Eu não posso olhar para o assassinato de Charlie Kirk como um mero ato isolado, fruto de um impulso individual. Quando observo os acontecimentos, percebo que por trás do gesto visível há toda uma maquinaria invisível que já vinha preparando esse desfecho há décadas. Como Ellul descreveu, a propaganda cria uma segunda realidade onde a vítima já está morta no plano simbólico muito antes que o disparo físico aconteça. Aquilo que os olhos veem em Utah — o tiro no pescoço de um homem diante de três mil pessoas — é apenas o capítulo final de uma narrativa que vinha sendo escrita nas escolas, nas universidades e na mídia.
Vejo que, dentro da lógica hegeliana, o particular sempre encarna o universal. Kirk, ao cair, não é só um indivíduo; é a manifestação de um espírito de época que já não suporta o contraditório. Em terceira pessoa, todos puderam testemunhar a cena: o corpo no palco, a multidão em choque, a arma encontrada num bosque próximo. Mas eu sei que, em primeira pessoa, o verdadeiro tiro foi disparado quando a juventude foi ensinada a ver nele não um adversário político, mas um inimigo a ser eliminado.
Nas salas de aula, sob o discurso da proteção emocional, implantou-se aquilo que Lukianoff e Haidt diagnosticaram: a formação de mentalidades frágeis, incapazes de conviver com o dissenso. E eu vejo que, quando uma geração inteira aprende a classificar o mundo em opressores e oprimidos, ela deixa de enxergar rostos e passa a enxergar etiquetas. Foi nesse ambiente que Kirk foi transformado em símbolo de um mal a ser exterminado. Ele não estava sozinho no palco, estava dentro da caricatura que lhe atribuíram.
É duro reconhecer, mas David Livingstone Smith tem razão: a desumanização não é acidente, é técnica. Quando o adversário é visto como menos humano, sua morte já não causa horror, mas alívio. Em terceira pessoa, o atirador foi descrito como alguém que usou um rifle de alta potência. Em primeira pessoa, eu sei que não era apenas um dedo sobre o gatilho, era toda uma cultura empurrando esse dedo, dizendo-lhe que aquele alvo já não merecia viver como homem.
Ellul insistia que a propaganda dá ao indivíduo a sensação de integrar-se a algo maior. O assassino de Kirk, embora solitário, não estava sozinho; ele carregava consigo um coro invisível de narrativas que o justificavam. Ao vê-lo agir, percebo que não foi apenas a intenção de um homem, mas a astúcia da ideologia que encontrou nele o seu instrumento.
Quando leio Katherine Stewart descrevendo a infiltração de grupos em escolas, penso que o mesmo método se aplica ao progressismo global. Assim como clubes religiosos moldavam mentes, agora são as fundações internacionais e corporações tecnológicas que fazem esse papel. O financiamento não é uma hipótese remota, é um fato observável: programas educacionais, cursos de “sensibilização”, campanhas midiáticas. Tudo isso é pago e coordenado. E o resultado é que alguém, em Utah, sentiu-se autorizado a eliminar um inimigo ideológico.
Eu não posso deixar de notar a dialética mais cruel: a ideologia que se apresenta como libertadora precisa sacrificar um corpo para provar sua força. Kirk foi escolhido pela lógica do tempo, não apenas pela mira do atirador. O espírito progressista necessitava de uma vítima para consolidar sua narrativa. O gesto é dialético: a tese do progresso absoluto, a antítese da resistência conservadora, a síntese sangrenta de um cadáver no palco.
As obras sobre genocídio deixam claro que toda violência massiva começa pela linguagem. Foi assim também aqui. Por anos, a figura de Kirk foi reduzida, ridicularizada, pintada como ameaça. O que se via nos jornais e nas redes era a preparação de sua morte simbólica. Quando a palavra cumpre essa função, a execução física se torna apenas questão de tempo. Em terceira pessoa, a imprensa noticiou o assassinato; em primeira pessoa, eu vi o cumprimento inevitável daquilo que já estava escrito no discurso.
