O Libellus de
Antichristo é uma carta doutrinária escrita por Adso,
abade de Dervensis (Montier-en-Der), dirigida à rainha Gerberga,
esposa de Luís IV, o Ultramarino, e irmã do imperador Oto I. Por muito tempo, o
tratado foi erroneamente atribuído a Alcuíno, Rábano Mauro e até a Santo
Agostinho, mas a crítica filológica — especialmente após a descoberta da
epístola de dedicatória — confirmou Adso como seu verdadeiro autor. A redação
situa-se entre 949 e 954, antes da morte de Luís IV.
A
obra nasce de uma consulta da rainha a Adso sobre a natureza, origem, poder,
perseguição e destino do Anticristo, e foi concebida como síntese
dos Padres (Agostinho, Jerônimo, Gregório Magno, Rábano Mauro)
e de tradições apocalípticas judaico-cristãs.
A epístola apresenta-se em forma de exposição
narrativa e moral, combinando elementos bíblicos (Daniel, II
Tessalonicenses, Apocalipse) e lendários. O esquema pode ser dividido assim:
- Epístola dedicatória à
rainha Gerberga.
- Exposição doutrinária sobre
o nome, origem, vida, ações e fim do Anticristo.
- Profecia escatológica sobre
o último imperador romano e o juízo final.
Doutrina do
Anticristo segundo Adso
a. Natureza
e oposição a Cristo
O Anticristo é definido como contrário a Cristo
em tudo:
“Christus venit humilis,
ille venturus est superbus.”
Cristo veio para justificar e elevar os humildes; o Anticristo, para
exaltar os ímpios e destruir a lei evangélica. Será mestre de vícios e falso
redentor, restaurando a idolatria e arrogando-se o título de Deus.
b. Origem e
nascimento
Nascerá da tribo de Dã, conforme Gênesis
49:17, “Fiat Dan coluber in via”.
Será gerado de homem e mulher ímpios, não por geração virginal, e o
demônio entrará no ventre da mãe, pervertendo desde a concepção o filho,
que será “filius perditionis”. O local do nascimento será Babilônia,
símbolo da corrupção do mundo.
c.
Crescimento e preparação
O Anticristo será instruído por magos, adivinhos
e espíritos malignos, que o educarão na falsidade e na arte de seduzir.
Depois, irá a Jerusalém, reconstruirá o Templo de Salomão e
proclamará ser o Messias esperado pelos judeus, seduzindo reis e povos.
d. Sinais e
prodígios
A obra descreve com precisão medieval os milagres
falsos do Anticristo:
- fogo descendo do céu;
- águas revertendo seu curso;
- mortos aparentemente ressuscitados;
- transformação das naturezas.
Esses sinais, diz Adso, enganarão até os eleitos,
pois serão operações mágicas, não milagres verdadeiros.
e. A
perseguição
O reinado do Anticristo durará três anos e meio,
tempo de tribulação “qual nunca houve sobre a terra”. Ele dominará por terror,
dádivas e prodígios:
- comprará os fracos com ouro e prata;
- matará cruelmente os fiéis que resistirem;
- obrigará os apóstatas a receberem o sinal na fronte, símbolo
de servidão ao demônio.
O último imperador e a
restauração final
Adso
introduz o tema do Imperator Romanorum novissimus,
um rei franco que conservará a autoridade romana até o fim. Este rei, “de
estatura grande e rosto luminoso”, unificará o mundo sob a cruz, converterá
judeus e pagãos e, ao final de seu reinado, deporá a coroa no
Monte das Oliveiras, entregando o império a Cristo — momento em
que o
Anticristo aparecerá.
Essa
figura, inspirada nas Sibyllina e nas tradições pseudo-metódicas,
representa o ideal político-escatológico da cristandade
carolíngia: o império terreno como obstáculo à manifestação plena do mal (“qui tenet
nunc, donec de medio fiat” — II Tess. 2:7).
Elias, Enoque e o juízo
Antes
do fim, Elias
e Enoque retornarão para enfrentar o Anticristo e fortalecer os
fiéis; serão mortos por ele, mas ressuscitarão ao terceiro dia. Em seguida, o
próprio Cristo destruirá o inimigo “spiritu oris sui”,
talvez por meio do arcanjo Miguel, no Monte das Oliveiras —
o mesmo de onde ascendeu aos céus.
Após
a queda do Anticristo, haverá quarenta dias de penitência
concedidos aos enganados, e então virá o Juízo Final.
Estilo e importância
O
tratado é uma peça paradigmática do imaginário escatológico medieval,
misto de catequese e profecia política. Reúne tradição patrística, exegese
literal e alegórica, e o mito do rex christianus que antecede
o fim do mundo.
Sua influência atravessou séculos: inspirou crônicas apocalípticas, sermões e
visões místicas do período otônico e carolíngio, servindo de modelo
para todos os tratados latinos sobre o Anticristo até o século XIII.
