sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A Mentira Comunista e a Verdade dos Fatos - Antônio Freixo.

 



ÍNDICE

Capítulo I – A Mentira Fundadora: Entre o Paraíso Perdido e a Utopia Assassina

  1. O Grito de Marx: Filosofia como Guerra
    A origem do comunismo como heresia política da modernidade.
  2. Dialética ou Feitiçaria? O Método que Gera Caos
    Como a dialética marxista virou um truque retórico para legitimar violência.
  3. Utopia Encarnada: O Evangelho Segundo Lênin
    A substituição do Salvador por um Partido.
  4. O Inimigo É a Realidade
    A construção do "mundo novo" exige negar o mundo real, com suas leis, hierarquias e tragédias.

Capítulo II – A Máquina de Tomar o Poder: Técnica, Partido e Vingança

  1. A Revolução Não é um Evento, É um Método
    Tomar o Estado, ocupar consciências, destruir a moral.
  2. O Partido Como Novo Deus
    Da consciência de classe à nova infalibilidade secular.
  3. Guerra Psicológica: O Comunismo Não Debate, Corrói
    Controle da linguagem, reengenharia mental, relativismo totalitário.
  4. A Política Como Extermínio Moral
    Eliminar o adversário não por argumento, mas por desumanização.

Capítulo III – O Século de Sangue: Aplicações Reais da Ideia

  1. O Laboratório Soviético: Cadáveres Como Engrenagem
    Lênin, Stalin, os gulags e o genocídio como política pública.
  2. China: A Revolução Come os Filhos e os Pais
    Mao, a Revolução Cultural, e o culto à ignorância revolucionária.
  3. Cuba: A Ilha do Terror com Sabor de Propaganda
    Como um presídio virou símbolo de liberdade para idiotas úteis.
  4. O Terceiro Mundo Vermelho: Angola, Camboja, Coreia do Norte
    Cada aplicação local tem sua originalidade, mas o horror é o mesmo.

Capítulo IV – O Novo Comunismo: Pós-moderno, Global e Idenitário

  1. O Comunismo de Gucci: Camaradas de iPhone e Gênero Neutro
    Como a esquerda trocou o macacão pelo TikTok, mas manteve o plano.
  2. Revolução Cultural 2.0: Escola, Mídia, Diversidade e Censura
    A nova doutrinação não usa tanques, mas emojis e hashtags.
  3. Capitalismo de Estado: O Regime Chinês e seus Amiguinhos Globais
    Como empresas e comunistas estão cada vez mais na mesma cama.
  4. Brasil Vermelho: Das CEBs ao Foro de São Paulo
    O caso brasileiro como exemplo da lenta e sistemática corrosão da pátria.

Capítulo V – O Antídoto: Verdade, Memória e Combate

  1. A Lição dos Mortos: Por Que Lembrar é Resistir
    Sem memória, repete-se o crime. Negar os mortos é repetir Stalin com sorriso.
  2. Contra o Espírito Revolucionário: Reagir com Alma e Razão
    O combate ao comunismo começa pela restauração da consciência.
  3. O Último Mito: “Nunca Foi Implementado de Verdade”
    A falácia mais nojenta do século. Foi sim, e matou.
  4. A Reconquista: A Tradição Como Arma Contra a Mentira
    Religião, filosofia, família, pátria – os pilares que o comunismo tenta destruir.

 

 

Capítulo I – A Mentira Fundadora: Entre o Paraíso Perdido e a Utopia Assassina
Artigo 1 – O Grito de Marx: Filosofia como Guerra

Karl Marx não fundou uma filosofia. Fundou um grito. E gritos não são ideias – são sintomas. O que você lê nas primeiras páginas do Manifesto Comunista não é uma construção racional com premissas e conclusões: é um diagnóstico histérico com vocação de sentença. Ele não quer compreender o mundo: ele quer queimar o mundo. A tal “filosofia” de Marx é menos um sistema e mais um ressentimento armado de retórica. Não à toa, até hoje, ninguém se cura com marxismo – só adoece com estilo.

A origem do comunismo não está em um pensamento que visa a verdade, mas em um recalque da alma diante da realidade. Marx não nega a ordem porque descobriu uma verdade superior. Ele a nega porque não suporta que ela exista. É o grito do revoltado contra a ordem do mundo, contra a desigualdade natural, contra a beleza hierárquica das coisas. E esse grito virou método, virou partido, virou revolução. O que começa com um barulho na alma termina com o silêncio nos cemitérios.

A lógica do pensamento comunista é a da inversão. O pobre é puro, o rico é sujo. O operário é sábio, o burguês é tolo. O passado é opressor, o futuro é redentor. E o mundo real, com suas complexidades, nuances e contradições, deve ser esmagado sob as botas da “necessidade histórica”. A tal “ciência” do marxismo é um truque: ela parte da conclusão (a luta de classes como motor) e força a história a caber dentro da tese. O comunismo não interpreta o mundo – ele o falsifica metodicamente.

No fundo, Marx encarna a herança gnóstica: o mundo é mal, criado por uma ordem falsa, e só será salvo pela revolta dos iluminados. Só que o gnóstico do século XIX trocou os anjos por proletários e os arcanos por dialética. A metafísica virou panfleto. A religião virou panfletagem. E no lugar da Graça, veio a Revolução. O comunismo, assim, é menos uma proposta política do que uma paródia do Cristianismo – com inferno na Terra e sem possibilidade de salvação.

Aos olhos de Marx, o pecado não está no homem, mas nas estruturas. Logo, não é preciso converter almas, mas destruir instituições. O paraíso será instaurado não pela conversão interior, mas pela destruição exterior. É por isso que o comunismo não cria: destrói. Não edifica: sabota. Não redime: vinga. Sua força vem do ódio, e sua esperança vem da inveja. E quando toma o poder, não promove justiça, mas sim iguala tudo no sofrimento. Em nome da igualdade, apaga-se a dignidade.

Ao longo do século XX, esse grito virou metralhadora. Da Rússia à China, de Cuba ao Vietnã, do Camboja à Venezuela, o que se viu não foi a utopia dos operários, mas a ditadura dos canalhas. E no entanto, nas universidades ocidentais, o grito de Marx segue vivo – reeditado, reembalado, envernizado. Agora ele vem com pronome neutro, com pauta identitária, com ar de justiça social. Mas o espírito é o mesmo: é a alma revoltada que odeia a realidade e quer impor sua fantasia pela força.

Hoje, quando você vê um jovem bradando contra o “sistema”, exaltando Che Guevara com a camiseta da Nike, o que você ouve é o eco daquele mesmo grito. Um grito velho, cansado, mas ainda perigoso. Porque onde ele é levado a sério, corpos caem. Onde ele é ignorado, mentes apodrecem. E onde ele é idolatrado, a liberdade morre. O grito de Marx é a negação do logos. É a rejeição da ordem. É o barulho que se faz quando se prefere a destruição à verdade.

Se você não entendeu isso, não entendeu nada. O comunismo não é uma teoria econômica mal formulada. É uma guerra espiritual travestida de ciência social. E seu campo de batalha somos nós. Nossa história, nossa consciência, nossa alma.

Artigo 2 – Dialética ou Feitiçaria? O Método que Gera Caos

Se o diabo tivesse que inventar um método filosófico para confundir os homens, não inventaria coisa melhor que a dialética marxista. Com um jogo de palavras que muda de significado conforme a conveniência, ela transforma contradição em motor da história, mentira em ferramenta e caos em estratégia. Não é um método para conhecer a realidade – é um truque para dominá-la. Quem entra na lógica da dialética marxista já não pensa para entender, pensa para destruir.

A tal “superação” das contradições, que Marx pegou emprestada de Hegel, vira uma licença para afirmar uma coisa e seu oposto, desde que o objetivo final seja mantido: a revolução. Se em um momento o comunista defende a liberdade de imprensa, é porque está na oposição. Quando assume o poder, censura tudo, e diz que é para proteger a revolução. Se ontem dizia que a luta era econômica, hoje diz que é racial, de gênero ou ambiental – e o método se adapta como um vírus. A dialética não serve à verdade, serve ao poder.

Essa fluidez proposital cria uma vantagem estratégica: o comunista nunca está errado. Se a revolução falha, foi sabotada. Se ela triunfa e vira ditadura, é culpa do imperialismo. Se os pobres continuam pobres, é porque ainda não chegamos ao estágio final. É sempre culpa do outro, e o método permite essa fuga constante da responsabilidade. É uma lógica de má-fé embutida no próprio alicerce do pensamento. O sujeito se blinda contra qualquer autocrítica com um escudo feito de fumaça.

Mais que método, é feitiçaria. A realidade concreta vira acessório da tese, e não o contrário. Isso lembra os antigos magos que acreditavam que, mudando o nome das coisas, mudavam sua essência. Marx fez o mesmo: rebatizou a inveja de “justiça social”, o roubo de “redistribuição”, a violência de “luta de classes”. A dialética é a alquimia do ressentimento. Mistura tudo no mesmo caldeirão – história, economia, moral, mito – e sai com um veneno ideológico altamente adaptável.

Na prática, isso gera o caos mental. O estudante que mergulha na dialética marxista perde os referenciais. Já não sabe distinguir causa de consequência, indivíduo de estrutura, fato de narrativa. Aprende a relativizar tudo – exceto a revolução. Ele não busca compreender, busca desconstruir. E por isso, toda análise feita sob esse método é, no fundo, um instrumento de subversão. O mundo não é mais uma realidade a ser compreendida, mas uma opressão a ser desmantelada.

E o pior: o sucesso da dialética marxista não se deve à sua profundidade, mas à sua utilidade como arma. Governos, partidos, ONGs, universidades e movimentos a usam como cobertura teórica para justificar o injustificável. Ela dá um ar de legitimidade acadêmica ao instinto revolucionário. Permite que o professor destrua a cabeça dos alunos sem parecer um militante. Permite que o político roube em nome do povo. Permite que o criminoso vire vítima da sociedade. É o alibi universal.