Lembro-me das advertências de Olavo de Carvalho: a cultura contemporânea inverte tudo o que toca. Ao prometer diversidade, extermina o diverso; ao pregar tolerância, semeia a violência. O assassinato de Kirk é o retrato perfeito dessa inversão. Ele não morreu em nome de uma ideologia oposta, mas em nome de uma ideologia que se proclama tolerante enquanto extermina o intolerável. Essa ironia trágica é a marca de nosso tempo.
Eu sei que nada disso é gratuito. Ellul já dizia que propaganda custa caro. Esse clima cultural é mantido porque há quem pague por ele. Não se trata de uma conspiração nebulosa, mas de estruturas concretas: governos, ONGs, corporações que investem milhões para que a juventude pense de uma forma específica. O rifle disparado em Utah é apenas a extensão material de um financiamento que circula em salões distantes, longe dos olhos do público.
O resultado é essa engrenagem perversa: desumanização gera violência, violência gera mártires, mártires alimentam novas ondas de propaganda. Em terceira pessoa, vê-se a tragédia como notícia; em primeira pessoa, eu percebo que cada ato desses fortalece tanto o discurso dos assassinos quanto o dos mortos. A ideologia não perde, ela se alimenta do sangue de ambos.
Mas eu não me iludo: a resistência não é apenas política, é espiritual. Livingstone Smith insistia que só se vence a desumanização lembrando-se da humanidade do outro. Eu vejo o quanto essa lembrança se tornou rara, quase impossível, quando todos os estímulos sociais nos empurram para a lógica amigo-inimigo. A cultura atual não tolera o reconhecimento do humano no adversário, porque precisa da sua monstruosidade para se legitimar.
O assassinato de Charlie Kirk, então, não é o fim, mas um sinal. Ele anuncia a fase em que o dissenso será punido não apenas com censura, mas com morte. Se eu não me enganar, veremos multiplicarem-se os episódios semelhantes. O espírito ideológico não recua, ele avança, sempre pedindo mais sacrifícios. A história marcha com sangue quando não é guiada pela razão.
Assim, ao observar os fatos em terceira pessoa e refletir em primeira, eu só posso concluir que Kirk não caiu por acaso. Ele é fruto de uma engrenagem que une propaganda, doutrinação e desumanização. O progressismo que prometia futuro mostrou, naquele palco, seu verdadeiro rosto: o de uma força que nega a humanidade do outro em nome de uma humanidade abstrata. E eu temo que, se nada mudar, veremos novamente a repetição das tragédias do século passado, agora com outros nomes, mas com o mesmo espírito assassino.
Título:
“A Máquina da Desumanização: Da Gênese Propagandística ao Sacrifício Político”.
Artigo I – A Gênese da Desumanização e o Surgimento da Nova Propaganda.
Neste primeiro artigo, eu relato em primeira pessoa o despertar para a engrenagem oculta que Ellul diagnosticou: a propaganda como criadora de uma segunda realidade. Descrevo como, pouco a pouco, a juventude foi sendo capturada pela narrativa ideológica que, em nome de progresso e emancipação, despojava o indivíduo de sua singularidade. Ortega y Gasset, com sua crítica ao “homem-massa”, ajuda a iluminar como a mediocridade coletiva se torna terreno fértil para a aceitação da propaganda. Voegelin, por sua vez, mostra como a gnose moderna cria mundos paralelos, negando a realidade concreta. A gênese é clara: instituições, financiamentos e discursos alinhados para formar um novo homem, dócil ao sistema.
Artigo II – O Desenvolvimento do Projeto: Doutrinação, Polarização e a Construção do Inimigo.