Conclusão
Adso
encerra com humildade monástica, dirigindo-se à rainha:
“Ecce,
domina regina, ego fidelis vester, quod praecepistis, fideliter implevi.”
O
De
Antichristo é, assim, mais que um tratado teológico: é um espelho
de realeza e advertência espiritual — uma síntese entre
política sacra, profecia e mística da história, na qual o mal
absoluto é também o último instrumento da Providência.
Obra: Adsonis Abbatis Dervensis – De
Antichristo ad Gerbergam Reginam
Tradução
e estudo: Jardel Almeida
Assistência
filosófica: Sophión
ADSONIS
ABBATIS DERVENSIS — LIBELLUS DE ANTICHRISTO
(O tratado de Adso, abade de Dervensis,
sobre o Anticristo)
Index Capitvm — Índice dos Capítulos
MONITUM PRAEVIUM — Advertência preliminar
— Sobre a autoria e atribuições equivocadas do tratado.
— Relação com Alcuíno, Rábano Mauro e Agostinho.
— A epístola a Gerberga como prova da autoria de Adso.
— Fontes principais do tratado e tradição manuscrita.
EPISTOLA DEDICATORIA AD GERBERGAM
REGINAM — Epístola
dedicatória à Rainha Gerberga
1. Saudação do monge Adso à Rainha.
2. Oração pela prosperidade do reino e da
Igreja.
3. Pedido da Rainha: conhecer a natureza e
os sinais do Anticristo.
4. Declaração da finalidade da carta.
CAPUT I — DE NOMINE ANTICHRISTI
(Do
nome e da oposição do Anticristo a Cristo)
— Por que é chamado “Anticristo”.
— Contraste entre Cristo e o Anticristo.
— Os ministros da infidelidade no mundo.
CAPUT II — DE ORIGINE ET GENERATIONE
ANTICHRISTI
(Da
origem e geração do Anticristo)
— Nascerá da tribo de Dã.
— Natureza de seus pais e concepção demoníaca.
— A imitação infernal da encarnação divina.
CAPUT III — DE LOCO NASCENDI ET
EDUCATIONE EIUS
(Do
lugar do nascimento e da sua educação)
— Babilônia como berço do mal.
— Educação sob magos e demônios.
— Jerusalém e o restabelecimento do Templo de Salomão.
CAPUT IV — DE SIGNIS ET MIRACULIS EIUS
FALSIS
(Dos
sinais e falsos milagres do Anticristo)
— Prodigia e ilusões mágicas.
— Engano até dos eleitos.
— O poder de sedução diabólica.
CAPUT V — DE PERSECUTIONE CHRISTIANORUM
(Da
perseguição aos cristãos)
— Modos de perseguição: terror, dádivas e prodígios.
— O sinal na fronte.
— A grande tribulação de três anos e meio.
CAPUT VI — DE ULTIMO REGE ROMANORUM
(Do
último rei dos Romanos)
— O império cristão e sua função escatológica.
— O rei franco que conservará a dignidade imperial.
— A entrega da coroa no Monte das Oliveiras.
— O advento do Anticristo após a cessação do império.
CAPUT VII — DE DUOBUS TESTIBUS, ELIÁ ET
ENOCH
(Dos
dois testemunhos, Elias e Enoque)
— A vinda dos profetas para combater o Anticristo.
— A morte e ressurreição dos dois.
— O fortalecimento dos fiéis.
CAPUT VIII — DE OCCISIONE ANTICHRISTI
(Da
destruição do Anticristo)
— O juízo de Deus e o advento de Cristo.
— A morte do Anticristo pelo “espírito da boca do Senhor”.
— O papel do Arcanjo Miguel.
— O local de sua queda: Monte das Oliveiras.
CAPUT IX — DE POENITENTIA POST MORTEM
ANTICHRISTI ET FINE TEMPORUM
(Da
penitência após a morte do Anticristo e o fim dos tempos)
— Os quarenta dias de misericórdia.
— Conversão dos seduzidos.
— Preparação para o juízo final.
CONCLUSIO — Conclusão da carta a Gerberga
— Adso declara ter cumprido o pedido da Rainha.
— Disposição para servir-lhe novamente no que ordenar.
MONITUM PRAEVIUM —
Advertência Preliminar
O
doutíssimo André Quercetano inseriu este pequeno tratado, extraído de um antigo
manuscrito pertencente a Jacques Auguste de Thou, nas obras atribuídas ao
bem-aventurado Alcuíno, sob o título “Vida do Anticristo, dirigida a Carlos
Magno”, sem qualquer dúvida de que fosse genuinamente dele. De
fato, essa opinião parecia confirmada pelo manuscrito régio de Paris, número
4411, onde o mesmo tratado aparece com a inscrição: “Incipit Vita
Antichristi ad Carolum Magnum ab Alcuino edita”, conforme
testemunham os editores das obras de Santo Agostinho na Appendix
do volume VI, página 722. A mesma tradição é seguida por João Bale, inglês,
que, em sua Centúria
II dos Escritores da Bretanha, inclui entre os escritos de Alcuíno
um Livro
sobre o Anticristo dirigido a Carlos, cujo início é: Imprimis
illud praecipue.