No fim das contas, a dialética marxista não é uma forma de pensamento, mas uma forma de dominação. Quem pensa por ela se torna incapaz de olhar o mundo sem filtros ideológicos. E quem se opõe a ela vira inimigo mortal. A dialética é o chicote mental que os donos da revolução usam para manter suas massas em marcha. E se você acha que ela é apenas uma “corrente filosófica”, já caiu no feitiço.

Artigo 3 – Utopia Encarnada: O Evangelho Segundo Lênin

Lênin não era um intelectual. Era um fanático com método. Ele não queria compreender o mundo – queria tomá-lo. Se Marx é o pai do dogma, Lênin é o apóstolo da ação. Foi ele quem pegou a utopia abstrata e a cravou na carne da história, com ferro, bala e propaganda. Transformou o comunismo de teoria revolucionária em plano de poder. E ao fazer isso, criou o Evangelho da Salvação pelo Partido, com mártires, rituais, catecismo e um inferno permanente para os hereges.

O Partido, segundo Lênin, não é apenas um instrumento: é o portador da verdade histórica. Seus membros são a vanguarda da humanidade. Eles não representam apenas uma classe, mas o destino. Quem se opõe ao Partido, portanto, não erra – blasfema. Daí o fanatismo. O comunismo se tornou uma religião secular: tem profeta (Marx), messias (Lênin), escritura (O Capital), liturgia (congresso partidário), santos (Che, Fidel, Mao), e inferno para todos os “reacionários”, “burgueses” e “fascistas”.

Lênin fundou uma ortodoxia política baseada no ódio ao mundo existente. Para instaurar o paraíso futuro, tudo pode ser feito no presente: mentir, matar, torturar, trair, censurar. Ele mesmo escreveu que “a moral comunista é aquela que serve à revolução”. Não há mandamento, não há ética, não há limite. O único critério é a utilidade revolucionária. Isso significa que o comunista não mente porque é corrupto, mente porque é coerente. A mentira serve à causa. O pecado virou virtude se for pela revolução.

Foi assim que o bolchevismo instaurou o primeiro regime totalitário moderno. Antes mesmo de Hitler, Lênin já havia criado campos de concentração, eliminado adversários políticos, destruído a imprensa, militarizado a educação, controlado a cultura e instaurado um Estado de terror sob pretexto de emancipação. E tudo isso com apoio de intelectuais, jornalistas e artistas do Ocidente, encantados pela “esperança vermelha”. O século XX começou com um culto genocida em nome do povo.

O mais impressionante é que tudo isso foi feito sem nunca cumprir uma única promessa. A terra prometida aos camponeses foi estatizada. As fábricas prometidas aos operários foram controladas por burocratas. A liberdade prometida virou vigilância. A igualdade virou miséria geral. Mas o mito permaneceu. Lênin não precisava entregar resultados – bastava manter viva a promessa. E para isso, bastava manter viva a guerra: contra os kulaks, contra os capitalistas, contra o passado, contra os próprios camaradas.

O evangelho leninista exige fé. Fé no Partido, fé na História, fé no porvir. E essa fé não se alimenta de razão, mas de ressentimento. O militante não espera um futuro melhor porque viu sinais disso, mas porque odeia o presente. O ódio é a energia do crente vermelho. Ele não luta por amor ao futuro – luta por desprezo ao agora. Por isso, qualquer crítica realista, qualquer dado concreto, qualquer fato que desminta o dogma é tratado como crime moral. A utopia deve continuar intacta, mesmo que custe milhões de cadáveres.

Ao fim, Lênin inaugurou o regime onde a mentira é método, o crime é virtude e a utopia é desculpa para o inferno. Sua herança não é apenas a União Soviética. É o modelo para todos os regimes que sacrificam o povo em nome do povo. Onde a revolução triunfa, a verdade morre. E onde a verdade morre, Lênin sorri em seu mausoléu.

Artigo 4 – O Inimigo É a Realidade

Não é o capitalismo o verdadeiro inimigo do comunismo. Nem a burguesia, nem a propriedade privada, nem os "valores tradicionais". O inimigo é mais profundo, mais visceral: é a própria realidade. Simplesmente aquilo que está aí, dado, existente, com suas desigualdades, dores, hierarquias, belezas e tragédias. O comunismo não quer reformar o mundo. Quer substituí-lo. E para isso, precisa declarar guerra contra tudo o que é. Contra o que foi. E contra o que pode ser sem ele.

A realidade é intolerável para o espírito revolucionário porque ela impõe limites. Ela diz “isto é”, e esse “é” é insuportável. A beleza da família, por exemplo, mostra que ela precede o Estado. A existência da diferença entre os homens, de talentos, de méritos, de vocações, mostra que a igualdade absoluta é uma ficção. A experiência religiosa mostra que há algo acima do Partido. A tradição mostra que há um saber acumulado mais sábio do que qualquer decreto ideológico. Tudo isso grita contra a utopia. Então deve ser calado.

O comunista, em sua essência, é um deformador do real. Onde há homem, ele vê estrutura. Onde há culpa pessoal, ele vê opressão sistêmica. Onde há mérito, ele vê privilégio. Onde há sofrimento natural, ele vê inimigo político. Sua obsessão é reinterpretar o mundo inteiro de modo a justificar a revolução. E se os fatos não colaboram, problema dos fatos. A verdade deve se adaptar à tese – não o contrário. É por isso que, onde o comunismo governa, a realidade vira peça de museu. Substituída por narrativas, slogans, índices falsos e propaganda.

A mentira não é uma falha ocasional – é o cimento da estrutura. Um governo comunista só sobrevive mentindo. Ele mente sobre sua história, mente sobre suas intenções, mente sobre seus fracassos, mente sobre os outros. Cuba é “paraíso da saúde”, China é “capitalismo com características chinesas”, o PT é “defensor da democracia”, e por aí vai. A mentira é tão grande, tão desavergonhada, tão repetida, que se transforma em ambiente. A população inteira passa a respirar ilusão. A verdade vira clandestina.

Essa guerra contra o real assume formas variadas. Na economia, é o tabelamento insano, o planejamento central, a estatização que destrói a produtividade. Na cultura, é a censura, a arte militante, o revisionismo histórico. Na linguagem, é a reinvenção das palavras: “homofobia”, “machismo estrutural”, “necropolítica”, “fascismo” – tudo redefinido para servir à guerra ideológica. Na educação, é a doutrinação, o esquecimento programado, a esterilização da inteligência. Tudo o que conecta o homem à verdade precisa ser arrancado.

No Brasil, essa guerra foi travada de forma lenta, sorrateira, ao longo de décadas. Em vez de tanques, usaram pedagogos. Em vez de fuzis, usaram editoras. Em vez de campos de trabalho, usaram universidades. Mas o objetivo é o mesmo: afastar o povo de qualquer senso de realidade, para que aceite qualquer mentira em troca de promessas. Foi assim que milhões passaram a ver criminosos como vítimas, autoridades como opressores e liberdade como discurso de ódio.

Ao fim, o comunismo não é só uma ideologia política. É uma intoxicação espiritual. Ele mina a percepção do mundo, destrói a confiança nos sentidos, embaralha os critérios, substitui a consciência pela militância. E quando tudo isso está feito, o sujeito não é mais um cidadão – é um zumbi com crachá. Um repetidor de chavões. Um defensor do irreal contra o que está diante dos olhos.

Por isso, lutar contra o comunismo não é apenas um debate político – é uma reconquista da sanidade. É restaurar o simples ato de ver, de dizer “isso é”, “isso não é”, “isso foi”, “isso será”. E essa restauração começa com uma frase simples, mas hoje revolucionária: a realidade existe. Só isso já basta para desmoronar a torre inteira de papelão revolucionário.

Capítulo II – A Máquina de Tomar o Poder: Técnica, Partido e Vingança
Artigo 1 – A Revolução Não é um Evento, É um Método

A maior ilusão sobre o comunismo é acreditar que ele acontece. Como se fosse um ponto no tempo, uma explosão, uma tomada súbita do poder por meia dúzia de fanáticos barbudos com bandeira vermelha. Não. O comunismo não é um evento: é um método. Um processo. Uma corrosão planejada que começa muito antes dos tiros e continua muito depois dos cadáveres. É uma guerra sem frente definida, onde o inimigo não percebe que está sendo atacado até já estar ajoelhado.

A revolução, nesse método, começa pela linguagem. Muda-se o sentido das palavras. “Igualdade” já não significa justiça proporcional, mas nivelamento compulsório. “Democracia” vira poder do partido, mesmo com um só candidato. “Direitos” passam a ser favores do Estado. O idioma inteiro vai sendo sequestrado, de dentro. Ninguém percebe de imediato. Mas, quando se tenta argumentar com um militante, tudo já virou gelatina semântica. E sem linguagem, não há pensamento. Sem pensamento, não há resistência.

Depois da linguagem, vem a cultura. Não se proíbe a arte – primeiro, suborna-se o artista. Paga-se via Lei Rouanet, edital, festival. Em troca, ele canta a revolução com as palavras da moda. Quando a nova moral já estiver nos palcos, nos livros, nos filmes, o povo começa a repetir sem pensar. E quem não repete, é escorraçado. O controle da cultura precede o controle das armas. A música doutrina antes da milícia. É a velha técnica gramsciana: ocupar o imaginário antes de ocupar o palácio.

Em seguida, vem a educação. O método revolucionário sabe que é preciso desarmar intelectualmente as futuras gerações. Enchem-se as escolas com pedagogia do oprimido, marxismo disfarçado de sociologia, geografia que culpa o capitalismo pelo clima, história que omite os milhões de mortos do comunismo e exalta ditaduras “progressistas”. Tudo isso embalado em linguagem de “crítica social”. O sujeito chega à universidade achando que pensar é odiar. Sai de lá sem saber distinguir um argumento de um grito de militante.