O segundo artigo acompanha o crescimento desse projeto ao longo das últimas décadas. Trago a análise de Lukianoff e Haidt sobre a pedagogia da fragilidade, Stewart sobre a infiltração organizada em instituições escolares, e Voegelin ao descrever a degeneração da política em ideologia. Mostro como a propaganda, ao se infiltrar em escolas e universidades, cria categorias rígidas de opressor e oprimido, reduzindo o real a uma caricatura. A teoria da desumanização de Livingstone Smith mostra como, passo a passo, o outro deixa de ser humano e se torna inimigo absoluto. Ortega reaparece ao mostrar como o “homem-massa” exige uniformidade e não tolera a divergência. O artigo culmina no paralelo direto com o assassinato de Kirk: um ato não apenas individual, mas resultado de décadas de doutrinação e condicionamento.
Artigo III – A Situação Atual e a Perspectiva Futura: O Espírito Assassino do Progresso.
O terceiro artigo trata da fase em que nos encontramos. A desumanização, antes apenas discurso, tornou-se ato político. A morte de Kirk é lida como síntese hegeliana: tese do progresso absoluto, antítese da resistência conservadora, síntese trágica do sacrifício de um corpo no palco. Voegelin explica esse processo como “eclipses da realidade” em que a ideologia toma o lugar da verdade. Ortega ajuda a ver como as massas, formadas na fragilidade, celebram o silenciamento do outro como vitória. Arendt surge com a noção da banalidade do mal, onde a engrenagem não depende de monstros conscientes, mas de pessoas comuns treinadas a obedecer narrativas. Por fim, Mário Ferreira dos Santos mostra como a dissolução da unidade espiritual do homem prepara a barbárie. A perspectiva futura é sombria: multiplicação de assassinatos políticos, radicalização institucional e uso do martírio como combustível para novas propagandas.
Artigo I – A Gênese da Desumanização e o Surgimento da Nova Propaganda.
Eu não cheguei a esta conclusão de um só golpe; foi uma lenta percepção de que a realidade que me cercava não era a mesma que eu havia aprendido a reconhecer na experiência concreta. Havia algo de artificial, uma moldura invisível que organizava as conversas, os debates, até mesmo as emoções das pessoas. Quando li Ellul, compreendi que essa moldura não era fruto do acaso, mas da propaganda, não no sentido vulgar da publicidade barata, mas como uma técnica total que cria uma segunda realidade. Assim percebi que a verdade já não era aquilo que se via, mas aquilo que se impunha pelas vozes autorizadas do sistema.
A propaganda, como Ellul advertia, não age persuadindo frontalmente, mas saturando, criando um ambiente onde o indivíduo respira narrativas sem percebê-las. Em terceira pessoa, os fatos sempre confirmavam isso: campanhas midiáticas, slogans repetidos à exaustão, programas escolares moldados em palavras de ordem. Em primeira pessoa, eu via que a minha própria experiência se tornava suspeita, como se fosse ilegítima diante daquilo que a propaganda já havia decretado como realidade.
Foi nesse ponto que Ortega y Gasset me ajudou a nomear o que eu via: o advento do “homem-massa”. O homem que não deseja elevar-se acima da mediania, mas que exige que todos se curvem ao seu padrão de conformidade. Esse homem, fruto de uma cultura saturada, era o terreno perfeito para a nova propaganda. Ele não suportava a diferença, não tolerava o contraditório. Tudo o que escapasse à uniformidade deveria ser eliminado, e a propaganda lhe fornecia não só os argumentos, mas também a tranquilidade moral de fazê-lo.
Voegelin completou o quadro quando denunciou o caráter gnóstico das ideologias modernas. O que eu via à minha volta não era apenas propaganda vulgar, mas a construção deliberada de um mundo paralelo, um “segundo cosmos”, no qual a realidade concreta é substituída por narrativas salvíficas. Nesse cosmos, os opositores não são seres humanos com direitos e dignidade, mas empecilhos à realização do paraíso terrestre. É aqui que a desumanização encontra seu solo fértil: não se nega o humano no outro por crueldade pura, mas porque ele representa um entrave à gnose coletiva.