Entretanto,
nenhum dos eruditos de hoje duvida de que esse tratado, que outrora fora
atribuído a Santo Agostinho por negligência crítica, e mais tarde a Rábano
Mauro e a Alcuíno, seja, na verdade, obra de Adso, monge e
abade do mosteiro de Dervensis (Montier-en-Der). A prova
decisiva veio com a descoberta e publicação, por du Chesne (Scriptores
Historiae Francorum, tomo II, pág. 844), da epístola
dedicatorial de Adso à Rainha Gerberga, esposa de Luís IV o
Ultramarino. Tal epístola foi reproduzida mais amplamente pelos monges de
Saint-Maur, no tomo XI das obras de Santo Agostinho, entre os Addenda
et Corrigenda.
Nessa
carta, Adso, célebre abade, confessa-se autor do tratado, e
declara estar respondendo às perguntas da Rainha Gerberga sobre a impiedade,
poder, perseguição e geração do Anticristo. Sendo ele homem
digno de crédito e piedoso, deve-se crer que o opúsculo não existia antes que
ele o compusesse — isto é, antes do século X.
O
erro de atribuição, contudo, não causa espanto: sabe-se que, nos manuscritos
antigos, era frequente misturar-se em um mesmo volume tratados
de autores diversos, e que os escribas, por conveniência ou
ignorância, atribuíam todo o conjunto ao nome mais ilustre do códice
principal, deixando os apêndices sem título. Assim, muitas
obras menores acabaram sendo incluídas sob o nome de algum Padre célebre.
No
caso particular de Alcuíno, houve uma confusão adicional: o tratado aparece em
diversos manuscritos antigos — no Vaticano nº 6444, pergaminho do século XIII;
no Palatino nº 345, papel do século XV; e em dois códices da Cartuxa de
Axspach, na Áustria — atribuído a um certo “Albinus Magister”
e dirigido não a Carlos Magno, mas a Eriberto, arcebispo de Colônia.
É fácil compreender, portanto, como a semelhança entre os nomes “Albuinus” e
“Albinus” levou copistas descuidados a confundir o eremita
Albuíno com o mestre Alcuíno, muito mais conhecido e venerado.
O
tal Albuíno,
recluso do célebre mosteiro de Gorze no território de
Metz, também compôs uma epístola sobre o Anticristo, dedicada ao mesmo
Eriberto, e cujo texto, de fato, retoma quase literalmente o de Adso,
com poucas variantes. Isso mostra que Albuíno imitou e extraiu
o tratado de Adso, e não o contrário.
A
distinção cronológica elimina qualquer dúvida: Albuíno escreveu após o ano 999,
quando Eriberto foi elevado à sé de Colônia; Adso, ao contrário, compôs seu
tratado antes de 954, data da morte de Luís IV o Ultramarino, a quem Gerberga
ainda era casada. Logo, a prioridade é indiscutivelmente de Adso.
Por
fim, o tratado de Adso é uma compilação fiel das sentenças dos Padres:
Santo Agostinho (De Civitate Dei, livro XX, cap. 11), Rábano
Mauro (In
Apostolum), e Alcuíno (De Trinitate, livro III,
cap. 29*). Segue-se aqui a edição de Quercetano, a mais completa, com variantes
recolhidas de outros manuscritos.
EPISTOLA DEDICATORIA AD GERBERGAM REGINAM —
Epístola Dedicatória à Rainha Gerberga
À
excelentíssima Rainha, adornada de dignidade régia, amada de Deus e venerável a
todos os santos, mãe dos monges e guia das santas, Adso, o menor de
todos os seus servos, deseja glória e paz eterna.
Desde
que alcancei a graça de vossa misericórdia, sempre vos fui fiel em todas as
coisas, como servo dedicado. E embora indignas sejam, diante de Deus, as
orações de um homem como eu, contudo, por vós, por vosso esposo, o rei, e pelos
vossos filhos, imploro a misericórdia divina, pedindo que
Ele vos conserve o império nesta vida e vos conceda reinar com Ele na futura.
Pois, se o Senhor vos conceder prosperidade e longa vida a vós e a vossos
filhos, cremos firmemente que a Igreja de Deus será exaltada
e a ordem
monástica florescerá. Esse é o meu voto e o meu desejo fiel.
Se
pudesse conquistar um reino inteiro por vós, de bom grado o faria; mas, como
isso me é impossível, oro para que a graça de Deus vos preceda em
vossas obras e vos siga em glória, de modo
que, guiada por seus mandamentos, alcanceis a coroa do Reino Celeste.