A política é o último estágio. Quando a linguagem já está contaminada, a cultura já está domesticada e a educação já foi doutrinada, o povo vota com a alma já formatada. A revolução não precisa mais de tanques – ela vem por dentro das urnas. E se alguém resiste, gritam “fascista!”. O comunismo, então, veste terno, fala em democracia, defende a Constituição – tudo enquanto corrompe as instituições, aparelha o Estado, censura disfarçadamente e prepara a próxima fase da tomada.

Tudo isso é método. Não há improviso. O Foro de São Paulo, por exemplo, não foi uma reunião de amigos. Foi um escritório de metas, prazos e infiltrações. A revolução atual não tem mais foice, tem tablet. Não carrega a estrela vermelha, mas a do globalismo progressista. Não canta “A Internacional”, mas canta pela “inclusão”, pelo “planeta”, pelas “minorias”. Mudaram os rótulos, não o conteúdo. O plano continua: tomar o poder total, em todas as esferas da vida.

Por isso, esperar por um “golpe comunista” é ingenuidade. Ele não virá com tanques na rua. Já veio com leis absurdas, com decisões judiciais cínicas, com militantes travestidos de jornalistas, com professores analfabetos ideológicos, com artistas que chamam censura de amor. Já está em curso, e quem não viu, é porque foi comendo o cardápio do método achando que era progresso.

A revolução, repito, é um método. E contra método, não se luta com indignação ocasional. Luta-se com inteligência, estratégia e memória. É preciso entender o plano, mapear as etapas, romper as engrenagens. Não basta gritar “abaixo o comunismo”. É preciso desmontar a máquina. Peça por peça.

Artigo 2 – O Partido Como Novo Deus

Uma das maiores obras de engenharia mental da modernidade foi transformar um bando de burocratas homicidas em representantes legítimos da humanidade. Essa mágica foi feita com a invenção do Partido comunista. Não como agremiação política qualquer, mas como entidade metafísica. Ele não é um agrupamento de homens com ideias – é uma encarnação histórica da Verdade, da Justiça, do Futuro. Em outras palavras: é o novo Deus. Onisciente, infalível e invisivelmente onipresente.

O Partido é, desde Lênin, a vanguarda. Mas vanguarda do quê? De uma classe que, segundo Marx, deveria se autolibertar. Já começa aí a fraude: o operário, que deveria fazer a revolução, vira massa de manobra de uma casta iluminada de intelectuais militantes. O proletariado não pensa, não decide, não escolhe. O Partido pensa por ele. Decide por ele. Fala por ele. E, no final, governa sobre ele com mais rigor do que qualquer burguês jamais sonhou.

Essa estrutura hierárquica, disciplinada, quase clerical, não é por acaso. O Partido é concebido como um corpo único, onde cada membro é uma célula obediente. Não há espaço para dúvida, reflexão autônoma, nem consciência individual. A famosa “disciplina partidária” significa, na prática, anulação da pessoa. O militante que pensa com a própria cabeça é imediatamente acusado de “desvio pequeno-burguês”. A fidelidade ao Partido é a nova fé. Quem duvida, já pecou.

O resultado disso é uma máquina desumana que se retroalimenta. O Partido controla o discurso, o discurso controla as mentes, as mentes controladas sustentam o Partido. É um ciclo fechado. Um absolutismo disfarçado de libertação. E como toda divindade moderna, o Partido é ciumento. Não admite concorrência. Por isso persegue a religião, deslegitima a família, ridiculariza a tradição, substitui o professor por um doutrinador e o pai por um agente estatal. Tudo que possa formar uma consciência fora da linha é ameaça direta.

É assim que o Partido se infiltra no cotidiano. Ele não está só no parlamento ou no sindicato. Está na escola, na novela, na linguagem, no pronome neutro, na palestra de diversidade, na cartilha da ONU. Ele não precisa se apresentar como “Partido Comunista”. Pode vir como ONG, como instituto, como coletivo, como conselho, como ministério. Mas a essência é a mesma: conduzir as massas à utopia decidida por meia dúzia de sociopatas iluminados.

E quem sustenta essa estrutura? O idiota útil. Aquele que repete frases feitas, acredita nas intenções puras do Partido, milita por causas que não entende e acusa os outros de fascismo. Ele não sabe que é escravo. E se sabe, acha bonito. Porque o Partido oferece a ele um sentido, uma tribo, um heroísmo de boutique. A militância vira identidade, e a identidade vira prisão. O sujeito já não consegue sair, sob pena de ser cancelado, excomungado, eliminado.

O Partido, ao se colocar como absoluto, torna impossível qualquer vida fora dele. O comunismo, uma vez institucionalizado, destrói o espaço público, liquida a oposição, transforma o adversário em inimigo e o cidadão em súdito. O que começa como uma “luta pelos oprimidos” termina como um reinado de burocratas psicopatas com apoio de artistas lacradores e jornalistas de aluguel. O inferno, mas com selo de aprovação da UNESCO.

No fim, o Partido comunista é a caricatura do que ele diz combater. É uma aristocracia sem nobreza, um clero sem santidade, um exército sem honra. E como todo falso deus, exige sacrifícios. Milhões deles.

Artigo 3 – Guerra Psicológica: O Comunismo Não Debate, Corrói

Se você acha que o comunismo quer ganhar o debate, está enganado. Ele quer acabar com a possibilidade de debate. Não porque não tenha argumentos, mas porque o debate exige um terreno comum de realidade, e como vimos, a realidade é o inimigo. A estratégia comunista é, desde o início, psicológica: entrar na mente do sujeito, confundir os critérios, desmontar os referenciais, desmoralizar o pensamento. O objetivo não é convencer – é desorientar.

O comunismo opera como uma infecção. Ele não precisa conquistar corações e mentes com a força da razão, mas com a persistência da dúvida. O comunista pergunta: “mas quem define o que é verdade?”, “quem disse que isso é justo?”, “e se tudo for uma construção social?”. Parece reflexão profunda – é sabotagem epistemológica. Quando tudo é relativo, tudo é manipulável. O comunismo começa a ganhar não quando prova estar certo, mas quando faz com que ninguém mais saiba o que é certo.

Por isso a guerra é de linguagem. Palavras simples como “homem”, “mulher”, “liberdade”, “família”, “cultura”, “propriedade” são redefinidas até se tornarem irreconhecíveis. “Tolerância” passa a significar censura ao discurso conservador. “Diversidade” vira obrigatoriedade ideológica. “Democracia” se torna sinônimo de hegemonia da esquerda. O sujeito acorda num mundo em que as palavras ainda soam familiares, mas não significam mais o que significavam. É o velho truque do mágico: mostrar uma coisa, fazer outra.

Esse ataque à linguagem tem um alvo claro: a estrutura mental do cidadão comum. Não o militante – o sujeito médio. O pai de família que trabalha, que tem valores, que quer proteger os filhos. Esse homem é o inimigo silencioso da revolução, porque representa uma ordem que existe sem a permissão do Partido. E para destruí-lo, não basta ridicularizá-lo. É preciso fazê-lo duvidar de si mesmo. Fazê-lo se calar. Fazê-lo se sentir culpado. E isso se faz com anos de desgaste psicológico.

A educação escolar serve para isso: não para formar, mas para deformar. O aluno é treinado a desconfiar dos pais, da fé, da história, da pátria. Aprende que tudo é opressão, que toda hierarquia é injusta, que toda tradição é opressiva. Sai da escola sabendo odiar – e achando que isso é pensar. Se o pai reage, é retrógrado. Se o professor doutrina, é progressista. O aluno aprende que contestar a doutrinação é “fascismo”. E assim, o terror psicológico vai se naturalizando.

A mídia cumpre outro papel fundamental: saturar. É preciso que o cidadão comum, ao ligar a televisão, abrir o jornal ou rolar o celular, seja bombardeado por slogans, narrativas e imagens que repitam, ininterruptamente, os mantras do regime mental em construção. A guerra não é pelo conteúdo – é pela repetição. A mente humana resiste à força, mas cede ao cansaço. O que não se vence pela razão, se vence pela insistência. O resultado? Uma população mentalmente esgotada, mas ideologicamente dócil.

No fim, o comunismo não vence com tanques, mas com traumas. Ele gera culpa, vergonha, medo, apatia. Ele transforma o cidadão livre em sujeito suspeito. E isso, repetido por anos, gera uma nação de silenciados. Ninguém quer mais discutir. Ninguém quer ser “cancelado”, “machista”, “elitista”. Então todos fingem concordar, e o fingimento generalizado vira hegemonia. A mentira não precisa mais ser imposta: é adotada por covardia.

Essa é a verdadeira revolução: não tomar o poder, mas tomar as almas. O comunismo que entra na mente não precisa mais entrar pela força. Já ganhou antes mesmo de se declarar.

Artigo 4 – A Política Como Extermínio Moral

O comunismo nunca quis apenas o poder político — ele quer o monopólio da moral. E para isso, precisa transformar a política em campo de extermínio. Não de ideias, mas de consciências. Não se trata de vencer adversários, mas de destruir suas almas em praça pública. O debate, quando ocorre, é apenas o teatro onde a humilhação é encenada como justiça. A política, sob domínio da mentalidade revolucionária, vira um tribunal onde o réu não tem defesa e o juiz já é militante.

O primeiro passo é moralizar o conflito. A divergência vira pecado. Discordar do comunista não é só erro: é imoralidade. Quem defende propriedade privada, por exemplo, “odeia os pobres”. Quem critica o feminismo “apoia o estupro”. Quem acredita em Deus “é fundamentalista”. O truque é simples: transformar posições políticas legítimas em sinais de perversão. Isso esvazia a discussão e transforma o oponente em monstro. E monstro não se debate — se elimina.