O primeiro estágio desse processo sempre foi o mesmo: a infância e a adolescência. Quando observo as salas de aula, vejo que ali a propaganda não se apresenta como violência, mas como proteção. Em nome da segurança emocional, moldam-se mentes frágeis. Em nome da diversidade, reduz-se a experiência ao monocromático das categorias de opressor e oprimido. É nesse instante que a criança aprende a desconfiar de seus próprios olhos e a aceitar que a realidade é aquilo que o professor, o manual e o coletivo dizem que é.
Percebi, então, que a gênese da desumanização não está em um ato isolado de ódio, mas em uma pedagogia invisível, cuidadosamente cultivada. Ellul já dizia: a propaganda não é para convencer adultos já formados, mas para capturar consciências em formação. E de fato, não há lugar mais estratégico do que a escola, não há alvo mais moldável do que a juventude.
Em terceira pessoa, os relatórios oficiais mostravam isso: currículos reformados, cartilhas com novos valores, fundações internacionais financiando programas “educativos”. Em primeira pessoa, eu via o efeito: jovens incapazes de pensar fora da moldura, dispostos a classificar o outro antes mesmo de conhecê-lo, prontos para repetir slogans como se fossem pensamentos próprios.
Ortega já havia denunciado que o homem-massa se sente ofendido pela mera existência de quem pensa diferente. Voegelin acrescentava que esse ressentimento é o sintoma de um eclipse da realidade. E eu percebia, pouco a pouco, que a gênese da desumanização estava aí: no ressentimento elevado a princípio pedagógico, no eclipse da realidade transformado em norma, na recusa de ver o outro como pessoa, reduzindo-o a categoria.
O que para muitos parecia apenas mudança cultural, para mim se revelou como plano meticuloso. Não era espontâneo que tantos jovens pensassem da mesma forma, que rejeitassem o contraditório com a mesma violência verbal, que se sentissem autorizados a silenciar o outro em nome da diversidade. Era o resultado de uma gênese cuidadosamente financiada e planejada.
E foi então que compreendi o vínculo entre propaganda e financiamento. Ellul já advertira: propaganda custa caro, precisa de mecenas poderosos. E de fato, vi surgir fundações, ONGs e instituições internacionais que investiam somas vultosas na formação de professores, no patrocínio de movimentos estudantis, no financiamento de materiais didáticos. Não se tratava de generosidade, mas de investimento. O retorno era claro: uma geração inteira moldada para ver o mundo conforme os interesses de quem assinava os cheques.
Esse início, essa gênese, não era apenas cultural, mas espiritual. Voegelin descreveu o fenômeno como a tentativa de immanentizar o eschaton, trazer o céu para a terra pela força da ideologia. Eu o vi acontecer diante dos meus olhos: jovens convencidos de que participavam da construção de um mundo perfeito, incapazes de perceber que, para tanto, precisavam primeiro desumanizar os que não se encaixavam no projeto.
Eu não posso esquecer a advertência de Ortega: quando o homem-massa governa, o resultado inevitável é a barbárie. E essa barbárie não começa com tiros, mas com slogans, não com cadáveres, mas com a recusa do diálogo. O assassinato de Kirk, que ainda irei tratar, só pode ser entendido à luz dessa gênese. O tiro foi a consequência natural de um processo que começou muito antes, na sala de aula, no manual escolar, na propaganda cultural.
Em suma, ao olhar para trás, vejo que a gênese da desumanização foi silenciosa, paciente, meticulosa. O terreno foi preparado por décadas de propaganda, financiada e administrada por elites que viram na juventude o campo ideal para plantar sua gnose. O que hoje se revela em assassinatos políticos nasceu como narrativa de proteção, como discurso de diversidade, como promessa de futuro. Mas eu sei que toda promessa que se constrói sobre a mentira da propaganda termina no mesmo lugar: na negação do humano.