E
porque tendes o piedoso desejo de escutar as Escrituras, e costumais falar
frequentemente de nosso Redentor, e quisestes saber acerca da impiedade,
perseguição, poder e geração do Anticristo, conforme ordenastes
ao vosso servo, resolvi escrever-vos algo sobre esse tema, para que tenhais
certeza, ainda que possuais junto de vós o sapientíssimo pastor Rorico,
bispo de Laon, espelho da sabedoria e da eloquência, de grande
necessidade em nosso tempo.
CAPUT I — DE NOMINE
ANTICHRISTI
(Do nome e da oposição do Anticristo a
Cristo)
Antes
de tudo, é necessário compreender por que razão ele é chamado Anticristo.
Este nome lhe é dado porque, em todas as coisas, será contrário a Cristo
— não apenas em suas ações, mas também em seu espírito e intenção.
Cristo veio humilde; o Anticristo virá soberbo. Cristo veio para elevar os
humildes e justificar os pecadores; o Anticristo, ao contrário, humilhará os
justos, exaltará os ímpios e ensinará os vícios opostos às virtudes.
Cristo pregou a lei evangélica; o Anticristo a destruirá. Cristo conduziu os
homens ao culto do Deus verdadeiro; o Anticristo restaurará o culto
dos demônios. Cristo buscou a glória do Pai; o Anticristo
buscará apenas sua própria glória, chegando a proclamar-se
onipotente.
Assim,
ele terá muitos ministros e precursores de sua infidelidade — e, de fato,
muitos já o precederam no mundo: Nero, Antíoco, Domiciano e outros tiranos, que
perseguiram a fé e derramaram o sangue dos santos.
Mesmo em nossos tempos, diz Adso, há muitos Anticristos,
pois todo aquele — leigo, clérigo ou monge — que vive contra a justiça, que
despreza a regra de sua ordem, que blasfema contra o bem, é Anticristo
e ministro de Satanás.
Contudo,
deixemos agora os múltiplos e simbólicos inimigos da fé, e vejamos o início
do Anticristo em pessoa. E o que aqui diremos, juro em Cristo,
não o invento de minha própria imaginação, mas o recolho com diligência dos livros
autênticos dos santos doutores.
CAPUT II — DE ORIGINE
ET GENERATIONE ANTICHRISTI
(Da origem e geração do Anticristo)
Segundo
os antigos autores, o Anticristo nascerá do povo judeu,
da tribo
de Dã, conforme a profecia de Gênesis (49,17):
“Seja
Dã como uma serpente no caminho e um basilisco na vereda, mordendo o calcanhar
do cavaleiro, de modo que o cavaleiro caia para trás.”
Assim
como a serpente se coloca no caminho para ferir os que caminham pela vereda da
justiça, assim também o Anticristo se levantará para golpear os justos
com o veneno de sua malícia.
Nascerá,
pois, da união de um pai e de uma mãe, como os outros homens — e não, como
alguns delirantes afirmaram, de uma virgem ou de uma religiosa com um bispo,
mas de
uma prostituta impura e de um homem perverso e cruel.
Será concebido em pecado, gerado em pecado e nascerá em pecado. E já no
princípio de sua germinação — isto é, no momento da concepção — o
diabo entrará no ventre de sua mãe, e ali o alimentará
e perturbará com sua própria força.
O espírito maligno estará sempre com ele, infundindo-lhe poder e ciência
demoníaca, até o momento de sua manifestação.
E
assim como o Espírito Santo desceu sobre o ventre da Virgem Maria, envolvendo-a
com sua virtude e enchendo-a de divindade para que concebesse o Filho de Deus, também
o diabo descerá sobre a mãe do Anticristo, envolvendo-a e
possuindo-a por inteiro — interior e exteriormente — para que, cooperando o
homem e o demônio, ela conceba uma semente profana, e o que nascer seja todo
ímpio, todo mal, todo perdido.
Por isso é chamado “filho da perdição”,
porque, quanto lhe for possível, perderá o gênero humano,
e ele mesmo será perdido no fim.
CAPUT III — DE LOCO NASCENDI ET EDUCATIONE EIUS
(Do lugar de nascimento e da educação do
Anticristo)
Tendo
falado da natureza de seu nascimento, ouçamos agora onde
ele nascerá.
Assim como o Senhor e Redentor nosso escolheu Belém para assumir por nós a
humanidade, também o diabo escolheu para seu filho perverso
— o Anticristo — um lugar conveniente para o brotar de toda iniquidade: a
cidade de Babilônia.
Nessa cidade outrora ilustre e gloriosa, cabeça do reino dos Persas, nascerá o
Anticristo.
E
nas cidades de Betsaida e Corazim
será criado e instruído — aquelas mesmas a que o Senhor lançou censura no
Evangelho:
“Ai
de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!” (Mt 11,21; Lc 10,13).