O segundo passo é a inversão. O criminoso vira vítima. O vagabundo vira herói. O corrupto é “perseguido político”. O patriota é “golpista”. A ordem é sempre essa: atacar o caráter dos inocentes e santificar os canalhas. Essa engenharia doentia destrói os parâmetros morais da sociedade. Quando tudo é justificável, nada é mais condenável. Quando todo julgamento depende da ideologia, a justiça desaparece. E o resultado é o que vemos: um país inteiro onde quem presta tem medo de falar e quem não presta dá palestra.

A mídia, claro, é o ministério da verdade desse regime mental. Ela não informa — ela acusa. Ela não narra fatos — ela molda vilões e santos conforme a cartilha. O político de direita é sempre suspeito, mesmo sem provas. O militante de esquerda é sempre vítima, mesmo com o rastro de dinheiro sujo. Não se trata de erro jornalístico. Trata-se de uma campanha contínua de assassinato de reputações. A guerra revolucionária não quer calar o adversário, quer torná-lo intragável. Quer fazer com que ninguém mais ouse estar ao seu lado.

Isso se estende ao cotidiano. A cultura do cancelamento é apenas a versão digital dos antigos expurgos soviéticos. O sujeito diz uma verdade incômoda? Perde o emprego. Faz uma piada errada? É linchado virtualmente. Questiona a narrativa? Vira alvo de difamação. A nova política não precisa mais prender, torturar ou banir fisicamente — basta destruir a dignidade do indivíduo. O corpo pode estar livre, mas a consciência está acorrentada pela chantagem moral.

O pior é que isso contamina até os que resistem. Gente de bem, por medo ou cálculo, começa a se autocensurar. Evita temas. Usa eufemismos. Pede desculpas por existir. Vai aceitando pequenos absurdos para evitar grandes conflitos. E quando percebe, já se ajoelhou diante do novo regime. O comunismo não venceu pela força, mas pela pressão. Não invadiu, mas invadiu a alma. A política virou um campo minado onde só os canalhas andam tranquilos.

E no fim, é disso que se trata: neutralizar os bons, promover os maus e calar os inteligentes. O resultado é um país governado por idiotas, aplaudido por covardes e odiado por aqueles que ainda conseguem enxergar. O comunismo transforma a política em palco de desgraça moral, onde o prêmio é o poder absoluto e o preço é a destruição da verdade. Um teatro doentio onde o vilão escreve o roteiro, dirige a peça e ainda exige aplausos no final.

Essa é a máquina. Esse é o método. E quem não entender isso, continuará discutindo políticas públicas enquanto é degolado por narrativas.

Capítulo III – O Século de Sangue: Aplicações Reais da Ideia
Artigo 1 – O Laboratório Soviético: Cadáveres Como Engrenagem

O socialismo real não começou com pão para todos nem com justiça para os oprimidos. Começou com execuções sumárias, prisões arbitrárias, fome em massa e uma elite política que, em nome do povo, mandava fuzilar o povo. A União Soviética foi o primeiro campo de testes da utopia marxista-leninista aplicada com método, escala e crueldade institucionalizada. E como todo experimento totalitário, precisou de cobaias. Milhões delas.

Lênin iniciou o terror com consciência cirúrgica. Não foi exagero, nem erro. Foi plano. O “terror vermelho” não foi reação — foi inauguração. Fuzilar burgueses, padres, cossacos e camponeses foi um ato fundacional, uma espécie de batismo de sangue para a nova sociedade. Em 1918, Lênin escreveu que era necessário “sem piedade” eliminar “inimigos de classe”. Não queria convencer, queria exterminar. A revolução não era mais uma ideia: era uma engrenagem que triturava carne humana.

Stálin herdou essa máquina e a transformou em indústria. O Estado soviético virou um monstro que se alimentava dos próprios cidadãos. O Partido produzia normas inalcançáveis, punia qualquer suspeita de desvio, promovia delações como virtude e apagava pessoas da história como quem apaga um arquivo. Os expurgos, os julgamentos encenados, os campos de trabalho forçado (gulags), tudo isso era parte da “administração” socialista. A morte virou KPI. A tortura, protocolo.

A fome na Ucrânia, o chamado Holodomor, matou milhões entre 1932 e 1933. Não foi catástrofe natural, foi engenharia social. O grão foi confiscado dos camponeses para “alimentar as cidades” e punir resistências. Famílias inteiras morreram sem ver um pedaço de pão. Crianças comiam grama. Alguns relataram casos de canibalismo. Isso no mesmo país que, semanas antes, exportava trigo. A ideologia matou mais do que qualquer praga. E o mundo... silenciou.

Enquanto isso, intelectuais no Ocidente justificavam tudo. George Bernard Shaw, Jean-Paul Sartre, Walter Duranty (jornalista premiado com Pulitzer) – todos negaram os crimes ou os minimizaram como “necessários” para o progresso. O culto à URSS virou uma moda entre elites progressistas. Enquanto milhões apodreciam na Sibéria, artistas burgueses brindavam à revolução em salões parisienses. O comunismo não precisou esconder seus crimes: bastou disfarçá-los com charme intelectual.

O cidadão soviético vivia sob terror integral. Não havia espaço neutro. A escola, a fábrica, a igreja, o lar – tudo era vigiado. O filho denunciava o pai, o trabalhador fingia acreditar no que não entendia, o silêncio era uma medida de sobrevivência. Não existia mais “vida privada”. O Estado era onipresente, onisciente e, claro, infalível. Erros nunca eram atribuídos ao sistema, mas a “infiltrados”, “traidores” ou “sabotadores”. Toda catástrofe tinha um bode expiatório – geralmente com rosto humano e endereço conhecido.

E mesmo assim, muitos ainda hoje tentam relativizar. Dizem que “Stálin traiu Marx”, que “houve excessos”, que “a ideia era boa”. Mas qual ideia boa gera cem milhões de mortos em um século? Qual sistema exige mentiras, censura e fuzilamentos para funcionar? Qual doutrina precisa apagar a realidade para parecer funcional? A verdade é dura: a União Soviética não foi uma distorção do comunismo — foi sua realização mais fiel. Foi a utopia tornada prática. E como toda utopia, virou carnificina.

Portanto, quando alguém vier com papo de justiça social à moda revolucionária, olhe bem nos olhos e pergunte: quantos cadáveres você aceita em nome dessa esperança?

Artigo 2 – China: A Revolução Come os Filhos e os Pais

Se a União Soviética foi o laboratório da barbárie comunista, a China foi o ensaio para a barbárie com eficiência. Com Mao Tsé-Tung, a utopia marxista-leninista atingiu um novo nível: o da psicose institucionalizada. A China comunista conseguiu o feito monstruoso de matar mais do que o stalinismo, com requintes culturais e espirituais de crueldade. Não bastava matar o corpo — era preciso quebrar a alma. E para isso, Mao entendeu o essencial: toda revolução só triunfa quando a juventude é treinada para odiar os próprios pais.

O Grande Salto Adiante, lançado por Mao entre 1958 e 1962, é um dos maiores desastres da história humana — e um dos menos comentados. Com a obsessão de transformar o país em potência industrial comunista, Mao forçou milhões de camponeses a abandonar a agricultura tradicional para fundir ferro com fornos improvisados no quintal. Resultado: colapso na produção de alimentos, colheitas abandonadas, infraestrutura caótica. Mais de 40 milhões de mortos por fome, doenças e trabalho forçado. Não foi um erro. Foi um plano. Um plano burro, mas intocável, porque Mao era o Partido, e o Partido era infalível.

Mas o verdadeiro horror viria depois, com a Revolução Cultural, iniciada em 1966. Mao, já enfraquecido politicamente, resolveu incendiar o país para manter seu culto pessoal. Armou os estudantes contra os professores, os filhos contra os pais, os trabalhadores contra seus mestres. Criou os Guardas Vermelhos, milícias juvenis fanáticas que percorriam vilas e cidades destruindo tudo o que fosse considerado “antirrevolucionário”: templos, livros, obras de arte, costumes, tradições. Se o avô rezava, apedrejavam. Se o pai lia Confúcio, era preso. Se o professor citava Platão, apanhava até desmaiar.

Essa destruição da cultura não era um colateral — era o objetivo. Mao queria uma nova humanidade, forjada na ignorância e na culpa, sem raízes, sem história, sem moral. Queria uma geração que só conhecesse a revolução, o Partido, o Pequeno Livro Vermelho. E conseguiu. Milhões foram mortos, outros milhões submetidos à “reeducação” nos campos de trabalho. Famílias foram esfaceladas. A inteligência virou crime. O silêncio, virtude.

É impossível entender o poder do comunismo chinês sem captar essa dimensão espiritual da destruição. O que Mao fez não foi apenas matar — foi apagar a China anterior a ele. E onde antes havia civilização milenar, instalou-se um deserto moral. A China comunista passou a funcionar como uma colmeia onde o indivíduo não importa, onde o mérito é secundário, onde o Partido regula até o pensamento. A técnica se desenvolve, sim — mas sob o jugo de uma vigilância total, de um controle minucioso sobre cada palavra, cada gesto, cada filho.

E sim: o Ocidente aplaudiu. Intelectuais franceses visitavam Pequim e escreviam maravilhas. Jornalistas elogiavam o “povo disciplinado”. Acadêmicos diziam que “Mao estava formando o novo homem”. A esquerda internacional sempre teve esse talento: quando a desgraça é comunista, ela vira poesia. Quando a escravidão é ideológica, ela vira projeto pedagógico. Poucos tiveram coragem de dizer a verdade. Um deles, Simon Leys, foi escorraçado das universidades por denunciar o que viu com os próprios olhos: um país devastado pela loucura de um homem e pelo silêncio cúmplice dos bem-pensantes.