Artigo II – O Desenvolvimento do Projeto: Doutrinação, Polarização e a Construção do Inimigo.
Quando reconheci a gênese da propaganda e da desumanização, percebi que não se tratava apenas de um início difuso, mas de um processo que, ao longo das últimas décadas, ganhou corpo, estrutura e objetivos claros. O que nascia como narrativa de proteção transformou-se em doutrinação aberta, e o que se apresentava como cuidado pedagógico revelou-se como instrumento de polarização. A propaganda, tal como Ellul descrevera, passou a ser o cimento invisível que unia massas inteiras em torno de ideias simplificadas e hostis.
Em terceira pessoa, os fatos eram inegáveis: universidades inteiras transformadas em centros de ativismo, escolas promovendo cartilhas com conteúdo ideológico, jovens incapazes de ouvir uma palavra contrária sem reagir com ódio. Em primeira pessoa, eu via a transformação espiritual: uma geração inteira não mais se via como herdeira de uma tradição, mas como milícia de uma causa. A identidade não vinha mais da realidade, mas da oposição a um inimigo cuidadosamente construído.
Foi aí que Lukianoff e Haidt tornaram-se peças importantes para a minha compreensão. O que eles chamavam de pedagogia da fragilidade não era apenas um acidente cultural, mas uma técnica eficaz: formar jovens incapazes de suportar o contraditório, predispondo-os a exigir a eliminação do adversário. Percebi que essa pedagogia não criava apenas mentes frágeis, mas soldados ideológicos. O fragilizado no plano emocional se tornava feroz no plano político, pois sua fragilidade exigia a destruição de tudo que a ameaçasse.
Ortega y Gasset, com seu diagnóstico do homem-massa, explicava a continuidade: a mediocridade elevada a norma. O homem-massa, dizia ele, não se contenta em ser vulgar; exige que todos sejam vulgares com ele. E eu vi que esse espírito se consolidava nas massas juvenis moldadas pelas instituições: não apenas incapazes de tolerar a diferença, mas hostis a qualquer exceção. A polarização, portanto, não era acidente, mas exigência estrutural da nova mentalidade.
Voegelin acrescentava outro ponto essencial: a ideologia, ao se desenvolver, não tolera permanecer como mera opinião. Ela precisa tornar-se sistema total, substituir a realidade inteira por sua narrativa. Por isso, vi que a construção do inimigo não era apenas retórica, mas um passo necessário da gnose moderna. Para que o paraíso prometido se realize, o inimigo precisa ser definido, isolado e destruído. Nesse processo, a propaganda não apenas forma consciências, mas fabrica demônios.
Livingstone Smith mostrou-me como esse desenvolvimento culmina na desumanização efetiva. Primeiro, nega-se a dignidade do outro no discurso; depois, normaliza-se o insulto; em seguida, o adversário se torna “ameaça” e “perigo existencial”. A etapa final, inevitável, é a eliminação física. Em terceira pessoa, os discursos midiáticos confirmavam isso diariamente: adversários tratados como caricaturas, conservadores pintados como monstros, opositores retratados como obstáculos à sobrevivência da humanidade. Em primeira pessoa, eu via que cada palavra assim lançada era um preâmbulo de violência futura.
Foi nesse ambiente que o assassinato de Kirk deixou de ser impensável para se tornar previsível. Quando se naturaliza a ideia de que o outro é menos humano, cedo ou tarde alguém levará essa ideia às últimas consequências. O disparo em Utah foi apenas a materialização do que já vinha sendo cultivado nos corações e mentes por décadas. Eu não pude me surpreender, apenas confirmar o que já era visível no horizonte.