O
Anticristo terá como mestres magos, adivinhos, encantadores e
necromantes, que, inspirados pelo diabo, o ensinarão todas as
artes da falsidade.
Os espíritos
malignos serão seus companheiros inseparáveis, seus guias e
instrutores.
Depois, virá a Jerusalém, e ali massacrará todos os
cristãos que não se dobrarem diante dele, infligindo-lhes
tormentos diversos.
Restaurará o Templo de Salomão, reconstruindo-o em sua
antiga forma, e nele instalará sua sede,
afirmando ser o Filho do Deus onipotente e o Messias prometido.
Converterá
primeiro reis
e príncipes, e por meio deles submeterá o restante dos povos.
Pelos lugares onde Cristo caminhou, ele também passará, mas
para destruí-los; e enviará por todo o mundo seus
mensageiros e pregadores.
Seu poder e sua pregação se estenderão “de um mar a outro, do oriente ao
ocidente, do norte ao sul”.
CAPUT IV — DE SIGNIS ET MIRACULIS EIUS FALSIS
(Dos sinais e falsos milagres do
Anticristo)
Ele
realizará muitos sinais e prodígios falsos, inauditos e
aterradores:
fará fogo
descer do céu, fará árvores florescerem ou secarem
instantaneamente, mares agitarem-se e logo se acalmarem,
as
naturezas mudarem de forma, os rios inverterem
seus cursos, os ventos sublevarem o ar com
tempestades, e mortos levantarem-se diante dos homens.
Tudo isso fará, para que — se fosse possível — até os eleitos sejam
enganados.
Mas
esses milagres serão mentirosos, não
verdadeiros; obras de ilusão mágica e engano demoníaco.
Assim como Simão,
o Mago, iludiu os olhos dos homens, o Anticristo enganará
as almas com aparência de santidade e poder.
Quando
até os santos e perfeitos virem tais prodígios, hesitarão,
perguntando-se se ele é o Cristo que há de vir no fim dos tempos, ou não.
Mas serão, na verdade, fantasias diabólicas,
feitas por incantação e não por virtude divina — parecendo verdadeiras aos
pecadores e incrédulos, mas sendo falsas em sua essência.
CAPUT V — DE PERSECUTIONE
CHRISTIANORUM
(Da perseguição aos cristãos)
O
Anticristo desencadeará, sob todos os céus, uma perseguição
universal contra os cristãos e todos os eleitos de Deus.
Erguer-se-á contra os fiéis de três modos: pelo terror,
pelas dádivas
e pelos milagres.
Aos
que acreditarem nele, distribuirá riquezas e tesouros —
ouro e prata em abundância — pois, segundo os antigos doutores, nos
dias de seu poder todos os tesouros escondidos da terra serão revelados.
Aqueles, porém, que não puder corromper com presentes, procurará vencer pelo
medo; e os que não puder submeter nem com o medo, nem com os dons, tentará
seduzir com sinais
e prodígios falsos.
Mas os que resistirem a todas as suas artes e enganos, ele torturará
cruelmente diante de todos, e os matará por morte
terrível e miserável, crucificando, queimando, dilacerando ou
lançando-os às feras.
Então
haverá uma tribulação
tão grande, como nunca houve desde o princípio das nações até
aquele tempo, conforme disse o Senhor no Evangelho (Mt 24,21).
Naqueles dias, quem estiver no campo fugirá para os montes, dizendo: “Caí sobre
nós, montes; cobri-nos, colinas.”
E quem estiver sobre o teto, não descerá para buscar algo em sua casa, mas se
entregará, preferindo morrer a negar o nome de Cristo.
Nesse
tempo, todo
cristão fiel que for encontrado será posto à prova: ou negará a
Deus e se tornará apóstata, ou, permanecendo firme na fé, morrerá pela espada,
pelo fogo, pelos venenos, pelas feras, ou por qualquer outro gênero de tormento.
Assim se cumprirá a palavra: “Será abreviado o tempo por causa dos
eleitos; porque, se o Senhor não abreviara os dias, nenhuma carne se salvaria.”
(Mt 24,22)
A
duração dessa tribulação será de três anos e meio — tempo
em que o Anticristo reinará sobre toda a terra e atormentará os santos de Deus.
O
Apóstolo Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, indicou claramente este
período:
“O
dia do Senhor não virá sem que antes venha a apostasia e se revele o homem do
pecado, o filho da perdição” (II Tes 2,3).
Sabemos,
pela sucessão das potências, que, depois do império dos Gregos e dos Persas —
cada qual florescente em seu tempo com grande glória e força — surgiu, por fim,
o império
dos Romanos, o mais poderoso de todos, que submeteu sob seu
domínio todas
as nações da terra e as fez tributar-lhe obediência.
Diz
o Apóstolo, portanto, que o Anticristo não virá antes que tenha
cessado completamente o império romano: isto é, antes que todos
os reinos do mundo se separem da obediência a Roma.