Hoje, a China comunista sobrevive com outra fachada. Modernizou os prédios, abriu mercado, enriqueceu elites. Mas o Partido continua lá. Intocado. Intolerante. Invisível, mas onipresente. Ainda controla a imprensa, a internet, as igrejas, as famílias. Ainda desaparece com dissidentes, ainda vigia cidadãos, ainda censura filmes e redes sociais. A Revolução Cultural deixou de ser barulhenta — agora é sorrateira. Mas a essência não mudou: Mao venceu. O país é dele, mesmo depois de morto.

O comunismo chinês mostrou ao mundo que é possível ser totalitário sem parecer brutal. Que é possível esmagar a liberdade com luvas de seda. Que se pode ser moderno e arcaico ao mesmo tempo, desde que se mantenha a alma do povo aprisionada. E isso, infelizmente, serviu de modelo para muita gente.

Artigo 3 – Cuba: A Ilha do Terror com Sabor de Propaganda

Cuba é, talvez, o maior triunfo da propaganda comunista no século XX. Nenhum outro regime conseguiu transformar um presídio a céu aberto em símbolo mundial de liberdade, saúde, educação e resistência. A ilha que trancou seu povo por décadas, que perseguiu dissidentes, que destruiu a economia, virou cartão-postal revolucionário para artistas, jornalistas e estudantes ocidentais deslumbrados. E tudo isso graças a um gênio do marketing político: Fidel Castro, o ditador pop.

Quando Fidel tomou o poder em 1959, a promessa era a mesma de sempre: justiça, soberania, dignidade. O povo cubano, já cansado da ditadura de Batista, acreditou. E nos primeiros meses, o discurso parecia sincero. Mas bastaram algumas reformas para a máscara cair. A liberdade de imprensa foi eliminada. Os partidos foram fechados. Os adversários políticos, presos ou mortos. Em pouco tempo, o novo regime já era mais brutal e absoluto do que o anterior. Só que agora com aplausos internacionais.

Com a ajuda do romantismo revolucionário da época, Cuba virou um mito. Intelectuais europeus escreviam que “em Havana, o futuro nasceu”. Cineastas faziam documentários exaltando o povo cubano sorridente, sem nunca mostrar os presos políticos, os paredões de fuzilamento ou os campos de trabalho. E quando alguém ousava denunciar, era acusado de ser “agente da CIA” ou “inimigo da liberdade”. A ilha virou símbolo de virtude – um marketing que nem Hollywood conseguiria produzir melhor.

A realidade, claro, era outra. A economia foi estatizada, a agricultura ruiu, a indústria desapareceu. A população passou a viver com racionamento crônico, salários miseráveis, vigilância constante. O Estado regulava desde o que se podia comer até o que se podia dizer em casa. A polícia política – a temida G2 – transformava vizinhos em espiões. Professores denunciavam alunos. Alunos denunciavam pais. O medo virou moeda corrente. E quem tentava fugir era preso ou morto no mar.

Mas a propaganda resistia. Sobretudo em três áreas: saúde, educação e esportes. A ilha era vendida como “exemplo de medicina pública”. O que não se dizia é que hospitais faltavam sabão, esparadrapo e seringas esterilizadas. A “educação exemplar” formava repetidores ideológicos, não pensadores. O “sucesso esportivo” vinha de atletas tratados como soldados, obrigados a vencer para exaltar o regime. Tudo era vitrine. E tudo era sustentado pelo dinheiro soviético — que, quando acabou, mergulhou a ilha no caos.

Mesmo assim, Cuba nunca deixou de ser referência para a esquerda latino-americana. O Foro de São Paulo foi fundado com a bênção de Fidel. Líderes petistas o reverenciavam como mestre. Artistas brasileiros faziam fila para tirar foto com o tirano. A desgraça do povo cubano virou fetiche ideológico. Um exemplo de como a miséria, quando vem com discurso certo, pode ser romantizada. A prisão se torna “resistência”. O controle, “justiça social”. A repressão, “proteção ao povo”.

E o povo cubano? Esse aprendeu a sobreviver. Criou redes paralelas de subsistência, improvisou com criatividade, resistiu no corpo e na alma. Muitos tentaram fugir – mais de dois milhões ao longo das décadas. Outros ficaram, não por convicção, mas por falta de opção. A ilha transformou cada cidadão em suspeito, cada lar em trincheira, cada palavra em risco. O preço da lealdade era a miséria. O da liberdade, o exílio.

Até hoje, Cuba continua a ser o laboratório ideológico da América Latina. A ditadura continua. A miséria continua. A repressão continua. E os idiotas úteis continuam aplaudindo. Porque, no fim, Cuba não é só uma ilha – é um espelho do que acontece quando a ideologia vale mais que a verdade. Quando o discurso vale mais que o povo. Quando a mentira vira bandeira e o sofrimento, combustível de marketing.

A ilha não é um exemplo. É um aviso.

Artigo 4 – O Terceiro Mundo Vermelho: Angola, Camboja, Coreia do Norte

Enquanto a Europa jogava sua esperança no socialismo de salão e a América Latina se embriagava com as palavras de ordem das guerrilhas universitárias, o comunismo aterrissava com força brutal nos chamados países “em desenvolvimento”. Mas ao contrário das promessas de progresso, o que se implantou nessas regiões foi o inferno em versão tropical. Angola, Camboja, Coreia do Norte – nomes diferentes, tragédias semelhantes. Onde a ideologia chegou, a dignidade humana virou estatística e a morte, rotina administrativa.

Comecemos por Angola, uma colônia portuguesa que virou palco da guerra por procuração entre comunismo e anticomunismo. O MPLA, grupo marxista apoiado pela União Soviética e por Cuba, assumiu o poder em 1975. O país mergulhou num conflito civil que durou décadas. Fidel Castro enviou tropas, tanques, armas e doutrinadores. O resultado? Centenas de milhares de mortos, infraestrutura arrasada, economia de guerra, fome em larga escala. O socialismo angolano não libertou ninguém — escravizou sob outra bandeira. Enquanto o povo morria, a elite do partido se enriquecia com diamantes e petróleo, num modelo de cleptocracia revolucionária.

Em Camboja, o comunismo ultrapassou todos os limites do grotesco. Pol Pot, líder dos Khmer Vermelhos, quis zerar a sociedade. Literalmente. Aboliu o dinheiro, fechou escolas, proibiu religião, declarou guerra à inteligência. Qualquer um que usasse óculos, soubesse ler ou demonstrasse pensamento independente era considerado inimigo da revolução. Resultado: entre 1975 e 1979, cerca de dois milhões de pessoas morreram — quase um quarto da população. Executados, torturados, mortos por fome e doenças. O país virou um cemitério a céu aberto. Os “Campos da Morte” são o testemunho silencioso de uma ideologia que, quando aplicada com rigor, transforma a vida humana em lixo reciclável.

A Coreia do Norte é o experimento mais longevo da loucura comunista. Desde 1948, a dinastia Kim controla o país com mão de ferro, culto à personalidade e fome institucionalizada. A doutrina “Juche” é um comunismo com misticismo delirante: o líder é deus, o Partido é igreja, o povo é gado. Crianças aprendem a cantar hinos ao “Grande Líder” antes de saber ler. Milhões morreram de fome nos anos 1990, enquanto o regime mantinha armas nucleares e desfiles militares. Hoje, a população vive sob vigilância absoluta, com castigos coletivos, campos de prisioneiros e controle total da informação. É um Estado-prisão onde o simples ato de pensar já é crime.

Esses três casos – Angola, Camboja, Coreia do Norte – mostram que o comunismo não precisa de burguesia industrializada para destruir uma nação. Basta uma desculpa ideológica, uma liderança carismática, algum apoio externo e um povo vulnerável. E em todos os casos, o padrão se repete: começa com promessas de libertação, segue com extermínios seletivos, implanta uma casta dominante e termina com miséria, silêncio e cadáveres.

E o que diz a intelectualidade ocidental? Silencia. Relativiza. Justifica. Diz que “as condições eram adversas”, que “houve sabotagem externa”, que “não se pode julgar por padrões ocidentais”. Mas os mortos não pedem padrão. Pedem justiça. E a justiça começa com a verdade: o comunismo, onde foi implantado com fidelidade, produziu sempre o mesmo efeito – genocídio, escravidão e ruína.

O Terceiro Mundo virou campo de teste para uma ideologia criada na Europa. E os resultados foram sempre os mesmos. O que muda é o idioma da tragédia.

Capítulo IV – O Novo Comunismo: Pós-moderno, Global e Identitário
Artigo 1 – O Comunismo de Gucci: Camaradas de iPhone e Gênero Neutro

O comunismo não acabou. Apenas trocou de roupa. Abandonou o macacão proletário, vestiu uma camiseta progressista, calçou um Nike vegano e pegou um iPhone para lacrar no Instagram. O novo comunista não carrega foice e martelo — carrega hashtags e palavras de ordem inclusivas. Não fala mais em luta de classes, mas em empoderamento, diversidade, clima e linguagem neutra. O inimigo já não é apenas o burguês industrial — agora é o “heteronormativo”, o “colonizador”, o “cis-branco-privilegiado”. A pauta mudou, mas o instinto revolucionário continua o mesmo: destruir a ordem real para substituí-la por um delírio fabricado.

Essa mutação não foi acidental. Quando o Muro de Berlim caiu e os horrores dos gulags e dos expurgos vieram à tona, o comunismo clássico perdeu a aura de esperança. Mas a mentalidade revolucionária — essa fome por reinvenção total da sociedade — não morreu. Migrou. Passou a habitar o corpo da cultura, das universidades, das ONGs internacionais. Deixou a economia como foco principal e entrou no campo simbólico, subjetivo, afetivo. Agora, a revolução acontece dentro da linguagem, dos afetos, das percepções. O novo campo de batalha é a alma.