A doutrinação, como Stewart mostrava no caso dos clubes religiosos, sempre depende de financiamento e de redes organizadas. No desenvolvimento do progressismo cultural, isso se mostrou ainda mais claro: ONGs transnacionais, fundações milionárias, empresas de tecnologia. Todas atuando em convergência, investindo em educação, cultura e mídia. Em terceira pessoa, os relatórios de financiamento são públicos, os programas anunciados em conferências globais. Em primeira pessoa, eu via o resultado no comportamento juvenil: o eco perfeito das agendas que vinham de cima.
O desenvolvimento desse processo não apenas dividiu a sociedade, mas criou duas realidades inconciliáveis. A polarização não é apenas um estado de espírito, é uma estrutura ontológica imposta pela ideologia. Quem aceita a propaganda vive em um cosmos; quem resiste permanece no real. Voegelin chamaria isso de eclipse da realidade. Ortega diria que é a revolta das massas contra a exceção. Eu, em minha experiência, digo que é o terreno inevitável da guerra cultural transformada em guerra política.
Esse desenvolvimento é dialético: quanto mais a propaganda fortalece a fragilidade juvenil, mais violenta se torna a reação contra os que resistem. Quanto mais se constrói o inimigo, mais necessária se torna a sua eliminação. Assim, a violência não aparece como excesso, mas como dever. O assassino de Kirk não se viu como criminoso, mas como executor de uma missão. A propaganda o havia convencido de que estava servindo a algo maior.
E, de fato, a massa o legitimava. Não toda ela, é claro, mas o suficiente para que seu gesto encontrasse eco. Em terceira pessoa, as reações de alguns setores foram reveladoras: justificativas veladas, silêncios cúmplices, sorrisos discretos. Em primeira pessoa, eu percebi que a indiferença já era a confirmação: quando a morte do outro não causa horror, a desumanização alcançou seu ponto culminante.
Nesse sentido, a morte de Kirk não é apenas a consequência, mas a síntese. É o momento em que a propaganda, a doutrinação e a construção do inimigo convergem no ato concreto da eliminação física. A gênese, que parecia difusa, revelou-se no desenvolvimento como máquina. Máquina eficiente, paciente, sustentada por dinheiro, pedagogia e narrativa.
Ao olhar para esse desenvolvimento, vejo que ele não se encerra em Kirk, mas se abre como modelo. Se funcionou uma vez, funcionará de novo. O inimigo já foi definido, as massas já foram condicionadas, a máquina já foi testada. A violência que agora surge não é um acidente, é o resultado lógico de um projeto. E o desenvolvimento desse projeto mostra que o próximo passo será sua multiplicação.
Artigo III – A Situação Atual e a Perspectiva Futura: O Espírito Assassino do Progresso.
Chegado a este ponto, não posso mais fingir que vivo em uma sociedade apenas dividida por opiniões. O que vejo diante de mim é o desdobramento final de um processo iniciado na gênese propagandística e consolidado pelo desenvolvimento da doutrinação. A situação atual é a da violência tornada normalidade, da morte do adversário convertida em ato político, da desumanização realizada não apenas no discurso, mas no sangue. O assassinato de Charlie Kirk é o marco que revela a profundidade dessa crise.
Em terceira pessoa, os fatos são claros: Kirk tombou diante de uma multidão, durante um evento que deveria ser debate, não batalha. A arma foi encontrada num bosque, o governador denunciou assassinato político, e a imprensa correu para enquadrar o ocorrido segundo seus próprios vieses. Em primeira pessoa, eu sei que não foi apenas a bala que o matou, mas toda uma mentalidade cuidadosamente cultivada que lhe tirou a humanidade antes mesmo de lhe tirar a vida.
Vejo aqui a síntese hegeliana em sua forma mais cruel. A tese do progresso absoluto se encontrou com a antítese da resistência conservadora, e a síntese foi a morte de um homem no palco. A astúcia da ideologia revelou-se na astúcia da razão histórica: não basta derrotar o adversário no campo simbólico, é preciso eliminá-lo fisicamente para que o projeto gnóstico avance sem contestação. O espírito da época exige sacrifícios, e Kirk tornou-se um deles.