E ainda que hoje vejamos o poder romano em ruínas, enquanto durar o
reino dos Francos — que detém legitimamente a dignidade imperial — o império
romano não perecerá por inteiro.
A autoridade romana subsiste, portanto, na pessoa dos reis cristãos
que governam segundo a fé.
Os
antigos mestres transmitem uma profecia, segundo a qual um
dos reis dos Francos há de conservar o império romano até o fim
dos tempos.
Será ele o maior de todos os reis e também o último.
Governará com sabedoria e justiça; e, ao término de seu reinado, irá
a Jerusalém, onde, no Monte das Oliveiras,
depositará o
cetro e a coroa, entregando o reino a Deus Pai e a seu Filho
Jesus Cristo.
Esse
ato será o fim
e a consumação do império romano e cristão, conforme o que
disse o Apóstolo: “E então será revelado o homem do pecado.”
Logo após a deposição da coroa, manifestar-se-á o Anticristo,
o qual, embora homem, será fonte de todos os pecados;
“filho da perdição”, isto é, filho do diabo — não por natureza, mas por
imitação, pois cumprirá toda a vontade do maligno.
A
plenitude do poder diabólico e toda a astúcia maliciosa habitarão
corporalmente nele, e nele estarão escondidos todos
os tesouros da iniquidade.
Será adversário
de Cristo e de todos os membros do Corpo de Cristo.
Exaltar-se-á acima de tudo o que se chama Deus — isto é, acima dos santos, a
quem o Salmo chama de deuses (“Eu disse: vós sois deuses”), e também acima de
todos os deuses gentílicos: Júpiter, Mercúrio, Apolo, Hércules, e quaisquer
outros que os pagãos adoraram.
Sobre
todos esses ele se erguerá em soberba,
fazendo-se maior e mais poderoso, e não apenas sobre eles, mas também sobre
a própria Trindade, que é o único Deus digno de culto e
adoração.
De tal modo se exaltará, que se sentará no templo de Deus,
mostrando-se e dizendo-se Deus.
CAPUT VI — DE ULTIMO REGE ROMANORUM
(Do último rei dos Romanos)
Como
já dissemos, ele nascerá na Babilônia e, vindo a Jerusalém, circuncidará
a si mesmo, dizendo aos judeus:
“Eu
sou o Cristo prometido, que veio para vos salvar e reunir o que estava disperso.”
Então
os judeus acorrerão
a ele, crendo receber o Messias e, em vez disso, receberão
o diabo.
E assim se cumprirá o que o Senhor lhes dissera:
“Eu
vim em nome de meu Pai e não me recebestes; se outro vier em seu próprio nome,
a esse recebereis.” (Jo 5,43)
Nos
versos das sibilas se lê que, no tempo desse rei, cujo
nome começará pela letra C, rei dos Romanos e de todo
o império, de grande estatura, aspecto formoso e rosto resplandecente, haverá riquezas
e abundância sobre a terra, de modo que o trigo, o vinho e o
óleo se venderão por um só denário.
Mas
então surgirão
do norte as gentes imundíssimas, Gog e Magog, as mesmas que o
rei Alexandre aprisionara.
Esses povos, diz o texto, são vinte e dois reinos — ou, segundo outros, doze —
numerosos como a areia do mar.
Ao saber disso, o rei dos Romanos reunirá seu exército e os
destruirá completamente, exterminando-os até o último.
Esse
rei terá sempre diante dos olhos a Escritura que diz:
“O
rei dos Romanos possuirá para si todos os reinos da terra.”
Devastará
as ilhas e as cidades, destruirá os templos dos ídolos, e chamará
todos os pagãos ao batismo.
Por toda parte será erguida a cruz de Cristo, e até os
judeus se converterão ao Senhor.
Cumprir-se-á, então, o que está escrito:
“Naqueles
dias, Judá será salvo, e Israel habitará confiante.” (Jr 23,16)
E
depois que seu reinado tiver durado cento e doze anos — ou, conforme outros,
doze — virá a Jerusalém e ali, no Monte das Oliveiras, deixará
o diadema e entregará o reino cristão a Deus Pai e ao Filho.
Seu sepulcro será glorioso, e com ele cessará o poder temporal dos reis
cristãos.
Logo
depois desse ato de entrega, surgirá o Anticristo em sua plenitude.
CAPUT VII — DE DUOBUS
TESTIBUS, ELIÁ ET ENOCH
(Dos dois testemunhos: Elias e Enoque)
Naqueles
dias, antes da plena destruição do Anticristo, serão enviados ao
mundo dois grandes profetas, Elias e Enoque,
para preparar
os fiéis e fortalecê-los com armas espirituais contra o ímpio
perseguidor.