É por isso que o comunismo moderno tem cara de estudante de humanas com cabelo azul, que fala em “lugar de fala” e acha que desconstruir o gênero é mais revolucionário que tomar o Palácio de Inverno. Parece ridículo — e é. Mas também é eficaz. Porque a nova revolução não precisa mais convencer com lógica. Ela opera com culpa, pressão social e destruição de sentido. A nova arma não é a metralhadora — é a lacração, a pedagogia “antirracista”, a cartilha LGBTQIA+ distribuída em creches públicas.

O novo comunista tem Instagram. Tem curso de extensão em interseccionalidade. Fala de “violência epistêmica” enquanto pede café no Starbucks. Tem discurso afinado com a ONU, o Fórum Econômico Mundial e os Think Tanks do progressismo global. Não quer mais lutar contra o sistema — quer ser o sistema. Tomar a linguagem, a educação, o entretenimento, a saúde, as corporações. Ele não faz greve — ele pauta o CEO. Ele não queima fábrica — ele doutrina o RH.

E é justamente aí que mora o perigo. Porque esse novo comunismo é sorrateiro, macio, embriagante. Não vem com tanques, mas com TED Talks. Não fuzila, mas cancela. Não expropria terras, mas criminaliza opiniões. Vai corroendo os fundamentos da realidade com aparência de compaixão. O sujeito que se opõe não é mais “inimigo do povo” — é “discurso de ódio”. A censura é feita em nome da diversidade. O controle de pensamento, em nome da inclusão. Tudo muito moderno, muito fashion, muito democrático.

Enquanto isso, os idiotas úteis fazem fila para serem domesticados. Aceitam revisar sua linguagem, reeducar seus filhos, mudar seus hábitos e até negar seus princípios — tudo para não serem chamados de retrógrados. A classe média paga caro para ser domesticada. Compra livros que ensinam a pedir desculpas por ser normal. Vai a palestras de ativistas bilionários. Põe adesivo no carro e bandeira na sacada. E ainda acredita que está lutando contra o sistema. O novo comunismo adora esse tipo.

O comunismo de Gucci é mais perigoso que o da foice. Porque ele não precisa do medo para avançar — basta a vaidade. Não promete revolução sangrenta, mas “progresso sustentável”. Não pede que você morra pela causa, apenas que aceite sua castração moral com um sorriso nos lábios. E o mundo vai cedendo, pouco a pouco. Porque ninguém quer parecer atrasado. Ninguém quer ser o careta da vez.

Mas a verdade continua lá, esperando quem tenha olhos para ver: por trás do arco-íris e das hashtags, o que se esconde é o mesmo ódio antigo à realidade. A mesma vontade de destruir tudo o que é natural, tradicional, hierárquico e verdadeiro. O comunismo apenas mudou a embalagem. O veneno continua o mesmo.

Artigo 2 – Revolução Cultural 2.0: Escola, Mídia, Diversidade e Censura

A primeira Revolução Cultural, de Mao, destruiu templos, livros, famílias e a herança espiritual da China. Foi feita à base de porrete e humilhação pública. A segunda Revolução Cultural, essa que vivemos agora, é mais limpa, mais silenciosa — e muito mais eficaz. Ela não precisa queimar livros: basta reeditá-los com linguagem inclusiva. Não precisa prender padres: basta torná-los irrelevantes. Não precisa mandar intelectuais para campos de trabalho: basta torná-los reféns da militância. É uma revolução que não se declara como tal. Ela se apresenta como “educação progressista”, “inclusão midiática”, “respeito à diversidade” e “combate à desinformação”. E é exatamente aí que está o truque.

A escola virou o principal laboratório da engenharia mental revolucionária. Antes mesmo de aprender a ler, a criança já aprende que “família” é uma construção social opressora, que “gênero” é uma escolha, que “patriotismo” é discurso de ódio e que “fé” é superstição primitiva. A educação já não forma pessoas, forma militantes emocionais. O aluno não aprende a pensar — aprende a sentir a revolta certa, repetir o slogan certo, odiar a autoridade certa. Saem da escola ignorantes, mas cheios de certezas. Perfeitos soldados para causas que sequer compreendem.

A mídia, por sua vez, não noticia — educa. Ou melhor: doutrina. Não há mais jornalismo, mas gestão de narrativa. Tudo é recortado, editado, filtrado para reforçar a agenda do momento. Se uma estatística contradiz a ideologia, ela some. Se uma pesquisa reforça o dogma, ela vira manchete. E se alguém ousa levantar a mão com uma pergunta fora do script, é imediatamente desqualificado: “fake news”, “negacionista”, “reacionário”, “fascista”. Os grandes veículos de comunicação, outrora cães de guarda da verdade, hoje são adestradores do rebanho.

O nome disso não é liberdade. É censura. Mas uma censura gourmet, travestida de responsabilidade social. Não proíbem livros — apenas não os publicam. Não prendem escritores — apenas os tornam invisíveis. Não fecham jornais — apenas os desacreditam e sufocam financeiramente. A verdade não é mais refutada: é silenciada. E o silêncio, hoje, tem ar de virtude. “Não dar voz ao preconceito”, “não alimentar a desinformação”, “não legitimar o discurso de ódio” — são os novos pretextos para a velha repressão.

E no centro disso tudo está a diversidade. Palavra mágica. Ninguém mais ousa criticá-la, porque ela virou escudo moral para toda e qualquer agenda revolucionária. Mas que diversidade é essa que elimina a divergência? Que celebra todas as culturas, menos a cristã? Que acolhe todos os gêneros, menos o masculino tradicional? Que tolera todas as religiões, menos a que construiu o Ocidente? Essa diversidade é uniforme. É um exército de clones emotivos que pensam igual, sentem igual e cancelam quem não ajoelha.

Nas universidades, o processo é mais avançado. Departamentos inteiros de humanas viraram seitas. Professores doutrinadores, alunos domesticados, pesquisas encomendadas para confirmar dogmas. A inteligência foi substituída pela militância. O debate foi substituído pelo linchamento. O diploma virou atestado de formatação. E as raras exceções que tentam resistir vivem sob ameaça, pressão, isolamento. A universidade, que deveria ser o último bastião do pensamento livre, tornou-se a torre de comando da nova censura.

E tudo isso se repete em ritmo industrial: cursos, palestras, séries, livros didáticos, campanhas publicitárias. Uma avalanche de conteúdo que não informa, não forma, não educa — apenas molda. A sociedade inteira passa a viver num teatro cuidadosamente roteirizado, onde cada papel já vem com discurso pronto. E quem improvisa, é expulso do palco.

A nova Revolução Cultural não derruba estátuas com martelo — derruba reputações com hashtags. Não queima livros — queima biografias. E o povo, em vez de reagir, aplaude. Porque foi treinado a confundir opressão com cuidado, censura com civilidade, castração com empatia. O pesadelo de Mao voltou — mas dessa vez, com filtro no Instagram.

Artigo 3 – Capitalismo de Estado: O Regime Chinês e seus Amiguinhos Globais

O comunismo aprendeu a usar terno. Abandonou o uniforme do operário, pôs gravata, aprendeu inglês corporativo e descobriu que dar lucro é um excelente disfarce. A China é o exemplo perfeito desse novo modelo: um regime comunista por dentro, capitalista por fora. Um Estado que controla tudo, mas deixa a aparência de liberdade econômica para enganar os trouxas e seduzir os gananciosos. É o capitalismo de Estado — ou, como alguns mais honestos chamariam, o socialismo totalitário com vitrine de shopping.

Esse modelo chinês é uma aberração cuidadosamente planejada. O Partido Comunista continua com o monopólio do poder, da imprensa, da educação, da internet e da vida dos cidadãos. Dissidentes somem. Igrejas são vigiadas. Crianças são doutrinadas. Mas, ao mesmo tempo, grandes empresas chinesas lucram bilhões com exportações, tecnologia, bancos e construção civil. Não há contradição: essas empresas são braços do Partido. O lucro é instrumental. O objetivo continua sendo o mesmo — poder absoluto. Mas agora, com bom marketing.

E quem são os maiores cúmplices dessa farsa? As elites ocidentais. Bilionários da tecnologia, banqueiros, políticos, ONGs e grandes corporações fazem fila para bajular Pequim. Não apenas por interesse financeiro, mas porque enxergam na China o regime dos sonhos: controle total com fachada de eficiência. Imagine só — um país onde o governo sabe o que você pensa, com quem você fala, onde você anda, o que você compra. E tudo isso justificado com discursos sobre “segurança”, “harmonia social” e “avanço tecnológico”.

A lógica é simples: se o modelo chinês funciona, por que não copiá-lo? E assim, vemos no Ocidente a implantação progressiva do mesmo padrão: monitoramento digital, vigilância financeira, controle de discurso, repressão disfarçada de moderação. A pandemia acelerou esse processo. Passaporte sanitário, censura de opiniões médicas, lockdowns autoritários — tudo sob aplausos. A China virou referência, e muitos não escondem mais isso. Políticos e tecnocratas sonham com uma democracia com eficiência de ditadura.

O globalismo, nesse cenário, entra como aliado estratégico. A nova ordem internacional não quer mais nações fortes, culturas locais, soberanias orgânicas. Quer uniformização. Quer uma humanidade gerida como planilha, com variáveis comportamentais previsíveis e uma moral de silicone. E quem já faz isso com maestria? A China. A parceria é natural: de um lado, o Partido; do outro, as fundações bilionárias, as big techs, os organismos internacionais. Todos falam a mesma língua — a do controle.

Enquanto isso, as populações dormem. Ocupadas com distrações, orgulhosas de seus “direitos”, orgulhosas de suas democracias de fachada, elas não percebem que já vivem em ambientes cada vez mais parecidos com o modelo chinês: autocensura, conformismo, medo de perder o emprego por dizer a verdade, aceitação passiva de absurdos. A diferença é que, no Ocidente, ainda é permitido rir do próprio cativeiro — por enquanto.