Voegelin descreveu esse processo como o eclipse da realidade. O que vivemos agora é um mundo onde a ideologia tomou o lugar da verdade, e quem ousa apontar o real é visto como inimigo mortal. Ortega y Gasset, por sua vez, já havia advertido que o homem-massa não suporta a exceção. Kirk representava essa exceção intolerável: alguém que não se curvava às narrativas dominantes. Sua morte, portanto, foi celebrada por alguns como triunfo da uniformidade.
Não posso deixar de recordar Hannah Arendt e sua análise da banalidade do mal. O que vemos hoje não são monstros isolados, mas indivíduos comuns, educados por anos de doutrinação, que se tornam capazes de justificar ou tolerar o assassinato em nome de uma causa. A banalidade do mal se manifesta no silêncio das instituições, na indiferença de parte da opinião pública, na pressa em transformar um homicídio em estatística.
Mário Ferreira dos Santos ilumina outro aspecto: a dissolução da unidade espiritual do homem. Quando o homem perde a consciência de sua natureza transcendente, resta apenas o animal político reduzido ao jogo de forças. A situação atual é justamente essa: a vida humana vale enquanto serve ao projeto; fora disso, é descartável. A desumanização, antes retórica, agora é lei prática.
Em terceira pessoa, o cenário é nítido: polarização crescente, assassinatos políticos entrando na pauta, censura institucionalizada, violência simbólica como rotina. Em primeira pessoa, eu sinto que já não se trata de evitar o pior, mas de reconhecer que o pior já começou. O futuro não é ameaça distante, mas desdobramento imediato do presente.
Se nada for interrompido, a perspectiva futura é sombria. A morte de Kirk se tornará precedente. Outros nomes entrarão na lista dos sacrificáveis. A cada novo atentado, a propaganda encontrará combustível para reforçar narrativas, para justificar mais censura, para exigir mais controle. O círculo vicioso entre violência, martírio e propaganda se intensificará.
Vejo que essa engrenagem não se limita a um país, mas faz parte de uma ordem global. O financiamento não cessa: corporações, governos e organismos transnacionais continuam a investir no mesmo projeto. A meta não é apenas controlar narrativas, mas moldar consciências até que a divergência desapareça por completo. A violência física é apenas o braço final dessa máquina espiritual e política.
E aqui a astúcia da ideologia aparece novamente: cada assassinato é ao mesmo tempo fracasso e vitória. Fracasso porque revela a barbárie que se tentou ocultar; vitória porque aterroriza, silencia, elimina. O futuro, portanto, dependerá da capacidade de resistir a essa lógica, de recusar a propaganda e de recuperar a consciência da humanidade do outro.
Mas não me iludo: essa resistência será cada vez mais difícil. Ortega descreveu a tirania da mediocridade; Voegelin advertiu contra os eclipses da realidade; Arendt mostrou como o mal pode tornar-se rotina; Mário Ferreira lembrou do perigo de perdermos a dimensão espiritual. Todas essas advertências se cumprem agora diante de nós. O assassinato de Kirk não é anomalia, é confirmação.
Em primeira pessoa, só posso concluir que vivo em uma era em que a política deixou de ser debate e se tornou campo de extermínio simbólico e físico. Em terceira pessoa, todos os sinais já estão diante de nós, mas poucos querem vê-los. O futuro será apenas a amplificação dessa lógica se não houver um retorno radical à verdade, à realidade e à dignidade do homem.
Assim, a situação atual é a da barbárie revestida de progressismo, e a perspectiva futura é a de um mundo em que cada opositor será tratado como inimigo absoluto. Kirk foi o primeiro a tombar nesta fase, mas não será o último. A menos que despertemos, a história repetirá seus ciclos de sangue, sempre em nome de ideais que prometem céu e entregam inferno.
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