribuídos
a ele. Mas isso é infantil e canalha. Nenhuma ideologia é julgada pelo que
promete em teoria, mas pelo que produz na prática. O nazismo também dizia
buscar “renovação moral” e “ordem social”. A Inquisição também dizia buscar “a
salvação das almas”. O que importa é o que foi feito — e o comunismo, onde teve
poder, fez sempre a mesma coisa: miséria, repressão, censura, genocídio.
O truque consiste em
manter o comunismo como uma ideia pura, intocada pelos fatos. É o comunismo de
Platão, a utopia permanente, a sociedade perfeita que nunca chega, mas sempre
serve de desculpa para destruir o presente. Isso transforma o comunismo em um
dogma infalsificável. Se mata, não é comunismo. Se censura, não é comunismo. Se
escraviza, não é comunismo. Resultado: só é comunismo aquilo que ainda não foi
feito. E se algum dia for feito, e der errado, também não será.
Essa tática é covarde,
mas eficaz. Permite que o militante nunca assuma responsabilidade. Ele sempre
pode dizer que seus ídolos “erraram na execução”. Nunca na teoria, nunca no
ideal, nunca na premissa. O militante comunista é o único fanático que pode
assistir ao próprio fracasso repetido e ainda se sentir moralmente superior.
Isso é possível porque ele vive de abstrações. Para ele, a teoria não deve
servir à realidade — a realidade é que deve se curvar à teoria.
O mais curioso é que
não se aplica o mesmo critério às outras ideologias. Ninguém diz que o
capitalismo “nunca foi implementado de verdade” porque há pobreza. Ninguém diz
que a democracia “nunca foi tentada seriamente” porque há corrupção. Mas o
comunismo... ah, o comunismo é eterno. Sempre uma promessa. Sempre uma criança
que não cresceu. Sempre inocente — mesmo diante de cem milhões de cadáveres.
Esse mito precisa ser
destruído com fatos, com nomes, com datas. Não com emoção, mas com rigor.
Mostrar que os planos econômicos de Lênin, as políticas de Mao, as reformas de
Castro, os expurgos de Pol Pot, as prisões de Guevara, os campos da Venezuela —
tudo isso foi comunismo aplicado. Por homens que se diziam comunistas, seguindo
cartilhas comunistas, inspirados por teóricos comunistas. Não eram desvios.
Eram execuções fiéis de uma doutrina cuja essência é a eliminação da ordem
existente.
Portanto, quando
alguém repetir o chavão “nunca foi implementado de verdade”, responda com
firmeza: foi implementado sim, vezes demais, e sempre da mesma forma. O
problema não está na execução — está no plano. O comunismo não falha por
acidente. Ele fracassa por coerência.
Artigo 4 – A
Reconquista: A Tradição Como Arma Contra a Mentira
O maior inimigo do
comunismo não é a direita política, nem o livre mercado, nem mesmo a fé vivida
com intensidade. O verdadeiro inimigo do comunismo é a tradição. Porque
a tradição, ao contrário da revolução, é orgânica. Ela não é imposta — ela
cresce. Não precisa de propaganda, nem de slogans. Sobrevive nos gestos
simples, nas memórias familiares, nos rituais religiosos, nos provérbios
esquecidos, nos livros passados de pai para filho. Ela conecta os vivos aos
mortos, os homens aos símbolos, a razão à alma. E é justamente por isso que
precisa ser destruída pela ideologia: porque onde há tradição, a mentira não
vinga.
A tradição é como um
rio subterrâneo. Você pode cobrir com concreto, desviar seu curso, mas um dia
ele reaparece. Pode ser numa avó que ensina a rezar. Num pai que transmite a
ética do trabalho. Num professor que recita Camões em vez de Paulo Freire. Num
filho que se recusa a aceitar a nova linguagem estúpida dos formulários
escolares. Cada gesto assim é um ato de reconquista. Uma semente lançada contra
o deserto da ideologia. E esse é o terror da revolução: ela sabe que basta um
homem livre para contaminar uma geração inteira com o vírus da verdade.
Por isso, o comunismo
precisa quebrar os vínculos. Romper o elo entre as gerações. Ridicularizar os
avós. Estuprar a memória histórica. Apagar os santos, os heróis, os mártires.
Substituir o lar por creche estatal, a igreja por centro cultural, o pai por burocrata,
o rito por evento lacrador. A destruição da tradição não é colateral — é
programa de governo. E quando não podem apagá-la, eles a corrompem: fazem
“Missas da Terra sem Males”, “Carnavais Antirracistas”, “Festas Juninas
Inclusivas”, tudo com cheiro de esgoto e discurso de igualdade.
Mas há uma saída. E
ela começa com um ato de humildade: reconhecer que não somos o começo de
nada. Que herdamos um mundo muito maior do que nós. Que há sabedoria nos
séculos. Que nossos bisavós sabiam mais sobre a vida do que os especialistas da
ONU. E que talvez o maior ato de resistência seja lembrar, resgatar e
transmitir. Transmitir a verdade, a beleza, a fé, a moral objetiva, a
gramática correta, a história real, a coragem silenciosa de quem não se curva.
A reconquista não será
feita com tanques, mas com livros bem escolhidos, com filhos bem educados, com
lares reerguidos sobre pilares firmes. Será feita quando os pais voltarem a ser
autoridades, quando os professores voltarem a ensinar, quando os sacerdotes
voltarem a pregar, quando os artistas voltarem a cantar o que é eterno. E isso
começa em cada um de nós, sem esperar decreto, sem pedir permissão.
O comunismo quer nos
convencer de que estamos sozinhos, isolados, ultrapassados. Que a tradição
morreu. Que o passado é opressor. Que a família é prisão. Que a fé é
ignorância. Mas tudo isso é mentira. A tradição está viva. E está esperando.
Esperando que alguém a redescubra, a abrace, a defenda com a alma inteira.
Porque tradição não é só o que foi — é o que nos mantém de pé quando tudo ao
redor desmorona.
E no fim das contas,
talvez seja essa a última batalha: entre os que querem recomeçar tudo do zero e
os que sabem que a verdade já estava aqui muito antes deles. Entre os que
querem destruir tudo em nome do amanhã e os que protegem o que resta para que
ainda haja um amanhã.
A tradição é a nossa
trincheira. A memória, nossa munição. E a verdade, nossa espada.