E o que resta da velha esquerda nisso tudo? Ela se vendeu. Os antigos revolucionários agora trabalham em ONGs financiadas por mega corporações. Defendem pautas progressistas que fortalecem o mesmo sistema que fingem combater. Denunciam “fascismo” em qualquer um que questione esse arranjo. E enquanto posam de rebeldes, servem como palhaços úteis do regime tecnocrático global que tem em Pequim seu coração ideológico e em Davos sua face diplomática.

O comunismo de hoje não quer mais derrubar Wall Street. Quer sentar na mesa, servir o café e controlar os algoritmos. Quer reeducar os filhos dos ricos, cancelar os pobres que discordam e moldar um futuro onde toda liberdade seja opcional — desde que alinhada. A China não é exceção: é o modelo.

E se o mundo seguir nesse ritmo, todos nós seremos Pequim amanhã.

Artigo 4 – Brasil Vermelho: Das CEBs ao Foro de São Paulo

O Brasil não fez revolução armada. Não teve um Lênin, não teve um Pol Pot, não teve um Mao. Mas teve algo pior: a revolução por dentro. A corrosão lenta, sorrateira, operada com precisão cirúrgica por intelectuais, padres, sindicalistas, professores e políticos. Uma obra de décadas, feita sem fuzis, mas com salas de aula, sindicatos, editoras e púlpitos. E quem acha que o Brasil é apenas vítima de corrupção ou incompetência, não entendeu nada: o que vivemos é o resultado meticuloso da aplicação do método revolucionário em sua versão tropical.

Tudo começa nas CEBs – Comunidades Eclesiais de Base. Criadas no rastro do Concílio Vaticano II e do florescimento da Teologia da Libertação, as CEBs eram células de formação marxista dentro da Igreja. Usavam linguagem cristã, mas pregavam revolução. O Cristo era apresentado como líder de guerrilha. O Evangelho, como manifesto político. A fé virou ferramenta de agitação. Foi ali que milhares de brasileiros simples começaram a ver o mundo não com olhos da fé, mas com ódio de classe. A revolução ganhou batina.

Nos anos 1980 e 90, veio o sindicalismo revolucionário. O PT, surgido com apoio da esquerda católica, virou a principal expressão política desse projeto. Disfarçado de defensor dos pobres, o partido sempre operou como correia de transmissão da revolução. Com o tempo, infiltrou o Judiciário, o sistema de ensino, os movimentos sociais, a cultura e, finalmente, o Estado. Cada ministério, cada secretaria, cada ONG financiada virou um braço do Partido — não no sentido jurídico, mas no sentido leninista: um aparelho ideológico de guerra.

Mas o grande divisor de águas veio em 1990, com a fundação do Foro de São Paulo, idealizado por Lula e Fidel Castro. Ali ficou claro o projeto: unificar todas as esquerdas latino-americanas sob coordenação comunista. Não se tratava apenas de vencer eleições — tratava-se de reconfigurar cultural, política e espiritualmente a América Latina. E o Brasil, como país-chave, era o laboratório central. A ideia não era tomar o poder e parar. Era nunca mais sair dele. E para isso, a dominação teria que ser total.

Vieram as políticas públicas com viés ideológico, a transformação da educação em linha de montagem de militantes, o financiamento de ditaduras aliadas com dinheiro do BNDES, a censura cultural mascarada de “regulação da mídia”, a desconstrução da família em nome da “diversidade”, o aborto travestido de “saúde da mulher”, a perseguição religiosa sob a desculpa de combater o “discurso de ódio”. O Brasil foi sendo redesenhado. Não de uma vez, mas centímetro por centímetro. O Estado virou arma contra o cidadão comum.

E mesmo com escândalos como o Mensalão e o Petrolão, a estrutura permaneceu. Porque o objetivo nunca foi só o dinheiro. O roubo era o meio — o fim era o poder. A corrupção é o combustível da revolução, não sua falha. O projeto revolucionário no Brasil soube muito bem usar o sistema democrático como escada — e agora, tenta queimar a escada com os que ainda acreditam nela em cima.

Hoje, quem se opõe a essa hegemonia é tratado como criminoso. Perde emprego, tem perfis derrubados, é processado, silenciado, perseguido. O aparato estatal, as universidades, a mídia e até as big techs funcionam como uma só engrenagem. A militância não precisa mais de passeata — ela tem algoritmo. A censura não precisa mais de decreto — ela vem por “diretrizes da comunidade”. O Brasil é, na prática, uma ditadura mental onde o discurso dominante é intocável, mesmo quando contradiz a realidade.

O mais trágico é que a maioria ainda acredita que estamos numa democracia. Que tudo pode ser resolvido com debate, com eleição, com diálogo. Não percebe que o outro lado já aboliu esses instrumentos por dentro. Que a eleição virou processo controlado. Que o debate virou espetáculo domesticado. Que o diálogo é uma armadilha para desarmar o último opositor antes de enterrá-lo em processo judicial.

O Brasil está vermelho. Não da cor dos uniformes de guerrilha, mas do sangue da verdade assassinada.

Capítulo V – O Antídoto: Verdade, Memória e Combate
Artigo 1 – A Lição dos Mortos: Por Que Lembrar é Resistir

A grande obra do comunismo, mais do que matar, foi apagar os rastros dos que matou. Um regime pode fuzilar um homem e, logo depois, deletar seu nome de todos os registros, rasurar sua imagem em fotos, apagar seus livros, proibir seu luto, e ainda assim ser tratado como “experimento social”. O assassinato físico é apenas a primeira camada; a verdadeira vitória da ideologia é o esquecimento. E é por isso que resistir começa por lembrar. Lembrar tudo. Lembrar bem. Lembrar com nome, com data, com rosto e com sangue.

Mais de cem milhões de mortos. Famílias destruídas, línguas caladas, obras censuradas, culturas inteiras obliteradas. E ainda há gente — professores, artistas, jornalistas — que repete a falácia mais imunda do século: “o comunismo nunca foi realmente implementado”. A frase em si já é um crime moral. O que foi implementado na União Soviética? E em Cuba? E na China? E no Camboja, na Coreia do Norte, na Venezuela, no Vietnã, na Etiópia? Todas coincidências trágicas? Um azar ideológico com alcance planetário?

A verdade é que os mortos do comunismo não têm espaço nos memoriais. Nenhuma cerimônia de Estado para os camponeses soviéticos, para os intelectuais chineses, para os religiosos vietnamitas, para os homossexuais cubanos, para os cristãos norte-coreanos. Nenhum Oscar para documentários sobre o Holodomor. Nenhum feriado para lembrar os Campos da Morte. O mundo moderno é seletivo com seu luto. Chora por quem é útil à narrativa — e varre para baixo do tapete os que atrapalham o script revolucionário.

E o Brasil? Aqui, a memória foi sequestrada. Nossos livros didáticos retratam guerrilheiros comunistas como heróis da democracia. Tratam terroristas como vítimas. Ignoram o Foro de São Paulo, os milhões que fugiram da Venezuela, as violações de direitos humanos em Cuba. A Comissão da Verdade foi farsa com orçamento público. Nossa história recente foi reescrita com tinta ideológica, sob aplausos de acadêmicos militantes e omissão de conservadores tímidos demais para exigir justiça.

Resistir, então, é recuperar a memória. Dar nome aos assassinados. Mostrar as fotos dos campos. Traduzir os testemunhos. Relembrar os exilados. Ler os livros censurados. Contar às novas gerações o que foi feito em nome da igualdade. Dizer em alto e bom som que o comunismo é o regime mais sanguinário da história. Que a sua utopia exige cadáveres para se erguer. Que o seu discurso de justiça é um engodo homicida.

Não basta refutar a teoria — é preciso evocar os fatos. Porque a mentira mais poderosa do comunismo é a que veste sua história com abstrações. Quem fala em "socialismo real" quer que você esqueça que houve fome real, prisioneiros reais, tiros reais. Quem defende o “ideal comunista” enquanto condena suas aplicações está defendendo um veneno por causa do rótulo bonito. É como louvar o sabor da cicuta porque a garrafa tem um desenho simpático.

A lição dos mortos é simples, brutal, irrefutável: toda vez que o comunismo teve a chance de governar, ele matou. E matou com método. Com intenção. Com orgulho. Em nome do bem. Em nome da igualdade. Em nome de um amanhã que nunca chega. E se você acha que essa história não pode se repetir, é porque já começou. Começa sempre com uma mentira, um rótulo, uma censura, uma doutrinação infantil. E quando você percebe, já tem um burocrata decidindo o que é verdade.

Por isso, lembrar é resistir. Escrever é resistir. Nomear os mortos é resistir. Contar a verdade em voz alta, com clareza, sem medo, é o primeiro ato de rebelião moral contra o totalitarismo do esquecimento. A luta não começa no front — começa na memória.

Artigo 2 – Contra o Espírito Revolucionário: Reagir com Alma e Razão

Lutar contra o comunismo não é apenas recusar uma ideologia política — é enfrentar um espírito. O espírito revolucionário. Um tipo de doença da alma que odeia a realidade, rejeita a hierarquia natural, inveja o que não pode criar e destrói o que não pode compreender. Esse espírito não se veste só de vermelho. Ele muda de roupa. Pode vir como justiça social, como causa ecológica, como defesa de minorias. Mas sua essência permanece: é a recusa da ordem objetiva em nome de uma vontade subjetiva inflamada de ressentimento.