Esses dois homens — que, segundo a Escritura, não conheceram a morte e foram
conservados em corpo para testemunhar no fim dos tempos — virão vestidos
de cilício, com poder de Deus, pregando, instruindo
e exortando os cristãos à perseverança na fé.
Converterão
à graça da fé os filhos de Israel que estiverem ainda dispersos,
e, por sua doutrina, fortificarão os eleitos
para resistirem à tempestade da perseguição.
Durante três
anos e meio, ensinarão abertamente, pregando o Cristo
verdadeiro e desmascarando o impostor, e prepararão os fiéis para o combate
espiritual.
E então se cumprirá a Escritura que diz:
“Ainda
que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, um resto será
salvo.” (Rm 9,27)
Mas
quando tiverem cumprido sua missão e completado sua pregação, o
Anticristo se levantará contra eles, inflamado de ira, e os
matará — como está escrito no Apocalipse
(11,7):
“Quando
tiverem acabado o seu testemunho, a besta que sobe do abismo fará guerra contra
eles, os vencerá e os matará.”
Seus
corpos ficarão expostos em praça pública diante dos povos incrédulos; os ímpios
se alegrarão com sua morte e trocarão presentes entre si, dizendo: “Esses dois
profetas atormentavam os habitantes da terra.”
Mas ao
terceiro dia, por virtude divina, eles ressuscitarão
diante de todos, e subirão ao céu em uma nuvem,
enquanto uma grande voz proclama do alto:
“Subi
para cá.”
Então
muitos crerão, e o terror cairá sobre os que contemplarem essa glória.
Contudo, o Anticristo, endurecido e furioso, voltará sua
perseguição contra todos os fiéis restantes, e os que não puder
converter fará
apóstatas pelo engano, ou mártires pela espada.
E todos os que o reconhecerem como senhor receberão o sinal de sua marca
na fronte, sinal de morte eterna e escravidão espiritual.
CAPUT VIII — DE OCCISIONE ANTICHRISTI
(Da destruição do Anticristo)
Depois
que o Anticristo tiver perseguido os santos por três anos e meio, e tiver
espalhado suas iniquidades por toda a terra, virá sobre ele o
juízo de Deus, conforme o que está escrito pelo Apóstolo:
“A
quem o Senhor Jesus destruirá com o sopro de sua boca e aniquilará com o
esplendor de sua vinda.” (II Tess 2,8)
A
glória do advento de Cristo será tão intensa que o Anticristo
perecerá de pavor, contaminado e abatido diante do brilho da
luz divina.
Os doutores ensinam — diz Adso — que o Arcanjo Miguel o ferirá
pela virtude do Senhor, no Monte das Oliveiras,
no mesmo lugar de onde Cristo ascendeu aos céus.
Assim se cumprirá o que o bem-aventurado Gregório escreve:
“Sem
mão humana será destruído, porque não será pela luta dos anjos nem pelo combate
dos santos, mas pelo poder do Juiz, com o sopro de sua boca, que será ferido de
morte eterna.” (Moralia, XXXII, 15)
E
também o que ensina São Jerônimo:
“Então
virá o Anticristo até o cume do monte que se chama Olivete — o mesmo de onde o
Salvador subiu ao Pai — e ali perecerá, pois o Senhor se levantará contra ele.”
(In
Danielem, XI,45)
Alguns
interpretam que Cristo, vindo em juízo, o destruirá por sua própria
presença; outros, que Miguel o fará perecer em nome do Senhor.
Ambas as opiniões são verdadeiras: porque, se Miguel o ferir, será pela ordem e
virtude de Deus; se Cristo o aniquilar diretamente, o fará por justiça de sua
divindade.
CAPUT IX — DE POENITENTIA POST MORTEM
ANTICHRISTI ET FINE TEMPORUM
(Da penitência após a morte do
Anticristo e o fim dos tempos)
Não
virá imediatamente o juízo final após a morte do Anticristo.
Segundo os doutores, o Senhor concederá ainda quarenta dias
de graça, para que aqueles que foram seduzidos pelo
engano possam arrepender-se e retornar à penitência.
Esses dias serão dados por misericórdia, para que muitos, reconhecendo o erro
em que caíram, possam buscar o perdão antes do julgamento.
Depois
que esse tempo se cumprir, o Senhor revelará o dia que determinou desde os séculos
para julgar
o mundo pelo fogo, conforme a sua disposição eterna.
Ninguém sabe o momento exato, pois permanece oculto no desígnio de Deus, que
“há de vir como ladrão na noite”.
E
então se cumprirá o que ensinam os Padres:
“O
Senhor virá em glória para julgar os vivos e os mortos, e o mundo será
purificado pelas chamas.”
Alguns
Padres — Santo Agostinho em suas Homilias sobre os Dormientes
e São Jerônimo em sua Epístola sobre as Sete Trombetas — tratam desse
juízo com maior clareza, dizendo que os justos serão reunidos aos anjos,
e os ímpios, lançados ao fogo eterno.
Assim,
pois, quando o Anticristo for destruído e os arrependidos purificados, chegará
o fim dos tempos, e o mundo presente passará, para que surja o
Reino eterno de Cristo e dos seus.
CONCLUSIO — Epilogus ad Reginam Gerbergam
(Conclusão da carta à Rainha Gerberga)
Eis,
senhora e rainha piedosíssima, que vosso servo fiel cumpriu
fielmente o que lhe ordenastes.
Escrevi, segundo minha pequena ciência, o que os santos Padres ensinaram sobre
o nascimento,
a vida, os sinais, a perseguição e o fim do Anticristo.
E declaro-me pronto, com humildade e obediência, a executar tudo o mais
que fordes servida ordenar.
“Ecce, domina regina, ego fidelis
vester, quod praecepistis, fideliter implevi; paratus de caeteris obedire, quae
fueritis dignata imperare.”
(Sobre o Autor, a Obra e sua Dimensão Teológica)
Quando me debruço sobre as páginas do De
Antichristo, percebo não um tratado de superstição, mas um mapa do
temor cristão.
Adso, o abade de Dervensis, escreveu movido pela obediência e pela piedade; mas
o que lhe brotou da pena foi um espelho do século X, onde a fé vacilava
entre a queda dos impérios e o rumor do Juízo.
Ele não fala ao povo, mas a uma rainha — Gerberga, esposa de um rei
vacilante e irmã de um imperador germânico —, e sua carta é tanto aconselhamento
espiritual quanto profecia política.
O Anticristo, aqui, não é apenas o “inimigo de
Cristo”; é a inversão perfeita do Verbo, o reflexo invertido de cada virtude.
Em Adso, o mal não tem autonomia: ele é a sombra necessária do bem, o
ponto onde a Providência permite que a história se feche sobre si mesma.
Tudo o que Cristo fez, o Anticristo imita em paródia: o nascimento, a missão,
os milagres, a assembleia dos apóstolos, até o sacrifício.
E como o Espírito Santo desceu sobre o ventre da Virgem, assim o demônio
descerá sobre o ventre da prostituta — porque a história, ao fim, é o
espelho de um só Mistério, invertido pelo orgulho.
A visão de Adso une duas linhas mestras do
pensamento medieval:
a primeira, agostiniana, vê o Anticristo como símbolo moral, presente em
todo tempo, no coração de cada tirano ou falso doutor;
a segunda, monástica e literal, herdeira da tradição apocalíptica
oriental, o reconhece como figura histórica que virá ao final dos tempos.
Adso une ambas numa só doutrina: cada geração o prenuncia, mas apenas
uma o verá.
Há, no centro do tratado, um episódio de sublime
valor teológico: o do último rei dos Romanos, que depõe sua coroa no
Monte das Oliveiras.
Nessa imagem, o império — que em Roma nascera pagão e em Carlos Magno se fez
cristão — cede o cetro à realeza de Cristo.
É o momento em que o poder político se ajoelha diante da realeza espiritual: a
monarquia temporal devolvendo o mundo ao seu princípio.
Em Adso, portanto, a história não é tragédia, mas liturgia cósmica; o
Anticristo é o sacerdote do caos, necessário para que a ordem se revele.
Essa leitura exige um olhar teológico e outro
histórico.
Teologicamente, o De Antichristo é síntese de toda escatologia
patrística, de Agostinho a Gregório Magno, e o ponto de partida da
iconografia medieval do fim.
Historicamente, ele ecoa o medo carolíngio do colapso — o fim de um mundo de
reinos divididos e abadias em ruína.
Adso escreve às portas do milênio, e sua pena treme entre o temor e a
esperança: temor do homem que vê o mal crescer dentro da Igreja; esperança
do monge que sabe que o mal, por ser permitido, será vencido.
Traduzir Adso é, portanto, reencontrar uma
linguagem anterior à fragmentação moderna — uma língua onde os símbolos
ainda tinham corpo e a história ainda era teologia.
Sua doutrina não é superstição, mas a intuição de que toda a humanidade
marcha, consciente ou não, rumo a uma crise última, na qual cada homem deve
escolher:
seu Cristo, ou seu espelho.
Esta tradução foi realizada diretamente dos textos
latinos da Patrologia Latina, cotejando as variantes de Quercetanus, dos
códices Regius e Vaticanus, e dos fragmentos de du Chesne.
Preserva-se aqui a estrutura integral do tratado, com títulos bilíngues e texto
fluido, fiel ao sentido do original.
O objetivo não é atualizar o medo, mas restaurar a visão teológica da
história, tal como Adso a compreendeu:
como uma liturgia do tempo, em que cada era é uma missa, e cada reino,
um altar onde se decide a sorte do mundo.
Jardel Almeida
Tradução e estudo introdutório
Sophión
Assistência filosófica e editorial

Nenhum comentário:
Postar um comentário