O espírito revolucionário não quer reformar: quer refazer. Ele não tolera consertar algo que julga injusto — ele quer aniquilar tudo e começar do zero. Por isso não aceita gradualismo, não aceita tradição, não aceita diálogo. Ele se considera moralmente superior desde o ponto de partida. E essa convicção absoluta o torna impermeável à razão. Tente discutir com um militante treinado e você verá: ele não ouve, ele espera a chance de acusar. Ele não reflete, ele repete chavões. Ele não responde, ele rotula. Sua mente já não está mais no campo do argumento — está no campo da missão.

E é justamente aí que muitos conservadores, liberais e cidadãos comuns fracassam: tentam combater o comunismo como se estivessem diante de uma ideia. Mas não é uma ideia — é um impulso, um motor, um vírus. Você não pode convencer um vírus com lógica. É preciso restaurar a imunidade do organismo. E isso significa resgatar aquilo que o espírito revolucionário odeia com mais força: a alma enraizada na realidade, nutrida pela fé, fortalecida pela razão.

Reagir, portanto, começa pela reconquista interior. Um sujeito que não sabe quem é, de onde vem e o que deve defender, será engolido por qualquer narrativa com aparência de justiça. O espírito revolucionário se alimenta do vazio. Ele encanta o ignorante, o ressentido, o instável. Por isso, o primeiro campo de batalha é a consciência. E ela só se fortalece com três pilares: verdade, tradição e transcendência. A verdade como âncora do pensamento. A tradição como vínculo com os mortos e os ainda não-nascidos. A transcendência como escudo contra o desespero e contra o delírio.

Também é preciso recuperar a vida intelectual com propósito. Não basta ler para parecer inteligente — é preciso estudar para saber resistir. Não adianta citar autores se você não compreende as estruturas de pensamento por trás deles. A revolução não é alimentada apenas por ignorância — mas por cultura superficial. Uma legião de jovens lê meia dúzia de resumos, assiste meia aula online e acha que já entendeu o mundo. São os revolucionários de segunda mão, os intelectuais de palco. O antídoto é formar homens e mulheres com densidade interior.

E isso vale também para a ação. Resistir ao espírito revolucionário exige coragem, não só opinião. Coragem de falar a verdade mesmo sob risco de cancelamento. Coragem de educar os filhos contra a corrente. Coragem de perder prestígio social por manter a dignidade. Coragem de dizer “não” onde todos dizem “sim, senhor”. Coragem de parecer ultrapassado por conservar o que é eterno.

A guerra contra o comunismo, hoje, não se vence com tanques nem com eleições apenas. Ela se vence nas almas. Na formação de indivíduos que resistem à chantagem emocional, à lógica do medo, à tentação do conformismo. O revolucionário quer um mundo onde todos cedam por exaustão. O homem virtuoso responde com perseverança.

Portanto, contra o espírito revolucionário, alma firme. Contra a mentira institucionalizada, razão armada de memória. Contra a sedução do caos, o amor pela ordem. E contra a covardia generalizada, a coragem silenciosa de quem permanece de pé quando todos se ajoelham.

Artigo 3 – O Último Mito: “Nunca Foi Implementado de Verdade”

Nenhuma mentira matou mais que essa: “o comunismo nunca foi realmente implementado”. Ela é repetida com ar professoral por intelectuais de sofá, estudantes presunçosos, jornalistas ideológicos e até padres que perderam a fé e encontraram uma doutrina de substituição. Essa frase é o álibi eterno da revolução. Com ela, todo desastre pode ser ignorado, todo crime relativizado, toda evidência empurrada para debaixo do tapete. Cuba? “Foi bloqueio.” União Soviética? “Foi stalinismo.” Camboja? “Foi desvio.” Venezuela? “Não é comunismo, é corrupção.” Assim, o monstro nunca morre — ele apenas troca de máscara.

Essa narrativa funciona porque se apoia numa armadilha semântica: o “comunismo ideal” não foi implementado, logo os horrores praticados em seu nome não devem ser atribuídos a ele. Mas isso é infantil e canalha. Nenhuma ideologia é julgada pelo que promete em teoria, mas pelo que produz na prática. O nazismo também dizia buscar “renovação moral” e “ordem social”. A Inquisição também dizia buscar “a salvação das almas”. O que importa é o que foi feito — e o comunismo, onde teve poder, fez sempre a mesma coisa: miséria, repressão, censura, genocídio.

O truque consiste em manter o comunismo como uma ideia pura, intocada pelos fatos. É o comunismo de Platão, a utopia permanente, a sociedade perfeita que nunca chega, mas sempre serve de desculpa para destruir o presente. Isso transforma o comunismo em um dogma infalsificável. Se mata, não é comunismo. Se censura, não é comunismo. Se escraviza, não é comunismo. Resultado: só é comunismo aquilo que ainda não foi feito. E se algum dia for feito, e der errado, também não será.

Essa tática é covarde, mas eficaz. Permite que o militante nunca assuma responsabilidade. Ele sempre pode dizer que seus ídolos “erraram na execução”. Nunca na teoria, nunca no ideal, nunca na premissa. O militante comunista é o único fanático que pode assistir ao próprio fracasso repetido e ainda se sentir moralmente superior. Isso é possível porque ele vive de abstrações. Para ele, a teoria não deve servir à realidade — a realidade é que deve se curvar à teoria.

O mais curioso é que não se aplica o mesmo critério às outras ideologias. Ninguém diz que o capitalismo “nunca foi implementado de verdade” porque há pobreza. Ninguém diz que a democracia “nunca foi tentada seriamente” porque há corrupção. Mas o comunismo... ah, o comunismo é eterno. Sempre uma promessa. Sempre uma criança que não cresceu. Sempre inocente — mesmo diante de cem milhões de cadáveres.

Esse mito precisa ser destruído com fatos, com nomes, com datas. Não com emoção, mas com rigor. Mostrar que os planos econômicos de Lênin, as políticas de Mao, as reformas de Castro, os expurgos de Pol Pot, as prisões de Guevara, os campos da Venezuela — tudo isso foi comunismo aplicado. Por homens que se diziam comunistas, seguindo cartilhas comunistas, inspirados por teóricos comunistas. Não eram desvios. Eram execuções fiéis de uma doutrina cuja essência é a eliminação da ordem existente.

Portanto, quando alguém repetir o chavão “nunca foi implementado de verdade”, responda com firmeza: foi implementado sim, vezes demais, e sempre da mesma forma. O problema não está na execução — está no plano. O comunismo não falha por acidente. Ele fracassa por coerência.

Artigo 4 – A Reconquista: A Tradição Como Arma Contra a Mentira

O maior inimigo do comunismo não é a direita política, nem o livre mercado, nem mesmo a fé vivida com intensidade. O verdadeiro inimigo do comunismo é a tradição. Porque a tradição, ao contrário da revolução, é orgânica. Ela não é imposta — ela cresce. Não precisa de propaganda, nem de slogans. Sobrevive nos gestos simples, nas memórias familiares, nos rituais religiosos, nos provérbios esquecidos, nos livros passados de pai para filho. Ela conecta os vivos aos mortos, os homens aos símbolos, a razão à alma. E é justamente por isso que precisa ser destruída pela ideologia: porque onde há tradição, a mentira não vinga.

A tradição é como um rio subterrâneo. Você pode cobrir com concreto, desviar seu curso, mas um dia ele reaparece. Pode ser numa avó que ensina a rezar. Num pai que transmite a ética do trabalho. Num professor que recita Camões em vez de Paulo Freire. Num filho que se recusa a aceitar a nova linguagem estúpida dos formulários escolares. Cada gesto assim é um ato de reconquista. Uma semente lançada contra o deserto da ideologia. E esse é o terror da revolução: ela sabe que basta um homem livre para contaminar uma geração inteira com o vírus da verdade.

Por isso, o comunismo precisa quebrar os vínculos. Romper o elo entre as gerações. Ridicularizar os avós. Estuprar a memória histórica. Apagar os santos, os heróis, os mártires. Substituir o lar por creche estatal, a igreja por centro cultural, o pai por burocrata, o rito por evento lacrador. A destruição da tradição não é colateral — é programa de governo. E quando não podem apagá-la, eles a corrompem: fazem “Missas da Terra sem Males”, “Carnavais Antirracistas”, “Festas Juninas Inclusivas”, tudo com cheiro de esgoto e discurso de igualdade.

Mas há uma saída. E ela começa com um ato de humildade: reconhecer que não somos o começo de nada. Que herdamos um mundo muito maior do que nós. Que há sabedoria nos séculos. Que nossos bisavós sabiam mais sobre a vida do que os especialistas da ONU. E que talvez o maior ato de resistência seja lembrar, resgatar e transmitir. Transmitir a verdade, a beleza, a fé, a moral objetiva, a gramática correta, a história real, a coragem silenciosa de quem não se curva.

A reconquista não será feita com tanques, mas com livros bem escolhidos, com filhos bem educados, com lares reerguidos sobre pilares firmes. Será feita quando os pais voltarem a ser autoridades, quando os professores voltarem a ensinar, quando os sacerdotes voltarem a pregar, quando os artistas voltarem a cantar o que é eterno. E isso começa em cada um de nós, sem esperar decreto, sem pedir permissão.

O comunismo quer nos convencer de que estamos sozinhos, isolados, ultrapassados. Que a tradição morreu. Que o passado é opressor. Que a família é prisão. Que a fé é ignorância. Mas tudo isso é mentira. A tradição está viva. E está esperando. Esperando que alguém a redescubra, a abrace, a defenda com a alma inteira. Porque tradição não é só o que foi — é o que nos mantém de pé quando tudo ao redor desmorona.

E no fim das contas, talvez seja essa a última batalha: entre os que querem recomeçar tudo do zero e os que sabem que a verdade já estava aqui muito antes deles. Entre os que querem destruir tudo em nome do amanhã e os que protegem o que resta para que ainda haja um amanhã.

A tradição é a nossa trincheira. A memória, nossa munição. E a verdade, nossa espada.

 

Nenhum comentário: